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Mouhamed Harfouch usa o riso para refletir sobre pertencimento

Sinopse

Ator, autor e produtor mostra, no divertido monólogo “Meu Remédio”, como foi crescer com um nome tão emblemático, fruto de pai sírio e mãe portuguesa

Por Ubiratan Brasil (publicada em 9 de setembro de 2025)

O título da comédia Meu Remédio é explicado durante o espetáculo e, como causa uma agradável surpresa no público, não vale a pena revelar. Mas o monólogo escrito, produzido e estrelado por Mouhamed Harfouch, em cartaz no Teatro Santos Augusta, utiliza o riso para comunicar sua humanidade.

Com direção de João Fonseca, a peça mergulha em memórias, identidades e afetos. Em cena, Harfouch relembra fatos de sua infância e juventude no Rio de Janeiro como filho de um sírio e de uma portuguesa. A mistura genética traz recordações engraçadas em sua maioria, mas também revela como os temas identidade, pertencimento, ancestralidade e autoaceitação podem causar ruído na sociedade.

Mouhamed Harfouch em cena no monólogo Meu Remédio. Foto Gustavo de Freitas Lara

Meu Remédio nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes e crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 1970, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos”, explica Harfouch.

A ideia da peça nasceu durante as gravações da novela Órfãos da Terra, da TV Globo, quando o ator foi levado a revisitar suas raízes e encarar memórias profundas. Mas brotou mesmo durante a turnê com a peça Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito, ao lado de Vera Fischer, quando o processo se intensificou, levando-o a necessidade de transformar seu passado em arte.

“Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, conta.

Mouhamed Harfouch em cena com música no monólogo Meu Remédio. Foto Gustavo de Freitas Lara

Intérprete versátil, Mouhamed Harfouch comemora 30 anos de carreira como ator, com mais de 40 produções teatrais, além de novelas e filmes. Muitos trabalhos aconteceram no teatro musical, o que justifica a presença de algumas canções, entre hits e paródias, cantadas e tocadas ao vivo por ele, marcando transições importantes da narrativa.

Entre um riso e outro, Harfouch convida o público a refletir sobre o próprio passado e como ele pode ser útil para o futuro. “Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. Meu Remédio foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo e a arte salva”, finaliza.

Serviço

Meu Remédio

Teatro Santos Augusta. Alameda Santos, 2159

Sábado, 20h. Domingo, 18h. R$ 100 (balcão) / R$ 120 (plateia)

Até 28 de setembro (estreou em 30 de agosto)

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Ficha Técnica

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Serviço

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