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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

“Felizarda” reflete sobre a hiper produtividade e os abismos da comunicação

Sinopse

Título do espetáculo, que ironiza a condição da personagem que consegue um emprego em uma empresa onde ela desconhece o produto que se comercializa, dá o tom absurdo para a realidade do mundo corporativo e os mecanismos de trabalho atuais

Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 9 de junho de 2025)

No livro inacabado O Castelo, de Franz Kafka, um agrimensor, que é um profissional que se dedica à medição e demarcação de áreas para o desenvolvimento de mapas e plantas, chega a uma aldeia para fazer o seu trabalho. Neste local, ele é recebido por burocratas que o atiram de um lado para o outro com argumentos bastante vagos e sem sentido para que o profissional não chegue ao castelo que se encontra no topo desta aldeia. 

O absurdo contido no universo kafkiano permeia o espetáculo Felizarda, que faz sua estreia no Tusp Maria Antonia. Na dramaturgia escrita por Cecilia Ripoll, uma pessoa começa a trabalhar em uma empresa, cujo produto ela desconhece, e ela busca incessantemente descobrir o que, afinal, está vendendo. Felizarda questiona a facilidade com que entramos na lógica do sistema, sem problematizar absolutamente nada. Nenhum dos colaboradores sabe o que a empresa faz, mas ninguém assume isso. Nem mesmo a personagem-título tem a coragem de dizer isso para a esposa.

O elenco do espetáculo Felizarda. Foto André Nicolau

A busca de Felizarda em saber qual é esse produto retrata a dimensão que o espetáculo pretende dar ao absurdo do mundo corporativo e aos mecanismos de trabalho atuais. A protagonista precisa lidar com as mais variadas neuroses e histerias típicas do nosso tempo. Sintomas psíquicos brotam ao ritmo frenético da hiper produtividade e dos abismos da comunicação, apresentando um retrato tragicômico da sociedade contemporânea.

As personagens não têm nomes. “Queremos mostrar que, pela lógica do mundo corporativo, somos todos facilmente substituíveis. Por isso, o ator e as atrizes são designados apenas como: Vizinho de Mesa, Mentora, Felizarda e Esposa da Felizarda”, conta a atriz Bella Camero, que compartilha a cena com Louise D’Tuani, Sidney Santiago Kuanza e Sol Menezzes. “Estamos tão focados em provar que podemos ser eficientes e produtivos 24 horas por dia que nos alienamos. Não nos conectamos mais nem com os nossos sentimentos e nem com as outras pessoas. Assim, ficamos cada vez mais sozinhos”, defende Louise.

Outra imagem do elenco de Felizarda. Foto André Nicolau

Apesar do tema denso, o texto é permeado por muita ironia e humor. De acordo com a diretora Beatriz Barros, o trabalho é definido como uma distopia contemporânea não situada no tempo, ou seja, não existem elementos muito característicos de um período histórico. 

Assim como K, a personagem de O Castelo, Felizarda poderia viver no passado, presente ou futuro, afinal, no mundo atual, distopia e realidade já não são mais tão distintas.  

Serviço

Felizarda

Tusp Maria Antônia. Rua Maria Antônia, 294 

Quinta a sábado, 20h. Domingo, 18h. Ingressos gratuitos – Retirada 1h antes na bilheteria

Até 29 de junho (estreia 12 de junho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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