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Monólogo inspirado em Dostoiévski busca decifrar os enigmas da própria alma

Sinopse

Leo Horta interpreta e Alexandre Kavanji dirige o espetáculo “O Sonho de um Homem Ridículo”, baseado em conto considerado uma das obras-primas do autor russo

Por Ubiratan Brasil

Se a obra do escritor francês Honoré Balzac consiste em um mosaico de pequenos mundos ao retratar as diversas camadas da sociedade, o russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881) mirou a intimidade e desvendou como nenhum outro a alma humana. “Dostoievski é tão grande”, escreveu o filósofo Nikolai Berdiaev, “que por si só basta para justificar a existência do povo russo.”

Romancista-filósofo por excelência, ele talhou uma literatura que trata dos grandes problemas humanos, tornando-se o símbolo de um monumento à consciência. Antecipando Kafka e também tecendo a teia de toda uma literatura que passou por Machado de Assis e chegou a Albert Camus e Samuel Beckett, Dostoiévski influenciou autores de todos os idiomas com obras como Crime e Castigo, O Idiota e Os Irmãos Karamazov. E não foi apenas nos romances que o russo disseminou imagens que projetam a desumanização do homem – também os textos curtos despontam como um autêntico laboratório de criação.

Leo Horta no monólogo O Sonho de um Homem Ridículo. Foto Camila Campos

Um deles, O Sonho de um Homem Ridículo, é considerado uma obra-prima e sua versão para o palco estreia no dia 4 de julho no Espaço Parlapatões, em São Paulo. Com direção de Alexandre Kavanji e atuação de Leo Horta, o espetáculo busca apontar as similaridades entre a cidade russa de São Petersburgo e o estado brasileiro de Minas Gerais. Na trama, Horta vive um homem decidido a acabar com a própria vida, pois está mergulhado em reflexões sobre suas contínuas frustrações e a falta de significado e propósito no mundo que o rodeia.

O homem adormece em uma poltrona diante de um revólver carregado e tem um sonho fantástico com um mundo perfeito. Desta forma, o conto explora a introspecção do personagem e sua jornada rumo à compreensão de si mesmo e do universo ao seu redor.

Cena de O Sonho de um Homem Ridículo, monólogo com Leo Horta. Foto Pivete

Na verdade, o conto reúne as principais questões que marcam a obra do autor russo. Ao longo dessa tortuosa trajetória, o espectador acompanha como o “homem ridículo” vai do penhasco do suicídio à descoberta de uma verdade transcendental.

“Para a adaptação teatral, nos interessa sobretudo esta narrativa fantástica, a intensidade da interpretação dramática, a inventividade da linguagem cênica, assim como uma reflexão crítica aliada à beleza que a obra de Dostoiévski nos proporciona”, conta Kavanji, no material de divulgação.

Leo Horta na peça O Sonho de um Homem Ridículo. Foto Camila Campos

Para isso, diretor e ator desenvolveram uma detalhada pesquisa para a composição cênica do personagem, seu movimento no espaço e sua linguagem corporal. Foram buscadas referências das artes plásticas, literatura e cinema, além do texto O Louco, ou O Homem que Matou Deus, de Friedrich Nietzsche, que será apresentado como prólogo do espetáculo, e também uma reflexão sobre o mito de Sísifo feita por Albert Camus.

O elemento mais importante da literatura de Dostoiévski é a liberdade espiritual e a possibilidade de escolha entre Deus e o Mal. A culpa, no entanto, sempre esteve presente no caráter do escritor, ciente de que o homem frequentemente fracassa ao fazer tal escolha. É tal questão religiosa que orienta a condução do personagem de O Sonho de um Homem Ridículo.

Terminada a sessão do dia 4 de julho, vai acontecer uma conversa entre o dramaturgo Luís Alberto de Abreu – conhecido pelos espetáculos Bella Ciao, Foi Bom, Meu Bem? e Cala Boca Já Morreu – e o jornalista de teatro Valmir Santos, que se debruça sobre a vida e a obra de Dostoiévski.

Serviço

O Sonho de um Homem Ridículo

Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158

Quinta a sábado, 20h. Domingo, 19h. R$ 40

Até 21 de julho

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Ficha Técnica

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Serviço

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