O melhor do teatro está aqui

A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

O teatro que gira pelos palcos do Brasil espalhando diversidade

Sinopse

Pinçamos aqui quatro espetáculos bem especiais da incrível programação do projeto Palco Giratório, do Sesc, em que as crianças podem ir e se deleitar com as mais diversas linguagens do teatro praticado no Brasil inteiro

Por Dib Carneiro Neto (publicada em 4 de junho de 2025)

Palco Giratório, projeto importantíssimo de circulação das artes cênicas pelo País, chega mais uma vez ao Sesc São Paulo, com programação que vai até 29 de junho, em 14 unidades da instituição. Serão 16 companhias de 15 estados, ou seja, uma chance de os paulistas conhecerem o melhor da produção teatral criada por esse Brasilzão afora. O circo será o grande homenageado do ano.

Lançado em 1998, o Palco Giratório intensifica a formação de plateias a partir da circulação de espetáculos dos mais variados gêneros. Vá sem risco de se arrepender em qualquer das atrações programadas, mas, para ajudar na sua escolha, selecionamos aqui um grupo bem seleto e reduzido de quatro espetáculos de censura livre, em que a família pode ir inteira e aplaudir toda essa diversidade. Música, dança, palhaçaria, enfim, regionalismos cênicos vindos de Pernambuco, Mato Grosso, Pará e Goiás – os quatro dão um banho de criatividade e deixarão o público paulistano de queixo caído. Em todos os espetáculos, crianças até 12 anos não pagam ingresso.   

Circo Science

Trupe Circus (Escola Pernambucana de Circo) – Recife – PE

O universo manguebeat de Chico Science (1966-1997) aliado ao mundo do circo. Pronto, isso é de uma felicidade temática, estética e conceitual de se tirar o chapéu. Fisicalidade espetaculosa lado a lado com a veemência politizada. Com a ajuda marcante de imagens no telão e uma desafiadora estrutura cenográfica de metal, a vida nos manguezais pernambucanos, ignorados historicamente pela elite, re(pulsa) em nós. E tudo ao som único e impactante de um ídolo revolucionário de ritmos e propagador de consciências críticas, da lama ao caos. O espetáculo é desses que rompem todo tipo de fronteiras. Não é isso nem aquilo. Não aceita rótulos. Circo contemporâneo? Mais. Teatro-dança? Bem mais. Performance? Muito mais. Tem audiovisual, tem linguagem de sombras, tem coreografias, tem moda, tem artes plásticas. Um maracatu atômico da diversidade? Um balé atrevido de equilibristas, malabaristas e contorcionistas? O masculino ambíguo e o feminino empoderado. O orgulho estampado no rosto da drag, o acinte saudável, a ousadia se derramando toda. Um picadeiro feliz para o brilho de identidades de gêneros? Pois é tudo isso. Junto e misturado. 
Dias 5 e 6/6. Quinta e Sexta. 20h. Sesc Santana. Teatro. R$ 60. Livre. Acessibilidade: Libras no dia 6/6.

Cena do espetáculo Circo Science, Foto Rogério Alves

Kombinando com o Cerrado

Du Cafundó – Rondonópolis – MT

Formada pelo ex-biólogo carioca Jonatan Pontes e Edivaldo Silveira, de Rondonópolis-MT, essa companhia dá banho de talento e técnicas circenses, com a habilidade virtuosa desses dois corpos circenses bem treinados em modalidades como as acrobacias cômicas de solo e o equilibrismo de malabares. Eles cativam pelo virtuosismo, mas também sabem improvisar e enredar a plateia com intenções dramatúrgicas. Eles chegaram a morar dentro de uma Kombi para suas circulações de espetáculos de rua pelo interior do Mato Grosso. Foi quando surgiu a ideia de transformar a itinerância em tema e incluir dramaturgia mais clara em suas apresentações. Deu certo. As aventuras de uma dupla de palhaços durante sua viagem pelo Cerrado transcorrem com fluência e graça, bem pontuada por uma trilha sonora inspiradora. O início é todo feito de imagens captadas e transmitidas no telão: a kombi do título da peça vai adentrando a vegetação e inspirando a trama. Quando o telão se apaga e a dupla entra em cena, chegam empurrando uma perua em miniatura – ótima ideia para mexer com o imaginário das crianças.
Dias 5 e 6/6. Quinta e sexta, 17h. Sesc Belenzinho. Sala Cênica. R$ 40. Grátis até 12 anos. Livre. 

