A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

Mateus Solano estreia monólogo que reflete sobre identidade; veja vídeo

Sinopse

Em “O Figurante”, ator vive um homem que questiona sua existência e papel na sociedade

Por Ubiratan Brasil

Foi a partir de um conto seu inacabado que o ator Mateus Solano criou, em parceria com Isabel Teixeira e direção de Miguel Thiré, seu primeiro monólogo, O Figurante, que chega ao Teatro Renaissance depois de uma temporada no Rio. Trata-se de uma reflexão sobre identidade e protagonismo, por meio da história de um figurante que questiona sua existência e papel na sociedade.

“Eu queria estar só em cena, falando coisas que fossem importantes, caras para mim, mas não sabia exatamente. Inicialmente, seria alguma coisa em cima de um livro do rabino Nilton Bonder”, conta o ator. “De repente, surgiu a ideia de usar o conto do Matheus sobre um figurante, Augusto, um personagem muito bem apresentado”, completa Thiré, que vem de uma família de artistas: sua avó foi Tonia Carreiro e seu pai, o ator Cecil Thiré, ambos falecidos. Sua mãe, Norma Pesce Thiré, é uma atuante produtora teatral.

Mateus Solano em O Figurante. Foto Dalton Valerio

A ideia tomou realmente forma com a entrada de Isabel no projeto e seu jeito peculiar de trabalho. “O que ela faz é tirar do ator o que ele quer falar, mas não sabe o que está fazendo”, diz o diretor. Assim, a dramaturgia foi construída a partir do método Escrita na Cena, desenvolvido por Isabel, que estimulou o ator a explorar sua própria criatividade por meio de improvisos. As cenas criadas por Mateus foram gravadas, transcritas e reelaboradas por Isabel para compor o texto final, preservando a autenticidade das reflexões do personagem.

“Atores e atrizes escrevem no ar da cena, onde vírgula é respiração e texto é palavra dita e depois encarnada no papel. Essa é a tinta de base usada para escrever O Figurante. Partimos de improvisos de Mateus e posteriormente mergulhamos no árduo e delicioso trabalho de composição e estruturação dramatúrgica. O Figurante coloca no centro o que normalmente é deixado de lado, ampliando o olhar para o que muitas vezes passa despercebido”, explica a dramaturga.

Mateus Solano e o diretor Miguel Thiré conversam com o Canal Teatro MF

A peça dá continuidade à pesquisa de linguagem desenvolvida há anos por Thiré e Solano: uma encenação essencial, que se vale basicamente do corpo e da voz como balizas do jogo cênico. “Em cena, o público vê apenas o personagem Augusto. Quando ele está em um set de filmagem, o público imagina essa cena a partir do som do burburinho dos profissionais”, conta Solano. “Assim, aquela figura que passaria despercebida é justamente o centro da atenção.”

Outra cena de O Figurante, com Mateus Solano. Foto Dalton Valério

Solano ainda é muito lembrado pelo público pelo seu personagem Félix, da novela Amor à Vida, escrita por Walcyr Carrasco entre 2013 e 2014. Dono de um humor corrosivo, preconceituoso até, Félix ganhou a aprovação da audiência a ponto de a Globo finalmente liberar a cena do primeiro beijo homoafetivo entre homens em uma novela das nove.

“Félix revela muito do vilão que temos dentro de cada um”, comenta Solano. “É um personagem interessante porque, apesar de todos trejeitos, ele no começo não se assumia homossexual. E a família também não o via como sendo, apesar de todas as evidências. E, quando a personagem da Bárbara Paz anuncia para toda a família ‘o Félix é gay’, quem saiu do armário não foi ele, mas a família brasileira. Quem saiu do armário foi o preconceito de todo o Brasil e de outros países, uma vez que a novela foi assistida no mundo todo.”

Serviço

O Figurante

Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233 – Piso E1

Sextas, 21h. Sábados, 19h. Domingos, 17h. R$ 150

Até 31 de março (estreia 10 de janeiro)

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Ficha Técnica

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Serviço

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