Em “Capiba, Pelas Ruas Eu Vou…’, músico que foi um dos grandes nomes do frevo é homenageado por 45 bailarinos-cantores do Aria Social
Por Ubiratan Brasil
A música brasileira é repleta de nomes que, reverenciados na sua época, correm o perigoso risco do esquecimento. Um deles é o pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa (1904-1997), mais conhecido como Capiba. Autor de canções que se tornaram clássicas, como a valsa-rancho Maria Bethânia (1944), gravada com imenso sucesso por Nelson Gonçalves e que inspirou o menino Caetano Veloso a sugerir esse nome para a irmã recém nascida, ele também foi um dos grandes nomes do frevo. É esse grande artista o homenageado no musical Capiba, Pelas Ruas Eu Vou…, que fará poucas apresentações nos teatros Santander e Sabesp Frei Caneca, em São Paulo.
Trata-se de uma justa homenagem. Capiba escreveu valsas, canções, frevos, maracatus, estudou com Guerra Peixe, compôs peças eruditas para piano, trio para violão, violino e violoncelo, concerto para flauta, musicou o Soneto da Felicidade, de Vinicius de Moraes, escreveu peças para o Quarteto Armorial, enfim, foi um artista completo, que atuou em todos os gêneros e sempre com imensa qualidade.
“Capiba é o maior compositor de frevos pernambucanos, mas sua obra vai muito além desse ritmo, com valsas, choros, maracatus, sambas, marchas e música erudita, chegando a mais de 300 composições, entre elas a ópera ‘Missa Armorial’, uma obra-prima. É isso que mostramos no espetáculo: a multiplicidade e a riqueza do legado de Capiba”, conta a bailarina Cecilia Brennand, presidente do Aria Social e diretora-geral do musical.
O Aria Social atende mais de 450 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, transformando vidas por meio da arte. Para isso, o projeto conta com aulas de dança e música, realizadas no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, zona sul da Região Metropolitana do Recife. Com 45 bailarinos-cantores do Aria Social e 19 músicos no elenco, o espetáculo já foi visto por mais de 13 mil espectadores desde que estreou em 2022.
Com duração de aproximadamente uma hora, o musical passa pelos principais momentos da vida de Capiba, desde o nascimento em Surubim, no agreste pernambucano, onde já lia partituras mesmo antes de aprender a ler, até se tornar um grande músico sem nunca abandonar a condição de funcionário do Banco do Brasil e também de graduado na Faculdade de Direito do Recife.
Valsa Verde, uma das mais famosas composições de Capiba, é uma das que, entre frevos dos anos 1930, valsas apaixonadas, sambas, maracatus, ciranda, marchas e ópera, servem de trilha para Capiba, Pelas Ruas Eu Vou…, que conta também com uma orquestra de câmara e projeções de cinema e fotografias durante a apresentação.
A música sempre acompanhou Capiba desde pequeno, graças à influência familiar: seu pai, Severino, era maestro, compositor, cantor e diretor de bandas, e ensinou música aos 13 filhos. Daí o cuidado no espetáculo com a direção musical e a regência, sob a responsabilidade da maestrina Rosemary Oliveira, vice-presidente do Aria Social, além da concepção, direção artística e coreografia de Ana Emília Freire.
“Não devemos esquecer a música de Capiba porque ela tem uma importância enorme para o Brasil e para Pernambuco. Um espetáculo como esse é uma oportunidade de divulgar a extraordinária música para as próximas gerações”, elogiou Zoca Madureira, violonista, compositor e pesquisador da música popular brasileira de tradição.
Serviço
Capiba, Pelas Ruas Eu Vou…
Nos dias 5 e 6 de agosto, às 20h, apresentações em
Teatro Santander. Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041. R$ 30 / R$ 70
Nos dias 13 e 14 de agosto, às 20h, apresentações em:
Teatro Sabesp Frei Caneca. Shopping Frei Caneca. R. Frei Caneca, 569. R$ 30 / R$ 70
