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Teatro: veja as peças que prorrogaram temporada

Sinopse

Opções vão desde musicais como “Rita Lee” e “Legalmente Loira” a grandes produções de prosa como “Órfãos” e “Todas as Coisas Maravilhosas”

Por Ubiratan Brasil

Com as temporadas cada vez mais curtas das peças nos teatros de São Paulo, é um alívio quando algumas produções anunciam uma prorrogação, por menor que seja. Assim, os espetáculos podem apostar mais no boca-a-boca (sistema infalível de divulgação) e o público pode ter a chance que escapou. Veja a lista de algumas produções que prorrogaram atenção ou vão continuar sua temporada em outro teatro:

Órfãos

Escrita pelo americano Lyle Kessler, Órfãos foi montada originalmente em 1983 e vem ganhando seguidas versões pelo mundo. “É uma fábula e o que me tocou é a história de dois irmãos órfãos que sequestram um homem misterioso e acabam descobrindo o afeto”, conta Lucas Drummond, que continua em cartaz no Teatro Faap.

Ele vive Phillip, jovem que é criado pelo irmão mais velho, Treat (Rafael Queiroz) que, alegando que o rapaz tem uma misteriosa doença, o impede de sair de casa. Assim, enquanto Phillip passa o tempo assistindo televisão e criando sonhos, Treat ganha o sustento promovendo diversos furtos pela cidade de Filadélfia, onde vivem. Até o dia em que ele conhece Harold (Ernani Moraes), um misterioso homem de negócios que, embriagado, é levado para a residência dos dois irmãos. O objetivo de Treat é simular um sequestro e faturar um resgate. O que os irmãos não esperam é a forma como Harold vai transformar suas vidas.

Teatro FAAP. Rua Alagoas, 903 – Higienópolis
Quartas e quintas, 20h. R$ 120
Até 26 de setembro

Rafael Queiroz, Ernani Moraes e Lucas Drummond em Órfãos. Foto Costa Blanca

Todas as Coisas Maravilhosas

A atuação de Kiko Mascarenhas emociona o público ao falar sobre temas como depressão e suicídio com uma delicadeza sem fim. A história é sobre um menino que, aos seis anos de idade, descobre que sua mãe sofre de depressão e passa a deixar papeizinhos pela casa com listas de coisas maravilhosas existentes no mundo, para que ela recupere o ânimo e a vontade de viver.

Ao longo da apresentação, o artista recria o universo deste personagem, quando criança, e também as memórias que surgem conforme ele vai crescendo. Com texto dos ingleses Duncan MacMillan e Joe Donahuer e direção de Fernando Philbert, Todas as Coisas Maravilhosas vai costurando uma relação cheia de dor e amor, com destaque para os pequenos detalhes do dia a dia.

O público se emociona com uma atuação que é um elogio à vida e à redescoberta das pequenas alegrias que podem redesenhar a existência.

Teatro Tucarena. Rua Monte Alegre, 1024 (Entra pela Rua Bartira). Tel. (11) 3177-5555
Sexta e sábado, 21h. Domingo, 17h. R$ 100
Até 29 de setembro

Cena de Todas as Coisas Maravilhosas. Foto Luciana Mesquita

Rei Lear

Existia um mito no teatro, até bem pouco tempo atrás, que, para encenar o Rei Lear, de William Shakespeare, era necessário um ator maduro, quase um octogenário. O espetáculo da Cia Extemporânea evidencia as similaridades entre a arte drag e a tragédia shakespeariana propondo uma discussão sobre o ato político presente em uma das personagens centrais.

O elenco reúne em cena nove artistas drag queens e a protagonista é Alexia Twister, com seus 44 anos. Assim como a dramaturgia do bardo inglês traz em muitas de suas obras uma mistura entre a tragicidade e a comicidade, o espetáculo se propõe a ir além do engraçado em que já estamos habituados a ver no registro das drags. “Vamos do cômico ao trágico, do performático ao teatrão, às vezes dentro de uma mesma cena”, pontua a diretora Ines Bushatsky

Depois de ocupar o Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, Rei Lear segue agora para o Teatro Alfredo Mesquita e, melhor, com ingressos gratuitos.

