Comédia estrelada por Eduardo Sterblitch consegue ser mais que diversão ao propor reflexões profundas sobre temas como o verdadeiro significado de estar presente na vida de outra pessoa
Por Ubiratan Brasil
Em 1993, o ator Robin Williams protagonizou um dos filmes de maior sucesso de sua carreira, Uma Babá Quase Perfeita (Mrs. Doubtifre, no original), Lá, ele interpretava Daniel Hillard, rapaz que, preocupado por ter pouco acesso aos seus filhos depois do divórcio, elabora um plano. Com a ajuda de seu irmão criativo Frank e do marido dele, ele se veste como uma senhora britânica e convence sua ex-mulher, Miranda, para contratá-lo como babá. “Esse é um dos filmes da minha vida, sou fascinado pela interpretação de Williams”, diz o também ator Eduardo Sterblitch, que vive o mesmo papel em Uma Babá Quase Perfeita – O Musical, em cartaz no Teatro Liberdade, em São Paulo.
Sterblitch vem de um grande sucesso, Beetlejuice, no qual confirmou seu talento e que voltará em cartaz em São Paulo em outubro. Para viver a babá, o ator recebe um novo figurino, peruca e ainda passou por um processo minucioso de scanner 3D para a feitura de próteses feitas sob medida na Inglaterra, que lhe garante o queixo proeminente. Precisou também dominar as famosas trocas rápidas, algumas com menos de um minuto. Com os improvisos na interpretação que já são sua marca registrada em musicais, Sterblitch interpreta de forma bem distinta dois personagens: o pai que tenta ficar mais próximo de seus filhos e a babá, artifício que encontra para enganar a ex-mulher e conseguir seu objetivo.

Nessa corda bamba vivida por Daniel Hillard, Uma Babá Quase Perfeita consegue ser mais que diversão ao propor reflexões mais profundas sobre temas como o verdadeiro significado de estar presente na vida de outra pessoa, além da ressignificação do amor e das relações, e do uso do humor como ferramenta para lidar com emoções complexas.
“O grande tema do musical é a relação familiar e sua importância para todas as pessoas”, comenta o diretor Tadeu Aguiar. “É sobre o papel dos pais na vida dos filhos e a capacidade de mudança e crescimento pessoal.” Thais Piza, responsável por dar vida à ex-esposa Miranda, vê em seu personagem a personificação de alguém muito comum. “Ela acredita que não se deu bem na relação e, por isso, busca novos caminhos. Quem nunca passou por isso”, comenta ela, que brilha em números solos com sua voz hipnotizante.

Homens precisando se passar por mulheres para alcançar um objetivo que sua masculinidade não é capaz são até comuns no cinema. Na clássica comédia Quanto Mais Quente Melhor (1959), de Billy Wilder, Jack Lemmon e Tony Curtis são obrigados a integrarem uma orquestra feminina para escapar de mafiosos.
Já Dustin Hoffman, em Tootsie (1982), de Sydney Pollack, interpretou um ator perfeccionista e de temperamento difícil que, desesperado em busca de emprego, resolve se vestir de mulher para disputar um papel feminino em uma telenovela.
E, na recente comédia Uma Advogada Brilhante (2025), dirigida por Ale McHaddo, Leandro Hassum vive Dr. Michelle, um advogado recém divorciado, que decide se disfarçar de mulher para não perder o emprego durante uma reestruturação e conseguir a guarda do filho.

“No musical, conseguimos fazer o público rir, mas também se emocionar com a história”, comenta a produtora Renata Borges, da Touché Entretenimento. O espetáculo é apresentado pelo Ministério da Cultura e BB Seguros, com patrocínio da Mobilize, BNY e Robert Half, apoio da Zeentch, Todeschini e Ótica Chilli Beans, e tem Radisson Barra como hotelaria oficial.
Serviço
Uma Babá Quase Perfeita – O Musical
Teatro Liberdade. Rua São Joaquim 129
Quartas, quintas e sextas, 20h. Sábados e domingos, 16h e 20h30, R$ 170 / R$ 380
Até 11 de maio (estreou em 12 de março)