Fundada em Brasília em 1977, trupe composta por três gerações de uma mesma família apresenta três espetáculos que congregam suas tradições, desde a origem, até o momento em que passam o bastão para os novos brincantes
Por Redação Canal Teatro MF
A longevidade das companhias de teatro é algo a ser celebrado. São raras as companhias que conseguem sobreviver diante da falta de incentivo e mecanismos que possam estimular a continuidade de seus trabalhos por um tempo duradouro. E quando essa trupe é formada por pessoas da mesma família que atravessam gerações contando histórias? Parece algo comum nas famílias circenses.
A história do circo no Brasil comprova isso e o cineasta Cacá Diegues retratou em seu último filme O Grande Circo Místico a trajetória de cinco gerações de uma mesma família circense. Mas e no teatro? É tradição que as famílias se sucedam no ofício? Para a trupe brasiliense Carroça de Mamulengos, sim. E eles vieram provar isso com a Mostra Três Gerações da Arte Brincante, que fará uma temporada com os espetáculos Histórias de Teatro e Circo, seguido por Janeiros e finalizada com O Babauzeiro, no teatro do CCBB, em São Paulo.

A Carroça de Mamulengos foi criada em Brasília em 1977 pelo bonequeiro Carlos Gomide. Em 1982, a atriz Schirley P. França integrou a companhia e tornaram-se a família Gomide França. Schirley e Carlos tiveram oito filhos: Maria, Antônio, Francisco, João, os gêmeos Pedro e Matheus, e as gêmeas Isabel e Luzia. Cada criança nasceu em um lugar diferente devido à itinerância artística da companhia.
A Mostra inicia reunindo todo o cortejo dessa família. Histórias de Teatro e Circo é formado por cenas que existem há mais de 30 anos. O espetáculo traz a ancestralidade e a tradição de toda a família Gomide-França para a cena: avós, filhos, noras e netas. São vinte pessoas e muitos bonecos em cena. Mais do que um espetáculo, o público vai encontrar uma tradição rara de se ver, uma trupe de artistas que, com quase meio século de vida e arte, segue uma tradição familiar, um modo de vida que atravessa o tempo e a memória.

Já em Janeiros, é possível apreciar o momento quando os filhos assumiram a condução da companhia para contar suas próprias histórias, recriando linguagens e convidando outros artistas para contribuir com suas criações. E, com O Babauzeiro, o público poderá assistir os primeiros bonecos recebidos por Carlos Gomide das mãos do mestre paraibano Antônio do Babau, no ano de 1978, encenação que pode ser considerada o ponto de partida da tradição do mamulengo contemporâneo brasileiro.
Para além do palco e para expandir a sua vivência de três décadas, a família-trupe promoverá duas atividades gratuitas, formativas e vivenciais para dialogar com o público: o seminário Diálogos sobre Pedagogia Brincante: a cultura de ensinar e aprender dentro das tradições populares e a Oficina Cantos e Cantigas Populares, em datas a serem divulgadas em breve.
Serviço
Mostra Carroça de Mamulengos: Três Gerações de Arte Brincante
Teatro CCBB SP. Rua Álvares Penteado, 112
Histórias de Teatro e Circo
Sextas, 19h. Sábado e domingo, 15h e 18h. R$ 30
14 a 23 de março
Janeiros
Sextas, 19h. Sábado e domingo, 15h e 18h. R$ 30
28 de março a 6 de abril
O Babauzeiro
Sexta, 19h, Sábado e domingo, 15h e 18h . Feriado, segunda (21/4), 15h. Sexta 18/4 não haverá sessão. R$ 30
11 a 21 de abril