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Mulheres de diferentes gerações conversam sobre papel feminino na sociedade

Sinopse

Em encontro inusitado, “Antes de Mim no Fundo” reúne mulheres de uma mesma família entre presente, passado e futuro para refletirem sobre o feminino, a relação com o masculino e as implicâncias de suas memórias

Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 9 de outubro de 2025)

Em Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, a personagem título se suicida nas águas por conta de um trauma psicológico provocado pelos desastres da Primeira Guerra Mundial. Em Hamlet, de William Shakespeare, Ofélia se afoga, enquanto canta e recolhe flores na beira de um rio, em meio a um tormento provocado pela relação com a personagem título da obra do bardo inglês.

Na nova dramaturgia de Daniela Schitini, uma mulher passou por um afogamento misterioso, mas não morre. Está em coma e se conecta de forma onírica com suas ancestrais. Antes de Mim no Fundo, título bastante poético para ilustrar a conexão da personagem com suas memórias e ancestralidades, estreia na SP Escola de Teatro com direção de Clara Carvalho

O elenco feminino de Antes de Mim no Fundo. Foto Bob Sousa

A autora e atriz Daniela Schitini conta que queria brincar com esse lugar indefinido entre a vida e a morte para discutir esse tema tão importante. “Queria visitar esse lugar indefinido de fronteira, onde existe a possibilidade de acessar o inconsciente, as memórias reais e também as inventadas e sonhadas, os desejos e feridas mais escondidos e um alicerce desconhecido para nós.” 

O elenco reúne a própria dramaturga, a atriz Laís Marquez, também idealizadora do espetáculo, e a veterana Mariana Muniz, que interpreta todas as ancestrais que visitam a protagonista em suas visões. Isso serve para representar como as personagens são diferenciadas, mas suas identidades se entrelaçam, evocando uma sensação de espelhamento reminiscente dos filmes de Ingmar Bergman, como Persona e Gritos e Sussurros. Essa brincadeira de luz e sombra cria uma atmosfera caleidoscópica, permitindo que as personagens reflitam umas nas outras. 

“A ideia de reconciliação pressupõe que o passado esteja disposto a ser perdoado, ou o presente, disposto a esquecer. Mas a arte não propõe apenas conciliação. Muitas vezes ela desorganiza. A ancestralidade feminina é um campo de ausência e excesso – do que foi sufocado e do que grita. O teatro, por ser efêmero e encarnado, nos obriga a estar diante disso sem a desculpa do depois. É um lugar onde o que foi silenciado pode finalmente falar, ainda que ninguém entenda. Ou queira ouvir”, reflete Laís Marquez.

Cena de Antes de Mim no Fundo. Foto Bob Sousa

A diretora Clara Carvalho ainda acrescenta que gostaria que as pessoas saíssem do teatro com uma reflexão sobre o papel da mulher dentro da própria família. “A peça fala muito dessa situação de submissão que as antepassadas trazem muito, e ao mesmo tempo de libertação, porque tem uma essência feminina que está sempre livre. Como a sabedoria feminina foi se concretizando através do tempo? É um rasgão através do tempo, desses perfis femininos com suas espertezas, poesias, libertações, insights, toda essa delicadeza e ao mesmo tempo essa força feminina. É sobre isso que eu acho que o espetáculo fala, e esse eco que seria legal as pessoas saírem do teatro com ele”, diz.

Serviço

Antes de Mim no Fundo

SP Escola de Teatro. Praça Roosevelt, 210

Sábados e domingos, 16h. Sessões extras dias 5 e 12 de novembro, 20h30. Grátis. Distribuição somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro – www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro 

Até 16 de novembro (estreia em 11 de outubro)

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Ficha Técnica

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Serviço

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