A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

O melhor do teatro está aqui

A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

“Rio Uphill” traz elementos da Broadway para falar do Brasil real

Sinopse

Musical desenvolvido em Nova York e dirigido por Gustavo Barchilon mostra a rotina de um morro carioca, marcada por alegrias e preconceitos

Por Ubiratan Brasil

A autora Juliana Pedroso, radicada há dez anos nos Estados Unidos, para onde foi estudar teatro musical, sempre sonhou em criar uma obra na Broadway com temas brasileiros. O projeto se tornou real quando ela criou Rio Uphill – o Musical, espetáculo que nasceu com o auxílio do escritor e compositor premiado Matthew Gurren e do músico brasileiro de carreira internacional Nanny Assis. Trata-se da história do encontro de dois jovens cariocas de realidades bem distintas e seus desafios. A estreia no palco foi adiada pela pandemia da covid e a produção, que primeiro inspirou um filme, agora, depois de anos, ganhou o formato de uma peça que chega a São Paulo, no Teatro Villa-Lobos, depois de uma temporada no Rio.

“Meu objetivo foi criar um espetáculo que representasse a favela de formas inovadoras, com a intenção de popularizar essas visões e ideais pelo mundo. Quero transmitir mensagens reais, desconstruindo a visão estereotipada de homens negros periféricos como perigosos e mulheres como objetos sexuais. Rompendo com narrativas já conhecidas e óbvias, pretendo sempre avançar com nossa arte e mudar a forma como o Brasil e os brasileiros são vistos pelo mundo”, explica o diretor Gustavo Barchilon, entusiasta do projeto desde o início.

Cena do musical Rio Uphill, direção de Gustavo Barchilon. Foto Caio Gallucci

“’É uma temática nunca vista em musicais desse porte e um certo atrevimento nosso contar uma história original, com elenco predominantemente desconhecido e músicas originais”, destaca Juliana. “O espetáculo retrata de perto a vida nas comunidades e procuramos uma visão autêntica, divertida e sensível das histórias que nascem ali, com as complexidades e a riqueza da cultura local.”

A trama acompanha o romance entre o jovem de classe média alta Daniel (Cadu Libonati), e Julia (Carol Botelho), cria do Morro do Sol, no Rio. Eles se conhecem por meio de Miguel (Bhener), um dos jovens mais admirados pela comunidade e irmão de Julia. Problemas que também envolvem a polícia, no entanto, despertam questões delicadas, como o racismo motivado pela diferença de classes.

Cadu Libonati, Bhener e Carol Botelho, do elenco principal de Rio Uphill. Foto Caio Gallucci

“Daniel é um cara que está aprendendo a conviver em mundos distintos e, se às vezes toma alguma atitude errada, em especial com os novos amigos do Morro do Sol, não é por maldade”, comenta Libonati que, aos 30 anos, enxerga no personagem muitas de suas características. “Já Miguel sofre por ser um grande agregador e, quando não consegue isso, vai definhando”, explica Bhener, que trouxe sua vivência de morro para a construção do espetáculo. “Muito do que se vê no palco é fruto das dicas e observações trazidas pelo elenco, o que foi fundamental”, reitera Barchilon.

Em meio à fragilidade de seu namorado e de seu irmão, Julia se destaca como a sustentação necessária, observa Carol. “Ela é o pilar da comunidade, é quem se mantém firme quando tudo está abalado”, comenta a atriz que, como todos do elenco, recebeu uma consultoria de representações raciais e de gênero da psicóloga Deborah Medeiros, que também fez uma análise crítica de narrativa e letramento racial, atuando em todas as áreas do musical.

“Não existem decisões que sejam apolíticas e elas sempre vão reforçar o que está estabelecido ou vão avançar para uma mudança. Por isso foi importante trabalhar com os autores, a direção, o elenco, cenografia, figurino, coreografia, iluminação, até sobre a peça gráfica de divulgação, enfim todas as instâncias, para identificar se o discurso estava coerente com as questões que eles queriam tratar no musical”, explica Deborah.

Outra cena do musical Rio Uphill, direção de Gustavo Barchilon. Foto Caio Gallucci

Como a trilha sonora traz diversos gêneros como samba, rap e funk, entre outros, a coreografia foi fundamental para manter a coerência, mesmo quando um ritmo é repentinamente trocado por outro. “Buscamos elementos da realidade do samba e do funk basicamente, mas sem cair no estereótipo”, comenta Gabriel Malo, que assina a coreografia ao lado de Nyandra Fernandes. “Para isso, foi fundamental trabalhar junto do diretor musical Carlos Bauzys, que entende da fusão desses detalhes, e também da colaboração do elenco que trouxe sua vivência.”

“Tudo foi muito colaborativo para que atingíssemos um objetivo: criar um musical ambientado no Brasil, com sua gente e seus problemas, mas que tivesse acima de tudo as principais características de um musical da Broadway“, reforça Barchilon.

O elenco é completado por Andrea Marquee, Priscila Araújo, Osmar Silveira, Ana Elisa Schumacher, Kaue Penna, VN Rodrigues, Bruno Sankofá, Rafael de Castro, Julia Perré, Carol Donato, Jessica Santos, Vicenthe Oliveira, Peter, Léo Aruom e Lucas Alfred.

Serviço

Rio Uphill – o Musical

Teatro Villa-Lobos. Shopping Villa-Lobos. Av. Drª Ruth Cardoso, 4777

Sextas, 20h. Sábados, 17h e 20h. Domingos, 15h e 18h. R$ 40 / R$ 160

Até 16 de fevereiro (estreou 18 de janeiro)

[acf_release]
[acf_link_para_comprar]

Ficha Técnica

[acf_ficha_tecnica]

Serviço

[acf_servico]