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“Escola Modelo” propõe diálogo sobre racismo e os desafios da educação brasileira

Sinopse

Espetáculo dirigido por Fernando Vilela traz em cena Pedro Granato e Letícia Calvosa refletindo as estruturas sociais sob diferentes perspectivas

Por Redação Canal Teatro MF*

Quais são os impactos das ações afirmativas e do racismo estrutural na formação escolar? Com direção de Fernando Vilella e dramaturgia de Bruno Lourenço, o espetáculo Escola Modelo convida os espectadores a uma jornada reflexiva. A peça estreia em 14 de junho, no Sesc Ipiranga, e, no contexto geral, exibe as estruturas da sociedade sob diferentes óticas.

A obra foi desenhada através das vivências pessoais dos intérpretes Pedro Granato e Letícia Calvosa. Ela, uma mulher mulata que enfrentou inúmeros dilemas sobre as cotas raciais  ao ingressar na universidade, enquanto ele é um homem branco, que teve o cargo de gestor público como formação. Ambas as figuras de personalidade refletem sobre como o racismo estampam suas trajetórias educacionais. Os performances não apresentam similaridade em questão das suas histórias de vida.

Embasado nessas histórias pessoais desses personagens, o espetáculo Escola Modelo propõe um debate social, com narrativas que atravessem as barreiras entre o público e o privado, o poético e o pessoal. A criação do texto partiu de duas forças condutoras, segundo o dramaturgo Bruno Lourenço. “O privado (relatos pessoais, pensamentos, reflexões) e o público (poder público, leis, instituições). Tudo isso permeado pelo discurso de raça e gênero, que atravessa o espetáculo, e a oposição fundamental entre trabalho e sonho (segundo a semiótica discursiva de Greimas)”, explica. 

Letícia Calvosa e Pedro Granato em Escola Modelo. Foto José de Holanda

A peça se desenrola em uma ambientação que une elementos de sala de aula com a linguagem da contação de histórias, permitindo ao público uma imersão profunda nas reflexões propostas. Por meio do Teatro Épico de Bertolt Brecht, a encenação busca criar um distanciamento que possibilita o pensamento crítico, convidando os espectadores a questionar as estruturas sociais e educacionais vigentes.

Nesse contexto, autores brasileiros importantes como Sílvio de Almeida, Sueli Carneiro, Lívia Sant’anna Vaz e Cida Bento também foram fontes de debates apresentados na dramaturgia por conta de suas especializações acerca da questão racial, e suas posições como ativistas ao antirracismo do movimento social negro brasileiro. Sueli Carneiro, por exemplo, é fundadora e atual diretora do Geledés, Instituto da Mulher Negra e considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

“Como estudante negra, sei que a formação escolar é um momento de muitas descobertas sobre o mundo e sobre si. Um momento delicado que, se não for bem experienciado pelo aluno, pode apagar suas potencialidades e história. O racismo estrutural se apresentou para mim nesse processo com professores sem letramento racial, com materiais didáticos pensados pela branquitude e para a branquitude, sem referências onde eu me visse representada”, conta Letícia Calvosa.

Pedro Granato e Letícia Calvosa em Escola Modelo. Foto José de Holanda

Para Granato, que implementou cotas raciais em programas educacionais e levou escolas para as periferias durante sua atuação no poder público, também é preciso questionar sobre a forma que algumas instituições têm inserido alunos em seus espaços. “Incomoda quando essas mesmas escolas que por décadas segregaram agora buscam, à custa de muito dinheiro, se colocar como pioneiras da luta antirracista. Meu foco central é a defesa de uma transformação estrutural, política de nossa desigualdade racial. E que possamos também aprofundar esse debate encontrando as sombras do processo para não se transformar em algo maniqueísta que serve mais para redes sociais que transformações reais”, comenta.

“Se estamos aqui hoje discutindo a desigualdade racial, o plano de ensino nas escolas, a estrutura da educação, uma pergunta que se lança é: qual o modelo educacional que gostaríamos de ter, que fosse comum a todos, para os próximos anos? O público é parte fundamental da discussão. Pois é a partir dele, pela sua identificação, que podemos elaborar juntos novos caminhos a serem tomados, quanto sociedade, quanto país”, diz o diretor Fernando Vilela.

A cenografia, refletida no filme Dogville de Lars von Trier, desfruta de  módulos rotativos que lembram lousas escolares, criando um espaço versátil que se transforma em diferentes ambientes de acordo com o progresso da  narrativa.

*Por Sofia Alves, estagiária sob a supervisão de Ubiratan Brasil

Serviço

Escola Modelo 

Sesc Ipiranga. Rua Bom Pastor, 822. Tel.: (11) 3340-2035

Sexta-feira, 21h30. Sábados e domingos, 18h30. Terça-feira, 9 de julho, 18h30. R$ 50

Até 21 de julho (estreia 14 de junho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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