Teatro Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1770.
Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h. Grátis
De 5 a 29 de setembro

Elenco de Rei Lear, da Cia. Extemporânea. Foto Mariana Chama

Quase Infinito

O ator e dramaturgo João Paulo Lorenzon e o diretor Elcio Nogueira Seixas se reencontraram para montar mais uma peça inspirada no universo do renomado escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Trata-se do solo Quase Infinito.

Escrita em cinco atos, a peça nasceu das inquietações vividas pela humanidade – e pelos próprios alunos de teatro de Lorenzon – em meio ao isolamento social e à impiedosa quantidade de vidas perdidas nesse período. A peça representa alguns dos grandes enfrentamentos da condição humana inspirados pelo universo de Borges. 

São eles: os confrontos com a tentação do ódio; com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; com a incomunicabilidade; e com as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos a cada novo dia. A dramaturgia é construída a partir de uma série de situações que revelam esses enfrentamentos.

Em um dos atos, por exemplo, um matador corre sobre um trem em movimento, buscando alguém por entre os vagões para derramar seu ódio, como um ser torturado pela máquina de seus desejos, manias e vícios. Em outro, um palhaço enroscado numa corrente é sugado para dentro do buraco negro do nada, como um Prometeu acorrentado à rocha de seu crânio, e luta contra o esvaecimento do mundo. 

Teatro Faap. Rua Alagoas, 903 – Higienópolis
Sextas e sábado, 20h30. Domingos, 18h. R$ 120
Até 22 de setembro

João Paulo Lorenzon em Quase Infinito. Foto Maurizio Mancioli

Legalmente Loira – O Musical

Inspirado na franquia cinematográfica com Reese Witherspoon, Legalmente Loira foi adaptada para os palcos em um musical de sucesso internacional e trouxe para o Brasil trazendo uma reflexão sobre o empoderamento feminino e a misoginia. Myra Ruiz protagoniza o espetáculo como Elle Woods, interpretada por Witherspoon no cinema. 

A trama acompanha Elle Woods, uma típica patricinha loira, estudante de moda e membro de irmandade. Ela espera ser pedida em casamento pelo namorado rico, Warner Huntington III (Renan Rosiq), mas ele desfaz o namoro, dizendo que quer ir estudar Direito em Harvard, onde, segundo ele, poderá se “casar com uma Jackie (Kennedy), não uma Marilyn”.

Cansada de sofrer com o estereótipo da futilidade, Elle resolve entrar para a mesma faculdade de Direito e provar que inteligência não depende de aparências. Ao final, Elle supera estereótipos contra loiras e triunfa como uma advogada de sucesso.

Teatro Claro SP. Shopping Vila Olímpia – R. Olimpíadas, 360
Quarta à sexta-feira, 19h30. Sábado e domingo, 15h e 19h30. R$19,80 / R$370
Até 6 de outubro

Cena de Legalmente Loira – O Musical. Foto Bia Capelas

Rita Lee – Uma Autobiografia Musical

Um dos maiores sucessos da temporada nos palcos paulistanos, Rita Lee – Uma Autobiografia Musical teve sempre seus ingressos vendidos com antecipação, prova da força das palavras e das canções da cantora e compositora.

Inspirado em um bestseller, Rita Lee – Uma Autobiografia (Globo Livros), o espetáculo temas delicados, como quando Rita narrou a violência sexual que sofreu com 6 anos, quando um homem colocou uma chave de fenda em seu sexo. No livro, além de lembrar quando despontou, aos 19 anos, no meio musical com Os Mutantes, passando pela consagração nacional com a banda Tutti Frutti (1973) até a fama internacional já ao lado do marido Roberto de Carvalho, ela detalhou a infância e a juventude vividas em São Paulo.

“A existência de Rita transformou uma geração, abriu caminhos artísticos e na sociedade e faz muita gente feliz”, comenta a atriz Mel Lisboa, que interprete a cantora com incrível desenvoltura. O espetáculo tem roteiro e pesquisa de Guilherme Samora, direção de Marcio Macena e Débora Dubois e direção musical de Marco França e Marcio Guimarães.

Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos. Telefone (11) 3366-8700
Sextas, 20h. Sábados, 16h e 20h. Domingos, 17h. R$ 80 / R$ 120
Até 8 de dezembro

Bruno Fraga (como Roberto de Carvalho) e Mel Lisboa em Rita Lee – Uma Autobiografia Musical. Foto Priscila Prade
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Ficha Técnica

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Serviço

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