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“Palhaços” mostra como é possível alcançar a redenção por meio da arte

Sinopse

Peça escrita por Timochenko Wehbi nos anos 1970 ganha densidade na encenação de José Rubens Chachá, que festeja 50 anos de carreira, e Caio Paduan

Por Ubiratan Brasil

O palhaço Careta se surpreende ao encontrar um espectador em seu camarim, o vendedor de sapatos Benvindo. O encontro faz com que ambos questionem a vida e a própria existência de uma maneira espirituosa. Esse é o ponto de partida de Palhaços, peça escrita por Timochenko Wehbi (1943-1986), que estreia no sábado, dia 9 de março, no Teatro Opus Frei Caneca.

Wehbi era especialista em uma dramaturgia construída a partir de personagens densos, que eram surpreendidos em momentos de solidão, memórias e lembranças, nas obscuras zonas que interligam o real e o imaginário. “Careta representa uma infinidade de artistas nacionais que são marginalizados, que são vistos como mal sucedidos, mas que, na verdade, sentem a falta de apoio público e da sociedade”, comenta José Rubens Chachá que, com esse papel, festeja 50 anos de carreira artística.

Caio Paduan e José Rubens Chachá em cena de Palhaços. Foto Ronaldo Gutierrez

“Ele está no fundo do poço e encontra alguém com quem pode brincar para tirar um pouco dessa frustração. O teatro do Wehbi era político e, pela primeira vez, esse texto é montado como ele esperava: não como uma comédia, mas como um embate psicológico”, continua.

Com direção de Léo Stefanini, a peça mostra que, durante a conversa, os personagens passam a se provocar, como em um jogo entre figuras opostas, desestabilizando crenças e valores, que se desnudam e refletem acerca de suas escolhas.

Benvindo é o cidadão comum do nosso país, que não tem acesso a praticamente nada. Ninguém escolhe ser medíocre, mas se torna assim a partir das condições de vida que lhe são (ou não) oferecidas”, comenta o ator Caio Paduan, intérprete do personagem, outro em sua elogiada busca profissional por papeis relevantes na dramaturgia nacional.

“Ele é bem brasileiro no pior e no melhor sentidos. No pior, com a origem repressiva, que explica lapsos agressivos. Mas é um rapaz bom, puro, apaixonado por circo e palhaço, e que busca uma esperança na arte”, afirma.

Segundo Stefanini, as distâncias e as proximidades existentes entre Careta e Benvindo remetem à metáfora dos homens que lhes assistem na plateia. “Os questionamentos trazidos pelos personagens são atuais, ainda que a peça tenha sido escrita em 1974”, afirma. “Os conflitos mostrados no palco são semelhantes aos vividos por muitas pessoas – afinal, nunca se fez tanta terapia como nos últimos anos.”

Caio Paduan e José Rubens Chachá no espetáculo Palhaços. Foto Ronaldo Gutierrez

Na preparação da peça, Stefanini se baseou em anotações deixadas pelo autor. “São histórias pessoais, mas que mostram como ele foi tocado pelo assunto”, diz. Segundo ele, quando tinha 6 anos e ainda vivia em Presidente Prudente, Wehbi ficou encantado com um circo que veio à cidade. Em busca de uma atriz para a peça a ser encenada, o dono do circo fez testes e escolheu a irmã do futuro dramaturgo para atuar.

“Timó foi assistir ao ensaio e ficou fascinado com a presença do palhaço como ponto, aquela função em que a pessoa ‘assoprava’ as falas para ajudar os atores que esqueciam”, conta Stefanini. “Mas o que mais o impressionou foi perceber que o palhaço derrubara uma lágrima durante o ensaio.”

No ano seguinte, o circo voltou à cidade e o jovem Wehbi correu para reencontrar aquele palhaço. “Só que ele recebeu a trágica notícia de que o artista se suicidara. Foi um choque e isso, de uma certa forma, marcou sua carreira e sua forma de se expressar por meio do teatro.”

Serviço

Palhaços

Teatro Opus Frei Caneca. Shopping Frei Caneca. Rua Frei Caneca, 569

Sextas, 20h. Sábados, 18h. Domingos, 17h. R$ 40 / R$ 120

Estreia 9 de março. Até 27 de abril

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Ficha Técnica

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Serviço

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