Centenário de nascimento do militante anticolonial é homenageado pelo coletivo que oferece gratuitamente, no Galpão do Folias, palestra, performances convidadas e o espetáculo “Da Violência: Fanon”
Por Da Redação Canal Teatro MF (publicada em 9 de dezembro de 2025)
Psiquiatra, escritor e militante anticolonial, o martinicano Frantz Fanon (1925-1961) influenciou profundamente os estudos sobre racismo, colonialismo e desumanização social. Seu trabalho sobre os efeitos do colonialismo no psicológico dos indivíduos foi decisivo para a pesquisa de inúmeros pensadores – no caso do Brasil, de Lélia Gonzalez e Paulo Freire.
Para homenagear o centenário de seu nascimento, a Taanteatro Companhia realiza, de 10 a 14 de dezembro, no Galpão do Folias, a Ocupação Da Violência: Fanon, encerrando as ações em homenagem ao autor. Com programação gratuita, o evento reúne palestra, performances convidadas e o espetáculo Da Violência: Fanon.

Autor de clássicos como Pele Negra, Máscaras Brancas e Os Condenados da Terra, Fanon será lembrado por três performances, que ampliam o diálogo da Ocupação com poéticas corporais que atravessam ancestralidade, resistência e espiritualidade negra. Siaburu, de Dani Mara (13 de dezembro, sábado, 18h), costura dança-teatro e poesia para afirmar o corpo como território contra-colonial em movimento.

Já Eco, Oco Preso no Peito, de Maria Emília Gomes (13 de dezembro, sábado, 19h), irrompe como um solo-manifesto que ecoa gritos coletivos silenciados pelas colonialidades, fazendo do corpo da mulher preta um espaço de confronto e pulsação ritual.

E Negaça, de Urubatan Miranda (14 de dezembro, domingo, 18h), revisita memórias e narrativas ligadas à Umbanda, mobilizando a movimentação de Exu para reconstruir, em cena, um território de alteridade, ancestralidade e presença sagrada.
O espetáculo Da Violência: Fanon marca a estreia de Mabalane Jorge Ndlozy como coreógrafo no Brasil, dividindo a cena com Mônica Bernardes, Gustavo Braunstein, Angela Mendes, Thaíse Reis e Acauã Soli.

Definida como “Cerimônia Coreográfica Audiovisual”, a obra estrutura-se em sete momentos – prelúdio, cinco movimentos e poslúdio – conduzidos por MC Fanon, alter ego ficcional que guia o público por camadas da história colonial e suas reverberações contemporâneas. Para Wolfgang Pannek, diretor e autor da dramaturgia trata-se de uma experiência “poética e política”, capaz de atualizar a crítica fanoniana e conectar diferentes temporalidades da violência racial.
“Introduzimos Fanon como figura histórica, mas sobretudo atualizamos sua crítica. O arco dramaturgico vai do Código Negro de 1685 ao engajamento anticolonial dos anos 1950/60, chegando aos excessos da violência policial racista na atualidade”, afirma o diretor.
Serviço
Ocupação da Violência: Fanon
Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213
10 de dezembro, quarta-feira.
19h – Da Violência: Fanon – Taanteatro Companhia.
20h30 – Pele árabe, máscaras judias: Dinâmicas coloniais na relação entre israelenses e palestinos – Palestra com Peter Pál Pelbart.
11 de dezembro, quinta-feira, 20h.
Da Violência: Fanon – Taanteatro Companhia.
12 de dezembro, sexta-feira, 20h.
Da Violência: Fanon – Taanteatro Companhia.
13 de dezembro, sábado.
18h – Siaburu – Dani Mara.
19h – Eco, Oco Preso no Peito – Maria Emília Gomes.
20h – Da Violência: Fanon – Taanteatro Companhia.
14 de dezembro, domingo.
18h – Negaça – Urubatan Miranda.
19h – Da Violência: Fanon – Taanteatro Companhia.
20h30 – Encerramento
Grátis
