A partir da pergunta do que é ser judeu, “Um Simples Judeu” permite que o público faça uma ponte com outras questões identitárias, com forte viés político, sem deixar o humor de lado
Por Redação Canal Teatro MF
O que é ser judeu? Será que em tempos em que os diversos grupos identitários tem feito de suas existências manifestos para a perpetuação da diversidade, buscando mecanismos para erradicação da violência, essa pergunta pode soar um tanto equivocada a dar conta de uma resposta? Como definir um grupo étnico e religioso sem cair na armadilha do preconceito e da superficialidade?
A peça Um Simples Judeu, escrita pelo suíço Charles Lewinsky, lança mão dessa pergunta para o desenvolvimento da sua dramaturgia. O solo conta a história do jornalista Emanuel Goldfarb, que recebe o singelo convite de um professor para comparecer a uma aula e explicar aos seus alunos o que é ser judeu. Emanuel passa então a refletir sobre atender ou não a esse chamado.
O caminho proposto pela dramaturgia não é apenas o já retratado em muitos filmes e textos de teatro onde a tragédia sofrida e vivida por esse povo já se fez tão bem representada. Com legítimo “humor judaico“, a personagem irá revisitar sua ancestralidade e acessar lembranças que há muito tempo estavam adormecidas. Suas memórias e reflexões passam pela origem familiar, pela diáspora do povo judeu desde a antiguidade até os dias atuais, pelas tradições e por sua própria hereditariedade, temas que são abordados por ele alternando emoção, razão e muito humor. A peça está em cartaz no Teatro UOL.
O texto teve uma repercussão internacional bastante relevante, passando por países como México, Alemanha e Argentina. A montagem brasileira, idealizada pelo ator Ricardo Ripa, tem o propósito de estimular o diálogo com diversos setores da sociedade ao apresentar, sem estereótipos, uma cultura que é parte da diversidade cultural brasileira. Trata-se de um espetáculo singular, que não se restringe à colônia judaica.
O diretor Carlos Baldim destaca o forte sentido político e social para o momento atual. “O texto é inteligente, ácido e bem-humorado e, principalmente, não se restringe ao universo judaico. Ele permite ao espectador fazer pontes com outras questões identitárias. Há um diálogo possível com outras minorias, sem ser panfletário, já que o preconceito e a intolerância também se apresentam em outros setores da sociedade.”
A montagem se propõe a conhecer as tradições, a história e, por que não dizer, a alma judaica. “A conjugação do humor com o drama vai emocionar e divertir as pessoas que gostam de um bom espetáculo, de um bom texto teatral”, afirma o ator.
Serviço
Um Simples Judeu
Teatro UOL. Shopping Pátio Higienópolis. Av. Higienópolis, 618 – Terraço. Tel.: (11) 3823-2323
Sextas-feiras, 20h. R$ 80 / R$ 100.
Até 29 de novembro (estreou em 1º de novembro)