O COMEDIANTE

Ary Fontoura

 em

  O COMEDIANTE

 De Joseph Meyer

 Direção José Wilker e Anderson Cunha

 Com Angela Rebello, Gustavo Arthiddoro e Carol Loback

Em cartaz no Teatro Raul Cortez

Dirigido por José Wilker e Anderson Cunha, Ary Fontoura estrela espetáculo do jovem dramaturgo Joseph Meyer

“É belo no ser humano poder ser várias pessoas, mas escolher ser uma só”, pronunciou Kafka. Na instigante trama de O Comediante, do jovem dramaturgo Joseph Meyer, dirigida por José Wilker eAnderson Cunha, a personagem de Ary Fontoura, presa às lembranças de outrora, convida o espectador a desvendar o duelo constante de um ator que vive entre a ficção e a realidade.

É a macieira, a Árvore da vida, que testemunhará o confinamento dos indivíduos em um universo de thriller e suspense, envolto pelos olhares atentos dos retratos-fantasmas de Bette Davis, Dietrich, Marylin, Greta Garbo e Teresa, a ex-mulher de Walter Delon (Ary Fontoura). No antigo casarão, o público assistirá a ascensão da glória de um passado e presenciará, a cada novo dia, o declínio de um homem solitário, cujo drama, tão comum ao ser humano, o fará rir e se emocionar.

“A comédia é a tragédia dos outros, daí o riso, daí a lágrima”, argumenta o autor. “O Comediante foi livremente inspirado no clássico do cinema americano Sunset Boulevard, obra prima de Billy Wilder, e faz uma crítica à indústria cultural do entretenimento. A narrativa transita pelo universo cômico e pelo drama psicológico de um ator que, enfeitiçado pela própria imagem, cria um mundo paralelo, numa época em que a mídia idolatra o efêmero e torna o sujeito descartável, transformando os atores em produto e, desta forma, substituindo o velho pelo novo, o feio pelo belo”.

O lançamento de uma biografia faz parte de um plano arquitetado pelo seu inescrupuloso agente Eric (Gustavo Arthiddoro) e por sua expressiva governanta Norma (Angela Rebello), que com isso pretendem tirar o ator do ostracismo. Caberá à jovem e sagaz jornalista Júlia (Carol Loback) revirar o passado do exuberante ator Walter Delon.

O Comediante marca também o último trabalho de José Wilker, que faleceu durante os ensaios. Segundo Anderson Cunha, que teve a responsabilidade de conduzir o espetáculo desde então, “a partida dele foi um impacto muito grande em todos nós, mas o teatro é poderoso. Através dele, conseguimos assimilar a perda e fomos em busca de uma forma de homenagear este grande homem da cena contemporânea. Tentei ser o mais fiel possível ao conceito criado por ele. Já tínhamos um primeiro esboço de quase todo o espetáculo, e acrescido do tratamento impecável de cada profissional envolvido, o resultado só poderia ser belíssimo, com um lindo cenário, com figurinos elegantes, com a luz e a trilha certeiras, onde brilham, além dos atores, o lirismo e a poesia.”

Para concluir, Ary Fontoura acrescenta: “O Comediante é uma declaração de amor à arte dramática. Todos nós, envolvidos neste trabalho, tentamos reproduzir o que o Wilker queria. É a nossa homenagem!”