Comédia musical escrita por Vitor Rocha para adultos e crianças tem criatividade, emoção e encantamento
Por Ubiratan Brasil
Durante o necessário período de reclusão social na pandemia, a atriz e cantora lírica Julianne Daud manteve um contato mais próximo com seus 6 animais de estimação, observando como era a interação e a até a comunicação entre eles. Surgiu a ideia de transformar essa relação em um musical e, depois de alguns anos, o projeto nasce como Petshop, o Musicão, espetáculo para adultos e crianças que estreia no sábado, dia 9, no Teatro Bravos, localizado no mesmo edifício do Instituto Tomie Ohtake.
“Além de divertir, é um espetáculo que trata também de temas sérios, como abandono de bichos e o uso de animais em experiências científicas”, observa Fernanda Chamma, que assina a direção artística e uma coreografia criada para um elenco de 16 artistas, uma mescla de talentos mais tarimbados com outros que estão em ascensão. “Para cada um, desenvolvemos uma direção de movimento própria, para que não ficasse uníssono. E, para isso, foi importante a colaboração de cada um, tornando a direção em um ato colaborativo”, diz ela.
A comédia musical acompanha a trajetória de MC (Luiza Porto), uma chihuahua que lidera todos os animais que vivem em uma PetShop à espera de um dono. Ela é auxiliada por um fiel ajudante, o labrador Bola (Theo Barreto), mas a rotina se quebra quando acontecem dois fatos inusitados. No primeiro, ela descobre a ameaça de a petshop ser demolida para dar lugar a um estacionamento.
No segundo, o polical Caláf (Willian Sancar), um pastor alemão que tem uma queda por MC, pede para ela abrigar Mussarela (Arthur Berges), um vira-lata descolado que foi criado pelas ruas e não teve se quer quem lhe desse um nome, mas que arrumou confusão com o vilão Ferrugem (Adriano Tunes), doberman que foi abandonado e, por isso, transforma a frustração em raiva. Ele conta com a ajuda do fiel capanga Dibruço (Vinícius Loyola), vira-lata que fugiu de um laboratório onde humanos o utilizavam como cobaia em testes de produtos, para caçar o desaparecido.
“É Os Saltimbancos do nosso tempo, com outras questões e tratando de outros problemas”, comenta o ator e dramaturgo Vitor Rocha, responsável pelo texto e pelas letras das canções – a direção musical é do maestro Fabio G. Oliveira, também idealizador e produtor do projeto, ao lado de Julianne Daud. Vitor se refere à fábula musical traduzida e adaptada para o português por Chico Buarque de Hollanda, que estreou em 1977, de um original italiano, ao qual ele acrescentou canções originais, hoje clássicas.
Vitor conta que seu primeiro desafio foi encontrar uma personalidade própria para cada personagem. “O figurino e a maquiagem já revelam muito sobre como é cada um. Assim, pretendo que o público perceba que, embora veja bichos no palco, são na verdade humanos encenando problemas que todos enfrentamos”, conta ele. “Fazer uma peça que seja não só para a criança, mas para toda a família, é muito desafiador por conta da concorrência da tecnologia. Então, defini as particularidades de uma forma que só o teatro pode mostrar.”
O elenco seguiu à risca tal premissa. “Buscamos não interpretar um animal, embora isso aconteça em alguns momentos, como lamber as patas e balançar o rabo”, conta Vinícius Loyola. “Mas o ideal é buscar a identificação com a plateia. Meu personagem, Mussarela, é agitado e brincalhão como uma criança”, acrescenta Arthur Berges.
Como se trata de uma fábula, todos têm características muito expressivas. “Caláf, por exemplo, pensa ser o xerife da região e até fala de um jeito detetivesco”, comenta seu intérprete, Willian Sancar. “Mas a mais organizada, a que comanda a situação é a MC”, orgulha-se Luiza Porto, cujo nome de sua personagem inclui as iniciais de Maria Callas, uma das maiores (se não a maior) cantora lírica de todos os tempos. Trata-se também de uma homenagem a uma chihuahua que pertenceu a Julianne e que carregava o mesmo nome.
Outra homenagem é a gata Fedora (Giovana Zotti), diva que já foi estrela dos comerciais de ração para felinos e que ainda acredita atrair uma legião de fãs. “É uma brincadeira afetuosa com nossa diretora Fernanda Chamma. Brinco com seu jeito de falar”, conta a atriz.
Além de entreter, o espetáculo traz ainda importantes referências sobre o cuidado com os animais. “Ser abandonado é muito doloroso, aquilo vira uma marca no bicho”, comenta Adriano Tunes, citando Ferrugem como exemplo.
Para criar a trama, Vitor Rocha (que vem perdendo aos poucos medo de cachorro) assistiu a vários filmes com e sobre animais, mas a referência principal foi a animação Sing, que traz a relação dos bichos com a música. “Mas eu queria também focar em personagens que pensam diferente, que vêm de um ambiente totalmente distinto daquele onde têm de viver. Isso ajuda ainda a ampliar o pensamento da criança. Por isso, cheguei em longas como Escola do Rock e Mudança de Hábito, histórias de lugares tradicionais (uma escola e um convento) que são modificados com a chegada de uma pessoa diferente.”
“É um espetáculo diversificado em termos de música. São diversos tipos de animais, de gatos a porco da Índia e várias raças de cachorros. A dramaturgia do Vitor Rocha nos inspira essa variedade musical”, afirma o maestro Fábio G. Oliveira, que trabalhou com as composições criadas por Vitória Maldonado. Como eles têm estilos diferentes em suas composições, o resultado final reúne ritmos diversos, como samba, reggae, tango, jazz e música orquestral.
Os figurinos foram realizados por Theo Cochrane e o visagismo, por Anderson Bueno. A cenografia colorida criada por Marco Lima seguiu uma ideia de Fernanda Chamma, de ter o petshop no centro e as laterais serem ocupadas por becos nada amigáveis. E as coreografias de sapateado têm a assinatura de uma especialista: Chris Matallo.
O elenco é completado por Isabella Oya (Lola), Anaiza (Maya), Isabella Daneluz (Peteca), Pedro Meireles (Polyvox), Roberto Justino (Safira), Rodrigo Spinosa (Peixoto), Andreas Trotta (Shoyu), Julia Berlim (Belinha) e Gustavo Ferreira (Bartolomeu).
Serviço
Petshop, o Musicão
Teatro Bravos (Complexo Aché Cultural) – Rua Coropé, 88.
Sábados, 15h e 17h. Domingos, 11h e 15h. R$ 40 / R$ 120
Estreia 9 de março. Até 12 de maio
Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/90489/d/237011
PATROCINADORES
Master Bradesco Seguros
Patrocínio Vivo
Patrocínio Soebe Construção e Pavimentação
Apoio Pet Love