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Vitor Rocha trata com delicadeza de memória, amor e envelhecimento

Sinopse

Ator e dramaturgo estreia em monólogo com “Donatello”, musical que convida a plateia a mergulhar nas lembranças de momentos marcantes

Por Ubiratan Brasil

Consagrado como um dos grandes talentos do atual musical brasileiro, o ator e dramaturgo Vitor Rocha já transitou com segurança em espetáculos de grandes proporções, como Mundaréu de Mim, em que escreveu texto e letras de um espetáculo grandioso, encenado no ano passado em um cenário gigante (14 metros de altura) ao ar livre, no Parque da Água Branca, em São Paulo, e encenado por 18 intérpretes, com produção do Instituto Brasileiro de Teatro. Mas, fiel à sua essência (despontou no belo Cargas D’Água, com apenas três atores), Rocha também é ágil nas peças pequenas, como Donatello, que estreia no Teatro Commune, nesta quarta-feira, dia 8.

Trata-se de seu primeiro monólogo, em que divide o palco apenas com o pianista Felipe Sushi que, além de executar as canções, ajuda no suporte técnico ao cenário. “Gosto muito de contar histórias, o que torna o fato de ficar sozinho em cena menos complicado”, conta Rocha. “Mas vou ter o auxílio da plateia para contar a história.” Isso significa que, antes do início do espetáculo, ele vai fazer perguntas para algumas pessoas sobre fatos guardados na memória afetiva, como o apelido de algum amigo de infância ou o programa que gostava de assistir na televisão.

Vitor Rocha em cena do musical Donatello. Foto Victor Miranda

Com esse valioso material à mão, Vitor Rocha exerce seu talento em apresentar um texto singelo sobre memória, amor e envelhecimento. A trama (que não é biográfica, o ator lembra) acompanha a vida de um menino, dos 5 aos 26 anos, e seu relacionamento com o avô, chamado Donatello. Inicialmente adorável (o principal programa é tomar sorvete juntos), a trama envereda para um lado delicado, quando o avô exibe os primeiros sinais de demência que vão resultar no mal de Alzheimer.

Nesse momento, com a mente já confusa, ele passa a chamar o neto de Amendoim, que é seu sabor favorito de sorvete. O rapaz se agarra nesse fio de ligação para então denominar as diversas situações da vida com o nome de outros sabores. “Por meio da memória puxada por ele, a plateia vai acessar as suas próprias lembranças”, conta Rocha, cujas canções têm a melodia criada por Elton Towersey, parceiro de outro espetáculo, Se Essa Lua Fosse Minha. “Elton, aliás, trouxe soluções importantes, como algumas melodias ‘tortas’ que simbolizam bem a confusão mental de Donatello”, observa a diretora Victoria Ariante.

Vitor Rocha em outra cena do musical Donatello. Foto Victor Miranda

Também a iluminação, assinada pelo experiente Wagner Pinto, é essencial para revelar o estado de espírito do personagem, que oscila entre a tristeza e a euforia.

Embora não tenha tido um avô chamado Donatello, Rocha baseou-se vagamente no pai, que sofreu com um câncer no cérebro, o que trazia sintomas semelhantes à demência. “Li muito sobre esses problemas, especialmente o Alzheimer, e a dor maior atinge quem está ao redor do paciente”, comenta.

Rocha exibe novamente seu talento ao buscar grandes simbolismos de objetos comuns, como uma bicicleta ou uma pazinha de sorvete, que inspiram sua prosódia poética, acalentadora. Com isso, trafega com delicadeza em um assunto espinhoso, fazendo rir de vários tipos de situação. “Vitor é um excelente contador de histórias e faz com que o público sai esperançoso do teatro”, observa Victoria. Afinal, a vida é um sorvete que precisamos tomar depressa, antes que derreta.

Vitor Rocha em Donatello. Foto Victor Miranda

O pequeno time de Donatello é completado com a preparação de elenco de Letícia Helena, a direção de produção da atriz e produtora Luiza Porto, e assistência de produção de Victor Miranda.

Serviço

Donatello

Teatro Commune. Rua da Consolação, 1218

Quartas e Quintas, 20h30. R$ 100

Até 30 de maio

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Ficha Técnica

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Serviço

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