Com título inspirado no conto do escritor Caio Fernando de Abreu, o ator assina também a dramaturgia, que aborda as vivências sexuais e de gênero para denunciar o machismo estrutural e a homofobia
Por Redação Canal Teatro MF
No Dossiê Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil, elaborado no ano de 2022 por três ONGs – Acontece, Antra e ABGLT –, há um detalhamento do mapeamento e das causas de mortes no país à população LGBTQIA+. Esse estudo aponta que no ano de 2022, o Estado em que mais mortes violentas ocorreram a essa comunidade foi no Ceará, com 34 mortes.
O ator Silvero Pereira nasceu no Estado do Ceará. A partir de vivências de sua infância cearense, e para dar continuidade ao seu teatro de questionamento social, ele leva ao palco o tema da homofobia e do bullying sofridos desde cedo por pessoas LGBTQIA+. O espetáculo Pequeno Monstro, com título inspirado em conto do escritor Caio Fernando de Abreu, estreou no Rio de Janeiro e agora fará sua primeira temporada em São Paulo, no Itaú Cultural, de 1 a 18 de agosto, sempre de quinta-feira a domingo, com ingresso gratuito.
“Estamos mais violentos, mas isso não se localiza somente neste tempo do agora. É mais profundo. Se trata de um país historicamente violento desde sempre e que precisa de atenção, denúncia e busca por soluções”, diz o ator.
Em seu trabalho anterior, BR-Trans, de 2012, Silvero deu voz a diversas narrativas, reais e ficcionais, de travestis e transexuais que conheceu durante o processo de pesquisa no eixo Ceará-Rio Grande do Sul, misturando sua trajetória pessoal às histórias coletadas. Agora, ele revisita as memórias da infância e turbulenta juventude, além de utilizar referências literárias, musicais, matérias jornalísticas e recordações de pessoas diversas.
“Nossa função, como artistas, é trazer o tema com seriedade e a responsabilidade que ele exige, mas também atentar ao potencial estético e narrativo que servirão como alegorias para que a aproximação com o público ocorra dentro da liturgia do teatro’, observa Pereira.
Para isso, o ator conta com a direção de Andreia Pires e explora sua característica de multiartista para denunciar o machismo estrutural e a homofobia, práticas normalizadas socialmente, mas que agridem, traumatizam e condenam destinos. No espetáculo, ele faz intervenções musicais, entre elas a interpretação da Fera Ferida, de Roberto e Erasmo Carlos. A proposta é provocar reflexões por meio da potência artística da montagem.
Serviço
Pequeno Monstro
Itaú Cultural. Sala do Piso Térreo. Avenida Paulista, 149
Quinta-feira a sábado, 20h. Domingos, 19h.
Entrada gratuita. Reservas de ingressos na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br
Até 18 de agosto