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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

Releitura de “Casa de Bonecas” questiona as estruturas patriarcais contemporâneas

Sinopse

Nora, a protagonista do texto mais famoso do norueguês Henrik Ibsen, é transportada para São Paulo de 2025, em um condomínio, onde a personagem atravessa a porta de casa, abandonando a família em busca de liberdade

Por Redação Canal Teatro MF

Na época em que o dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) escreveu Casa de Bonecas, em 1897, talvez ele não imaginasse que seu texto pudesse atravessar tantos tempos e espaços. Quando, ao final do terceiro ato, Nora, a protagonista, rompe com a instituição familiar e busca novos sentidos para sua vida, não sabemos ao certo o que fará nem para onde irá.

Em sua última rubrica, Ibsen descreve: “Ouve-se lá fora o ruído da porta que se fecha”. O rompante desta personagem que atravessa uma porta para um mundo vasto de possibilidades propiciou algumas montagens e novos textos que destrincharam caminhos para a mulher que no século XIX deixou o marido e filhos em busca de liberdade

Cena do espetáculo Nora e a Porta. Foto Angélica Prieto

O Sesc Pompéia recebe uma releitura contemporânea deste clássico do século XIX, agora ambientado em uma São Paulo de 2025. A dramaturgia, escrita por Marina Corazza, tem como disparador a imagem da porta por onde Nora busca sua liberdade, e explicita isso já no nome do espetáculo – Nora e a Porta. “No título do espetáculo, fazemos alusão a uma primeira travessia. Que porta é essa? Quais outras portas se abrirão além desta?”, reflete a diretora Sandra Corveloni, que também corrobora com a ideia da atemporalidade do texto.

“O primeiro aspecto relevante de investigar os porquês que fazem de Nora uma personagem tão fascinante e complexa, talvez seja compreender o que lhe permite atravessar o tempo”, ressalta a diretora. Para chegar-se a esse entendimento e como provocação, a peça convida o público a refletir sobre as transformações e os desafios contemporâneos do feminino, revelando estruturas que ainda moldam as relações humanas. 

Adriana Mendonça em Nora e a Porta. Foto Angélica Prieto

No texto original, pouco antes de Nora tomar essa atitude, em um período em que isso seria inconcebível para as mulheres, ouvimos relatos das personagens sobre uma festa que acontece no apartamento de cima. A nova dramaturgia propõe trazer a festa para o apartamento do casal e nela acompanha-se o percurso da personagem para sua tomada de consciência, implicada em fatos do passado recente, envolvidos em uma estrutura patriarcal. Agora tudo acontece em uma festa, em um final de semana, em uma casa de condomínio do casal Nora e Marcelo na cidade de São Paulo.

Para isso, a cenografia e os elementos visuais desempenham papel crucial na transposição da obra. Inspirado em uma São Paulo contemporânea, o cenário funciona como uma extensão simbólica das emoções e tensões da Nora paulistana. Nesse sentido, elementos do cotidiano dela traduzem as pressões invisíveis que limitam a experiência feminina.

Serviço

Nora e a Porta

Sesc Pompeia. R. Clélia, 93

Terça à sexta, 20h30 (Terça, 04/03, 17h30). R$ 60

Até 21 de março (estreia 25 de fevereiro)

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Ficha Técnica

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Serviço

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