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“Pagu – Até Onde Chega a Sonda” retrata a artista brasileira que é símbolo do feminismo

Sinopse

No espetáculo solo, Martha Nowill reflete sobre a vida não só dela e de Pagu, mas de todas as mulheres

Por Kyra Piscitelli

Martha Nowill acompanha com felicidade a longa trajetória de seu solo Pagu – Até Onde Chega a Sonda – o espetáculo que está em cartaz no Teatro Vivo estreou no final de 2022, no Sesc Pompeia, e ainda passou pelo Teatro Eva Herz até iniciar sua terceira temporada.

“Sinto que é muito importante o fato de a peça estar novamente em cena, pois significa que ainda tem algo a oferecer ao público e também para a cidade de São Paulo. É como se tivesse vida própria e vai caminhando para outras temporadas”, diz a atriz. 

No palco, duas mulheres têm suas histórias contadas. A da escritora, poeta, feminista, desenhista, jornalista e militante Patrícia Rehder Galvão, conhecida por Pagu (1910-1962), que, em 1939, foi presa pela ditadura de Getúlio Vargas, na Casa de Detenção. E também de Martha, autora que também está em cena, no auge do seu puerpério e da pandemia de 2021.

Martha Norwill em Pagu – Até Onde Chega a Sonda. Foto Rodrigo Chueri

Em cena, os dois femininos dividem e se misturam no espaço. As personagens compartilham temas como machismo, maternidade, feminismo, suas angústias, alegrias e processos criativos. Com humor e autoironia, Martha coloca uma “lente de aumento” em fatos cotidianos, refletindo sobre a vida não só dela e de Pagu, mas de todas as mulheres.

“Trazer a Pagu para o centro da cena é muito importante porque primeiro ela precisa estar como protagonista e a gente precisa falar dela e sobre a obra dela”, comenta Nowill. “Muito foi falado sobre a vida dela, mas nem tanto sobre sua obra. Ela precisa estar em cena para que as pessoas conheçam essa obra e a importância dessa mulher. Se hoje a gente tem espaço, possibilidades e direitos mais equilibrados é porque as mulheres que vieram antes da gente deram a cara à tapa – só lembrando que Pagu foi presa mais de 20 vezes.”

Escrito inédito

Um manuscrito, inédito até então, deixado por Pagu, é o ponto de partida da peça, que tem direção de Elias Andreato. Em maio de 2018, Martha Nowill conheceu Rafael Moraes, um colecionador de arte, que lhe apresentou um manuscrito inédito de Pagu, escrito na casa de detenção em 1939, durante a ditadura de Getúlio Vargas. Rafael havia comprado o manuscrito e outros objetos pertencentes à artista de um leiloeiro, 20 anos antes.

Martha viu ali potencial para a realização de um espetáculo, mas havia dificuldade em transformar o texto de Pagu, tão denso, poético e pouco narrativo, em teatro. Ela se associou à produtora Dani Angelotti e, juntas, o projeto começou a ganhar forma.

Martha também contou com a colaboração da atriz e diretora Isabel Teixeira, que ajudou a unir a história de Pagu com a da própria atriz. Além de trechos do manuscrito inédito, Martha traz também sua história como mães de gêmeos nascidos em plena pandemia e promove um encontro cênico de mulheres com uma diferença de mais de 60 anos no tempo.

A atriz desenvolveu uma escrita feita a partir de depoimentos, na qual ela se mistura com Pagu e seu manuscrito. Desse processo, nasceu a dramaturgia, que traz trechos do manuscrito original de Pagu, entrecortados por relatos pessoais, resultando em um encontro improvável e cheio de pontos de diálogo entre mundos separados por mais de 60 anos.

Martha Norwill em cena de Pagu – Até Onde Chega a Sonda. Foto Rodrigo Chueri

“É legal que seja um recorte novo, uma coisa inédita, porque é importante trazer para o hoje: quem somos hoje? No caso da peça, Pagu dialoga com o meu puerpério, a minha artista dialoga com a dela, e muitas mulheres se identificam comigo, com ela, isso é importante”, pondera a autora. 

Flip vai homenagear Pagu

Pagu será autora homenageada deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que acontece entre 22 e 26 de novembro, na cidade fluminense.

“Acredito que a figura da Pagu está no ar, há coisas sendo feitas sobre ela, pessoas falando sobre ela. Claro que as antenas da Flip captam o movimento e se unem a isso. Por ela ser a homenageada da festa literária, as pessoas também prestam mais atenção na Pagu e no que se fala sobre ela e sua história. O projeto ganha com isso e é bom estar em cartaz”, comenta. 

Pagu escreveu Parque Industrial em 1933, com o pseudônimo de Mara Lobo, e A Famosa Revista, publicado em 1945 em colaboração com seu marido Geraldo Ferraz. Lançou ainda diversos contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter. A escritora também foi responsável por traduzir grandes autores, muitos deles inéditos no Brasil na época, como James Joyce, Eugene Ionesco, Fernando Arrabal e Octavio Paz.

Serviço

Pagu – Até Onde Chega a Sonda

Teatro Vivo. Avenida Chucri Zaidan, 2460

Quartas-feiras, 20h. R$ 60

Até 4 de outubro

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Ficha Técnica

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Serviço

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