Estrelado por Myra Ruiz, espetáculo se posiciona contra o estereótipo que há anos atormenta a vida de mulheres de cabelos dourados, tidas como menos inteligentes
Por Ubiratan Brasil
A atriz Marilyn Monroe (1926-1962) tinha um quociente de inteligência (QI) de 165, superando o cientista Albert Einstein em cinco pontos. A inteligência da atriz era ainda superior à de Stephen Hawking, o físico teórico, astrofísico, cosmólogo e comunicador científico britânico, conhecido pelas suas teorias sobre buracos negros, que tinha um QI de 152.
Marilyn era uma leitora apaixonada pelos clássicos. Sua biblioteca pessoal contava com mais de 400 livros, obras de Gustave Flaubert, James Joyce, Walt Whitman, Liev Tolstói, Ralph Ellison e outros grandes gênios da literatura.

Mesmo assim, a imagem que marca a figura de Marilyn até hoje foi sedimentada pelo cinema: a da loira sexy e burra, que seduz milionários e tem dificuldades com o idioma. O estereótipo continua, há anos, atormentando a vida de mulheres de cabelos dourados, tidas como menos inteligentes. No Brasil, o preconceito sobrevive graças a uma mentalidade branqueadora.
É justamente para desmistificar essa imagem errada que foi criado o espetáculo Legalmente Loira – O Musical, em cartaz no Teatro Claro SP. A história é baseada em um filme de sucesso de mesmo nome, estrelado em 2001 por Reese Witherspoon.

A trama acompanha Elle Woods (interpretada por Myra Ruiz) é uma típica patricinha loira, estudante de moda e membro de irmandade. Ela espera ser pedida em casamento pelo namorado rico, Warner Huntington III (Renan Rosiq), mas ele desfaz o namoro, dizendo que quer ir estudar Direito em Harvard, onde, segundo ele, poderá se “casar com uma Jackie (Kennedy), não uma Marilyn”.
Cansada de sofrer com o estereótipo da futilidade, Elle resolve entrar para a mesma faculdade de Direito e provar que inteligência não depende de aparências. Ao final, Elle supera estereótipos contra loiras e triunfa como uma advogada de sucesso.

Baseado no livro de Amanda Brown, Legalmente Loira ganhou os palcos da Broadway em formato musical em 2007, sendo indicado em sete categorias do Tony Awards e em dez categorias do Drama Desk Awards.
Quando estreou nos palcos americanos e ingleses, o musical ganhou críticas positivas. Benedict Nightingale escreveu no The Times: “Vamos ignorar algumas músicas esquecíveis e dar as boas-vindas à dança que abrange tudo, desde pular cordas até a paródia de Riverdance. Vamos saborear o apoio de um coro grego falso vestido como líderes de torcida e da presença de dois cachorros na história. Vamos concordar que Legalmente Loira é divertido”.
Na montagem brasileira, Myra Ruiz, uma das principais intérpretes do musical brasileiro, aumenta sua coleção de papéis bem sucedidos. Depois de Evita em Evita Open Air, Elphaba em Wicked e Sra. Wormwood em Matilda, ela consegue unir com humor a crítica à futilidade mas também contra o preconceito.

O elenco se completa com Hipólyto (no papel de Emmett Forrest), Leilah Moreno (Paulette Bonafonté), Danilo Moura (Professor Callahan), Gigi Debei (Vivienne Kensington) e Amanda Döring (Brooke Wyndham). A direção geral é do canadense John Stefaniuk, que uma vez mais trabalha em uma produção do Instituto Artium de Cultura e Atelier de Cultura.
Serviço
Legalmente Loira – O Musical
Teatro Claro SP – Shopping Vila Olímpia. R. Olimpíadas, 360
Quarta à sexta-feira, 19h30. Sábado e domingo, 15h e 19h30. R$ 19,80 / R$ 370
Legalmente Loira – O Musical é apresentado pelo Ministério da Cultura e pela Brasilprev, tem patrocínio da Momenta e apoio da PremieRpet, SegurPro, Rio Branco, Radisson Blu São Paulo e Dona Deôla.
Até 8 de setembro