Com Fafy Siqueira e Fernando Vieira, espetáculo recomendado para toda a família acompanha a saga de uma dupla de palhaços em uma viagem fantástica para entender suas identidades
Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 30 de abril de 2025)
A tendência dos costumes contemporâneos é a de colocar cada coisa em sua gaveta, cada um no seu quadrado, cada qual em sua caixinha. As redes sociais estimulam um mundo onde as aparências moldam a falsa essência das pessoas e cria-se a preocupação de cada qual cuidar da usa imagem e dar forma pra ela. É preciso definir quem você é e o que está fazendo. Até que ponto nos deixamos ser moldados pelos nossos erros e pelas expectativas e opiniões dos outros?
O dramaturgo Daniel Torrieri Baldi se valeu dessa pergunta para construir um texto onde o universo da palhaçaria e do musical reflete sobre essa pergunta. O Palhaço Tá Sem Graça, que estreia no Teatro Nair Bello discute justamente essa questão ao acompanhar a jornada de autoconhecimento de uma palhaça e de um palhaço.
Há, porém, nesta dupla, um conflito. Enquanto Risadinha faz o público gargalhar sem esforço, Murmúrio vive uma fase de bloqueio criativo, achando mais que nasceu para o drama por conta da frustração de não ter seguido sua vontade de virar cantor nos anos 1980, após uma experiência nada agradável. Utilizando-se de recursos fantásticos, a dramaturgia coloca na cena, durante um ensaio, um balão mágico que aparece do nada e transporta a dupla de palhaços para um mundo interno, onde eles precisam enfrentar desafios, medos e muita confusão.
Quem dá vida aos dois protagonistas são Fafy Siqueira (Risadinha) e Fernando Vieira (Murmúrio), que estão acompanhados de um grande elenco. Com muita poesia e música, a peça conta a história destes amigos palhaços explicitando suas diferenças: a Risadinha, que encara a vida com óculos de sol mesmo nos dias mais nublados e é capaz de tirar gargalhadas de todos; e o Murmúrio, que acha que nasceu para o drama, mas é uma comédia e não consegue ter a percepção disso.
O autor Daniel Torrieri Baldi conta que, no musical, o circo é usado como uma metáfora para algo maior. “Quantas vezes fomos chamados de fracos, desajeitados, insuficientes? E quantas dessas palavras acabaram nos moldando, nos afastando daquilo que verdadeiramente somos? Murmúrio sabe bem como é carregar um nome que não escolheu e até o silenciou, e ele vai aprender a transformar suas frustrações em novas formas de brilhar”, revela.
O diretor artístico Hudson Glauber acrescenta que O Palhaço Tá Sem Graça é uma peça para toda a família, porque as dores e alegrias que ela traz não têm idade. Crianças, jovens, adultos e avós encontrarão fragmentos de si mesmos, de suas memórias e de seus silêncios”.
Serviço
O Palhaço Tá Sem Graça
Teatro Nair Bello. Shopping Frei Caneca, 3º Piso. Rua Frei Caneca, 569
Sextas e sábados, 20h. Domingos, 18h. R$ 120 (nos dias 2, 9, 16, 23 e 30/5, ingressos promocionais a R$ 40)
Até 6 de julho (estreia em 2 de maio)