Cena do espetáculo Kombinando com o Cerrado (MT). Foto Fred Gustavo

Divagar e Sempre

Las Cabaças – Santarém – PA

Juliana Balsalobre e Marina Quinan, cujas personagens clownescas foram batizadas de Bifi e Quinam, compõem o grupo Las Cabaças. Elas se conheceram em São Paulo, mas foram morar por seis anos no Pará, em Alter do Chão, região amazônica. De lá surgiram as pesquisas para seus espetáculos, trazendo o universo amazônico para o mundo da palhaçaria. Usam a linguagem local de forma divertida, brincando o tempo todo com palavras como tipiti, tacacá, piracaia, igarapé, mangarataia, rabeta… Em Divagar e Sempre’, elas não abrem mão dos números clássicos de palhaços (ambas participaram do grupo Doutores da Alegria, por exemplo), mas dão a eles uma ‘roupagem’ regional que nos permite entender um pouco mais dos costumes, lendas e prosódias da Amazônia. No meio da floresta, Bifi e Quinan procuram chegar a um lugar utópico e desconhecido, que vai se construindo à medida que caminham. O dia a dia das palhaças na canoa e nas terras por onde pisam, o encontro com a onça pintada, a singela alegria de um peixe pescado, os sons, a solidão, o medo, revelam ao espectador o imaginário misterioso desse lugar e dessas figuras.
Dias 11 e 12/6. Quarta e quinta. 20h. Sesc Ipiranga. Teatro. R$ 40. Grátis até 12 anos. Livre. Acessibilidade: Libras no dia 12/6.

Cena de Divargar e Sempre (PA). Foto Claudio Chenna

Fica Comigo

Ateliê do Gesto – Goiânia – GO

Do alto de seus dez anos de trajetória, a companhia goiana traz seu espetáculo de dança para crianças, mas que os adultos adoram também. Virtuosismo do começo ao fim, com momentos surpreendentes de belo casamento entre coreografia, videomapping, figurinos, cenografia e trilha sonora. Tudo tão harmonioso, tão contemporâneo e ao mesmo tempo retrô. Estética em preto e branco nas roupas, cores e geometrismo nas projeções, 150 caixas de papelão servindo de cubos armazenadores de memória, canções que vão de Nelson Gonçalves a Tim Bernardes. Ou seja, uma criação sofisticadíssima, acima dos padrões do que comumente se vê em acomodadas produções caça-níqueis para crianças. O uso múltiplo das caixas, em variados ‘empilhamentos’, é atraente construtivismo para o olhar dos pequeninos. O desenho de luz faz os corpos dos quatro intérpretes (Daniel Calvet, João Gross, Isabel Mamede e Thaís Kuwae) bailarem também nas sombras do papelão, mostrando para as crianças, em dose dupla, que corpo é inteligência e movimento é vida. Fica evidente desde o início que a ideia de Fica Comigo – um original de João Gross, com direção final de Daniel Calvet é empilhar várias lembranças que estão nos nossos porões da imaginação, como é dito em off no início. O quarteto nos seduz com a energia de brincar em cena – e é isso que faz do espetáculo uma atração apropriada para crianças. Em tempos de valorização de diversidades, os criadores ainda tiveram o precioso cuidado de, em uma determinada cena, fazer homem dançar com homem e mulher com mulher. E, em outra cena, sugerir a presença de um estado de morte no corpo da atriz. Por que não?
Dias 7 e 8/6. Sábado, 17h30. Domingo, 18h15. Sesc Guarulhos. Teatro. R$ 40. Grátis até 12 anos. Livre.

Cena do espetáculo Fica Comigo (GO). Foto Lu Barcelos

Serviço

Palco Giratório  

De 5 a 29 de junho de 2025

Unidades Capital e Grande São Paulo: 24 de Maio, Belenzinho, Consolação, Guarulhos, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana, Santo Amaro, Santo André.

Interior: Campinas, Jundiaí, Sorocaba

Mais informações em sescsp.org.br/palcogiratorio  

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Ficha Técnica

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Serviço

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