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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

Três porquinhas que transformam a vida de um lobo

Sinopse

O espetáculo “As Três Porquinhas – E a Força da Imaginação” traz à cena uma versão do diretor Ian Soffredini que joga luz na importância de brincar, ajudar e colaborar, criticando o excesso de competição

Por Dib Carneiro Neto

Se existe uma fábula, mundialmente conhecida, que estimula a competição, essa fábula é Os Três Porquinhos, que disputam entre si qual a casa mais forte para impedir a entrada do lobo mau. Estimular a competição não é bom no teatro para crianças, pois é assim que começa a se espalhar nelas uma mentalidade que, lá na frente, quando forem adultas, vai levar às guerras.

Foi pensando dessa forma que o diretor e dramaturgo paulista Ian Soffredini e seu elenco – Alicia Ignácio, Natália Horvath e Rafaella Quaresma – resolveram montar uma versão teatral diferenciada desse velho conto tão difundido. Estreia neste fim de semana, no Teatro Uol, As Três Porquinhas – E a Força da Imaginação, em que os porquinhos, como o título entrega, são porquinhas, Pepita, Pétala e Pérola. 

Cena do espetáculo As Três Porquinhas – E a Força da Imaginação. Foto Isa Meneghini

Uma peça clássica com uma moral muito clara – assim a define o diretor Soffredini. “Um só trabalha enquanto os outros descansam: isso perpassa o conto de forma moralista e traz para as crianças um pensamento de competição, de ameaça, de perigo, e não valoriza, por exemplo, o desejo de o porquinho querer mesmo apenas brincar, e daí? A criança quer brincar, quer ser criativa, explorar sua subjetividade. A peça, em nossa versão, joga luz na capacidade de se mergulhar na própria imaginação como forma de achar soluções para os nossos problemas. Também colocamos o foco no trabalho em equipe, tirando essa lógica de competição e substituindo pela lógica da colaboração.” 

Competição versus colaboração

E por que a opção por mudar para porquinhas? Ian Soffredini responde muito firmemente: “Puxa, estão me perguntando muito isso. Por que tem de haver um motivo especial, pelo fato de o elenco ser feminino? Por que não três porquinhas? Não há uma razão excepcional. É um clássico revisto, que põe as mulheres em espaço de protagonismo, só isso, e já é muito legal, não?” Ele prossegue: “Quando pensamos em arquétipos, o tema da competitividade, de marcar território, é sempre muito mais associado ao mundo masculino. Na peça, as porquinhas são mais compreensivas umas com as outras, elas se ajudam, buscam tirar o melhor uma da outra. Mas isso não significa que só as mulheres sejam assim, e só os homens sejam competitivos.”

Cena do espetáculo As Três Porquinhas – E a Força da Imaginação. Foto Isa Meneghini

As três atrizes, Alicia, Natália e Rafaella, foram alunas de Soffredini, que é especializado em improvisação teatral e dá aulas sobre várias modalidades de improviso. O processo de trabalho, portanto, passou o tempo todo pela metodologia de improvisar nos ensaios , conforme conta o diretor. “A gente primeiro se divertia muito enquanto criava e, depois, eu escrevia a peça a partir desses exercícios criativos. A versão definitiva veio depois de muito experimentar. O jogo teatral torna o espetáculo muito divertido e com uma riqueza de detalhes surgidos espontaneamente.”

Força na interação com a plateia

A ideia da montagem é abarcar uma faixa etária variada em seu escopo. Soffredini justifica: “Nossos espetáculos procuram agradar também os pais, não só as crianças. Isso felizmente já é bastante comum no teatro infantojuvenil. Afinal, espetáculos muito infantis podem ficar maçantes para os pais. Embora às vezes, em algumas peças, a preocupação em atingir o interesse dos adultos fica tão grande que as crianças ficam assim meio boiando… No caso das Três Porquinhas, teremos cenas bem líricas para as crianças e outras referências mais focadas nos adultos, mas o importante é que é um espetáculo com muita diversão e interação com a plateia. Investimos muito nesse lugar da experiência interativa, sobretudo porque hoje em dia as crianças ficam muito passivas diante das telas dos smartphones. A resolução de alguns conflitos contará com a participação direta das crianças.”   

O diretor ressalta ainda a mistura saudável que gosta de fazer em suas peças: “Todos os meus espetáculos têm misturas de estéticas e linguagens teatrais, como, por exemplo, atores interagindo com bonecos, ou as cenas de luz negra, ou a dança. Nas Três Porquinhas, o lobo é um boneco bem grande, enorme, inspirado nas festas populares de Olinda.” Ian Soffredini não quer dar spoiler, mas ele explica que não gosta de finais em que uma força prevaleça contra os vilões. Ele prefere terminar com reconciliações. Imagine então, antes de ir ver a peça, o que vai acontecer com a relação do lobo com as porquinhas… Como as porquinhas, use a força de sua imaginação. E bom teatro! 

Serviço

As Três Porquinhas – E a Força da Imaginação

Teatro UOL. Shopping Pátio Higienópolis. Avenida Higienópolis, 618. Terraço. Tel.: (11) 3823-2423 / 3823-2737 / 3823-2323

Sábado e domingo, 15h. R$ 60

Até 30 de junho, estreia 4 de maio

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Ficha Técnica

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Serviço

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