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“TOC TOC” trata com humor e delicadeza o Transtorno Obsessivo Compulsivo

Sinopse

Comédia francesa ganha nova montagem com seis personagens lidando com suas próprias obsessões; veja vídeo

Por Ubiratan Brasil

Em uma sala de espera, seis pacientes aguardam ansiosos a chegada de seu médico. O incômodo está em serem obrigados a conviver ali com suas próprias obsessões e a enfrentar seus desafios. Esse é o ponto de partida da comédia TOC TOC, que ganha nova montagem, agora no Teatro Procópio Ferreira, a partir de sexta-feira, dia 4 de outubro.

Sua estreia brasileira aconteceu em 2008 e, em cartaz durante vários anos, conseguiu atrair 1 milhão de espectadores. “As pessoas riem muito, mas o tema também é sério. É assim que tratamos, sem deixar cair na caricatura”, comenta o diretor Alexandre Reinecke, que também comandou a primeira versão.

Danielle Winits, André Gonçalves e Claudia Ohana, em TOC TOC. Foto Bruno Lemos

De fato, o enredo lida com temas delicados e sempre está no fio da navalha. Na sala, estão reunidos seis exemplos distintos de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), problema que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 1 a 2% da população mundial. Branca (Danielle Winits) é obcecada por limpeza; Maria (Cláudia Ohana) é uma religiosa que vive com a sensação de ter esquecido tudo aberto; Lili (Maria Helena Chira) tem seu hábito de repetição; Bob (Miguel Menezzes) é fanático por simetria; Vicente (André Gonçalves) não consegue parar de fazer contas; e Fred (Riba Carlovich) luta contra uma síndrome que o faz dizer palavras obscenas. E a assistente do médico que não chega é vivida por Carolina Stofella.

“É um espetáculo que faz rir, mas também propõe questionamentos“, observa Danielle. “Mas evitamos a caricatura. Por isso que procuramos entender e vivenciar o problema de cada um e não apenas encenar”, completa Carlovich que, assim como Maria Helena, esteve também na primeira montagem. Naquela época, o elenco acompanhou palestra de psicanalistas e de associações que prestam apoio a pessoas com TOC. “Dessa vez, passamos o que aprendemos naquele momento para os nossos colegas da montagem atual.”

O elenco de TOC TOC, com o diretor Alexandre Heinecke (sentado). Foto Bruno Lemos

Escrita pelo Laurent Baffie, a peça alcançou sucesso mundial e até inspirou uma versão cinematográfica em 2017 graças ao seu humor rápido, dotado de uma sátira social ligeira, sem pretensão ou exigência de reflexão.

“Daí a importância de que cada atuação não ultrapasse um limite: o público tem que rir da situação e não dos atores”, observa André Gonçalves. “O que tem sido um desafio para mim, pois se trata da minha primeira comédia”, conta Claudia Ohana, que não encontrou nenhuma pessoa com o problema que lhe servisse de referência.

Ao contrário de Riba Carlovich, cujo personagem sofre da Síndrome de Tourette, transtorno neurológico que se caracteriza pela presença de tiques motores e vocais involuntários, rápidos e recorrentes, além de involuntariamente xingar as pessoas e falar palavrões em público. “Tive dois exemplos que me ajudaram na composição”, conta. “O primeiro foi durante um voo, em que o passageiro ao meu lado fez muitas caretas quando a aeronave precisou arremeter. E o outro foi um vendedor de rua, em São Paulo, que soltava palavrões quando ficava nervoso.”

Miguel Menezzes, aos 25 anos, é o mais jovem ator do elenco. Para descobrir a forma de interpretar Bob, ele pesquisou outros personagens com problemas semelhantes, como os da série The Big Bang Theory ou o personagem Carlton, de Um Maluco no Pedaço. “Também repeti, no meu dia a dia, as ações dele, como evitar linhas ou organizar objetos simetricamente, para entender as reações do meu corpo. No começo, foi engraçado, mas depois percebi como pode ser desesperador“, observa.

“Em minha encenação, como sempre, o foco é no trabalho dos atores. Definição clara dos personagens e precisão no timing da comédia. Esta é uma comédia que anda no limite e não dá para brincar, afinal estamos lidando com um distúrbio sério“, comenta Reinecke. “Esta é uma comédia que temos de levar a sério. Jamais podemos parecer que estamos tirando sarro dos distúrbios.”

Serviço

TOC TOC

Teatro Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2823. Tel.: (11) 3083-4475

Sexta, 21h. Sábado, 21h. Domingo, 18h. R$ 120

Até 16 de dezembro (estreia 4 de outubro)

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Ficha Técnica

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Serviço

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