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“Alice de Cor e Salteado” fala de luto e do poder transformador da imaginação

Sinopse

Musical inspirado em “Alice no País das Maravilhas” trata do conflito entre inocência e maturidade, tema forte que ressoa especialmente entre adolescentes e jovens adultos

Por Ubiratan Brasil (publicada em 6 de junho de 2025)

Durante a Segunda Guerra Mundial, a menina Alice Spencer é obrigada a se refugiar em uma estação do metrô de Londres durante um bombardeio aéreo. Ela está acompanhada de seu amigo Alfred, que sofre de tuberculose. Lá, eles vão encontrar pessoas que também padecem da incerteza da sobrevivência em meio a um conflito que parece não ter fim.

Esse é o mote do musical Alice de Cor e Salteado, que chega no Teatro Estúdio a partir do dia 7 de junho. Com música de Duncan Sheik e letras de Steven Sater – os mesmos do musical O Despertar da Primavera -, o espetáculo tem o clássico Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, como ponto de partida. Mas segue caminhos mais aprofundados.

O elenco do musical Alice de Cor e Salteado. Foto Priscila Prade

“Alice quer permanecer no mundo de sua infância, mas precisa enfrentar a realidade. Esse conflito entre inocência e maturidade é um tema forte que ressoa especialmente com adolescentes e jovens adultos. Embora muitas adaptações de Alice no País das Maravilhas existam, poucas exploram a história com uma abordagem tão introspectiva e emocional”, reflete o diretor Gustavo Barchilon.

Assim, ao mergulhar cada vez mais no País das Maravilhas, ela se vê confrontada por desafios e personagens que refletem seus medos, sua perda e sua necessidade de amadurecer. A história se desenrola como uma jornada de autodescoberta, na qual a menina precisa aprender a deixar o passado para trás e encontrar uma nova forma de seguir em frente.

Nesta nova ambientação, os personagens do clássico de Lewis Carroll aparecem em cena sob novas roupagens: os soldados, enfermeiros e pacientes do abrigo antibombas assumem os papéis do Chapeleiro Maluco, Gato de Cheshire, Rainha de Copas etc. Isso cria um efeito da realidade misturada com fantasia.

Diego Montez e Gabi Camisotti estão no musical Alice de Cor e Salteado. Foto Priscila Prade

“A versão brasileira é diferente das demais”, comenta Barchilon. “O palco é em formato de arena, buscando uma experiência mais imersiva, e buscamos fazer algo como meta teatro, com repetição de frases, algo comum no teatro do absurdo, com Beckett e Ionesco. E isso com o consentimento dos criadores: Steven disse que eu podia mexer à vontade, o objetivo é fazer a plateia se emocionar.”

Alice de Cor e Salteado é uma poderosa metáfora sobre a resiliência, a dor da despedida e da morte, o luto e o poder transformador da imaginação. “É o poder de sonhar em meio ao caos”, comenta Gabi Camisotti, que interpreta Alice e, ao lado do sócio Diego Montez, que vive Alfred, comanda a produtora Moca, responsável pela realização do espetáculo. “Há muita ludicidade para compensar as perdas que eram comuns naquela época de guerra.” Montez concorda: “O sensorial é mais importante que a explicação exata”.

Com a fuga de Alice para um mundo mais onírico, os atores vivem ao menos dois papeis, que seriam o da vida real e a personificação de um dos personagens do País das Maravilhas. Assim, Montez interpreta também o Coelho apressado. “Esse desdobramento é uma forma de desconstrução do correto”, comenta Renan Mattos, que personifica Harold Pudding e também o Chapeleiro Maluco. “Ele é, naquele grupo, o único que foi à guerra, que viu pessoas sendo assassinadas. É o anti-herói e ainda quebra com a ludicidade de Alice ao lhe dizer: ‘Acorda’.”

Gabi Camisotti com o elenco de Alice de Cor e Salteado. Foto Priscila Prade

E, como ainda ressalta o diretor, diferentemente de outras versões do clássico, a cenografia (de Cecilia Simões) e os figurinos (Luisa Galvão) da nova montagem mesclam a escuridão da guerra com a vivacidade do País das Maravilhas, criando um visual não tão colorido extravagante, mas melancólico e intimista, com um tom expressionista.

A direção musical é de Gui Leal, que identifica um personagem inesperado. “Além de Alice e Alfred, o violoncelo também tem uma presença muito marcante”, comenta. O elenco é formado ainda por Yasmin Gomlevsky, Valeria Barcellos, Bruna Pazinato, Thales César, Jessé Scarpellini, João Victor, Bruno Sigrist, João Ferreira, Helena Bastos e Mô Amaral.

Serviço

Alice de Cor e Salteado

Teatro Estúdio. Rua Conselheiro Nébias, 891

Sextas, sábados e segundas, 20h30. Domingos: Dia 8 de junho, 16h. 15 a 29 de junho, 18h30. 6 de julho a 3 de agosto, 16h. R$ 140

Até 4 agosto (estreia 7 de junho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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