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“Hannah Arendt – Uma Aula Magna” discute a importância do pensamento contemporâneo

Sinopse

Monólogo escrito, dirigido e interpretado por Eduardo Wotzik traz, com tom bem-humorado e reflexivo, ideias sobre educação

Por Ubiratan Brasil

A filósofa política alemã Hannah Arendt (1906-1975) foi uma das primeiras teóricas a apontar o totalitarismo como o regime político que mudou o entendimento sobre política e natureza humana. Foi com o livro Origens do Totalitarismo, publicado em 1951. Ali, ela avalia o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800 e prossegue analisando o imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Por fim, Arendt discute as instituições e operações desses movimentos, centrando-se nos dois principais regimes totalitários do século XX: a Alemanha nazista e a Rússia stalinista. Devido ao seu pensamento independente, Arendt tem um papel central nos debates contemporâneos. Seu sistema de análise a converte em uma pensadora original, situada entre diferentes campos de conhecimento.

Eduardo Wotzik no espetáculo Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Foto Maringas Maciel

Motivado pelo trabalho da teórica, Eduardo Wotzik escreveu, dirige e protagoniza o monólogo Hannah Arendt – Uma Aula Magna, em cartaz no CCBB de São Paulo. O público acompanha como se estivesse assistindo a uma aula sobre educação e a importância do pensamento para o mundo contemporâneo.

“Antes da pandemia já se sentia a ascensão da ignorância no planeta”, comenta Wotzik, no material de divulgação. “A arte tem um olhar sobre o mundo devido a sensibilidade. A educação é um tema sempre em pauta e estava organizando ideias, quando iniciei um diálogo próximo com a obra de Hannah Arendt. Extraí o principal dela e uni com pensamentos meus até construir uma unidade. Ela teve uma experiência forte ao assistir o julgamento de Adolf Eichmann em 1961; explicita as diferenças entre educar e ensinar, reflete sobre a banalidade do mal. É uma aula especial de Arendt falando para o mundo hoje, um papo reto com humor possibilitando uma empatia com os espectadores.”

Hannah Arendt nasceu na Alemanha em 1906 e vivenciou os horrores da perseguição nazista, o que motivou a sua pesquisa sobre o fenômeno do totalitarismo. Em Eichmann em Jerusalém (1963), ela acompanhou o julgamento do carrasco nazista Adolf Eichmann no tribunal de Nuremberg. Durante o processo, porém, em vez do monstro sanguinário que todos esperavam ver, surge um funcionário medíocre, um arrivista incapaz de refletir sobre seus atos ou de fugir aos clichês burocráticos. Isso motivou Hannah Arendt a escrever um de seus principais textos teóricos, em que descortina a “banalidade do mal”, ameaça maior às sociedades democráticas.

Eduardo Wotzik no espetáculo Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Foto Fernanda Mantovani

No palco, Wotzik, de salto alto e barba, incorpora o papel da cientista política. A encenação é minimalista, com um figurino marcado por sobreposições com toques femininos por meio de um par de óculos e um salto alto que ajudam a caracterizar o lado híbrido da personagem em cena. E o cenário é um cubo, como se fosse um pedaço do Memorial do Holocausto, localizado no centro de Berlim, que vai se transformando ao longo da montagem.

A peça dialoga de forma precisa com o que acontece na atualidade. “A trama levanta no público a ideia de que precisamos trabalhar os estilhaços de Eichmann que existem em cada um de nós. Outra questão é que a peça também é uma homenagem ao professor, não só no sentido literal, mas também aquele que decide educar o outro. No início do projeto, se enxergava a ascensão da ignorância, era algo iminente, agora o perigo é constante, se revelou”, comenta Wotzik.

Serviço

Hannah Arendt – Uma Aula Magna

Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. Rua Álvares Penteado, 112

Quintas e sextas, 19h. Sábados e domingos, 17h. R$ 30

Até 12 de maio

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Ficha Técnica

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Serviço

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