Evento, encerrado no domingo, dia 6, contou com mais ações que integraram públicos diversos em uma programação plural e acessível
Por Ubiratan Brasil*
CURITIBA – O 33º Festival de Curitiba terminou no domingo, 6, com números expressivos e ganhos significativos. Durante 14 dias, o evento de artes cênicas da capital paranaense atraiu mais de 200 mil pessoas em teatros, praças, ruas e espaços alternativos da cidade. Houve ainda um aumento no número de espetáculos com audiodescrição, a consolidação da tour tátil em que pessoas cegas acessam a dramaturgia de forma sensorial e ainda a realização de sete espetáculos em Libras, incluindo três voltados ao público infantil.
“O mote do festival é ser para todos”, disse Leandro Knopfholz, que dirige o evento ao lado de Fabíula Passini. “O Festival de Curitiba apresenta, para a cidade, para o Brasil e para quem se interessa por arte, as inúmeras possibilidades que ela traz, atingindo todos e cada um.” A diversidade chamou atenção de curadores de 12 festivais brasileiros, além de representantes da Argentina e dos Estados Unidos. “Nossa curadoria tem o objetivo de alcançar o Brasil como um todo e trazer para cá pessoas que não são vistas pelo resto do país”, afirmou Fabíula.

A impressão foi compartilhada por artistas. “Faço peças de teatro só para vir para o festival”, disse, entre sério e brincalhão, o ator Gregório Duvivier, cujo monólogo O Céu da Língua praticamente lotou todas as sessões no Teatro Guaíra, com capacidade para 2.180 pessoas. Durante cerca de 70 minutos, ele discorre sobre curiosidades a respeito do idioma falado no Brasil e em outros oito países, cujas diferenças inspiram comentários engraçados. “Minha intenção é fazer com que as pessoas descubram a própria língua“, comentou.
Também capaz de lotar o Guairão em suas quatro sessões, a dupla Heloísa Périssé e Marcelo Serrado trouxe sua comédia O Avesso do Avesso, conjunto de esquetes escritos por vários escritores e com um tema único: as particularidades da relação amorosa. “Fazia tempo que queríamos trabalhar juntos e, quando surgiu a oportunidade, buscamos textos curtos que fossem não só bem humorados, mas que também trouxessem uma malícia inteligente”, comentou Heloísa.

Ela sempre é homenageada por Serrado ao final de entrevistas e mesmo no encerramento do espetáculo. “Essa peça marca o retorno de Heloísa depois de cinco anos, período em que ela tratou de um câncer”, conta o ator, lembrando do tumor nas glândulas salivares diagnosticado em 2019. Ela se curou após um tratamento que incluiu cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
O Festival de Curitiba contou ainda, como é tradicional, com diversos espetáculos montados ao ar livre em espaços públicos. Um dos destaques, a peça de rua A Velocidade da Luz, foi encenada no ano passado em Santos, durante o Festival Mirada, organizado pelo Sesc.

Dirigido pelo argentino Marco Canale, o espetáculo aborda temas como envelhecimento e diversidade e acontece com a participação de pessoas idosas, que contam suas memórias e suas relações com a cidade onde vivem – no caso, Curitiba. Para isso, o público, dividido em grupos, passeia por pontos significativos da cidade, onde conhecem esses moradores. O final reuniu todas as pessoas, na Praça Santos Andrade, especificamente na escadaria da Universidade Federal do Paraná.
*O editor viajou a Curitiba a convite do festival