Com direção de Clara Carvalho, “Das Tripas: Sete Histórias”, baseado no livro de Ezter Liu, volta em cartaz, agora no Teatro Sérgio Cardoso, em que coreografa corpo e palavras para evidenciar o “ser mulher”
De Redação Canal Teatro MF
A escritora pernambucana Ezter Liu diz que escreve desde que se entende por gente, mas que não mostrava para ninguém. Diz que era uma escritora enrustida. Apenas em 2005, por incentivo de amigos, ela começou a tirar alguns escritos da gaveta. Com seu livro de contos Das Tripas Coração, ela foi a primeira mulher ganhadora do V Prêmio Pernambuco de Literatura, em 2018.
Em sua escrita, Ezter Liu nos apresenta o “ser mulher” com uma força que se expande em múltiplas direções – são personas que coabitam e se revezam para descobrir o que faz de cada uma a protagonista da sua própria trama. A mulher que se sente Deus, a mulher que escreve, a mulher que foge, a que acende fogueiras, que se torna parafuso, são algumas das várias faces do feminino que protagonizam as histórias criadas pela autora, que se intitula uma mulher polvo. Ela também é policial, mãe, e reside em Carpina, um município da zona da mata de Pernambucano.

No ano de 2019 a atriz Mariana Muniz, que também é pernambucana, fez uma abertura de processo de criação em dança-teatro que envolveu a adaptação de alguns dos contos do livro. Dirigida por Clara Carvalho, a apresentação foi realizada via zoom e veiculada pelo Grupo Tapa em seu Festival de Inverno de 2021, com o título Sete Histórias. Agora, o que a Cia Mariana Muniz de Dança e Teatro propõe é o aprofundamento das descobertas cênicas desde essa abertura e, para isso, fará uma nova temporada, agora no Teatro Sérgio Cardoso, no mês de março, com o solo Das Tripas: Sete Histórias.
O espetáculo é uma construção coreográfica e teatral, na qual os movimentos e palavras dão voz e corpo ao universo poético e profundamente feminino retratado pela escrita de Ezter Liu. Os contos escolhidos do livro têm em comum a temática feminina e se expandem em narrativas cênicas. Suas histórias, cheias de peripécias inusitadas e concretas, nos convidam a mergulhar no universo poético da dança-teatro. Segundo a autora, esses contos “vieram da imaginação mesmo, já outros são mais empíricos, mas nada autobiograficamente descarado”.

“Assim como a autora escolhe criar uma narrativa sem vírgulas, apontando para a necessidade de um contar sem pausas, nós acreditamos na força da tradução deste movimento literário em ação cênica, tirando da adversidade a sua força e atravessando os próprios limites para dizer o que precisa ser dito sobre a questão do feminino, num país onde o feminicídio é uma realidade muito cruel e que continua fazendo milhares de vítimas por minuto”, revela Mariana Muniz.
Serviço
Das Tripas: Sete Histórias
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno. Rua Rui Barbosa, 153
Sextas, sábados e domingos, 19h. R$ 40
Até 16 de março (reestreia 7 de março)