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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

“Furacão” exibe as consequências do Katrina na comunidade negra do sul dos EUA

Sinopse

A voz de uma velha negra, de quase cem anos, ecoa em cena a partir do livro homônimo do escritor francês Laurent Gaudé, fazendo um percurso da ancestralidade à contemporaneidade, expondo a tragédia vivida pela população negra em meio a um dos maiores desastres naturais em terras americanas

Por Redação Canal Teatro MF

Cidades imersas em água ou destruídas pelo fogo em um passado não tão distante eram imagens distópicas de um planeta em colapso. Hoje já não podemos nos referir a essas paisagens como algo que se dará em um futuro longínquo. Los Angeles pega fogo. O Estado do Rio Grande do Sul no ano passado se viu tomado pelas águas. Há 20 anos, no sul dos Estados Unidos, um furacão, o Katrina, tomou conta da região matando mais de 1500 pessoas na cidade de Nova Orleans, em um dos maiores desastres naturais que os americanos já viram, deixando oitenta por cento da comunidade em baixo d´água. 

Foi a partir desse acontecimento que o francês Laurent Gaudé construiu uma obra literária, uma espécie de ópera em que os solos de diversas personagens se unem num amplo coro para transmitir o grito da cidade abandonada à sua sorte. A partir da leitura deste livro, a companhia carioca Amok Teatro criou um espetáculo onde expõe os problemas da emergência climática, de um ponto de vista dos excluídos que emergem dessa alarmante situação. Baseado na obra homônima do escritor francês, Furacão estreou no Sesc Santana

Cena da peça Furacão. Foto Renato Mangolin

Para fazer ecoar uma voz que une a ancestralidade com a contemporaneidade desse discurso, bem no coração de uma tempestade, uma velha negra de quase cem anos enfrenta a fúria da natureza. Com a presença dessa mulher marcada pela segregação racial, acompanha-se uma história que poderia ser também a de tantas outras mulheres brasileiras. 

Furacão coloca em cena uma poderosa personagem feminina alertando para a situação dos excluídos diante das catástrofes climáticas que devastam o planeta em uma narrativa que funde a gravidade do trágico com a doçura da fábula, exaltando a beleza comovente daqueles que, apesar de tudo, permanecem de pé”, explica a fundadora do Amok Teatro, Ana Teixeira, que assina a direção e adaptação do texto de Laurent Gaudé, ao lado do parceiro Stephane Brodt.

Sirlea Aleixo em Furacão, da companhia Amok Teatro. Foto Renato Mangolin

E, para dar ênfase ao ponto de vista que o espetáculo imprime, ela ressalta que em 2005, quando o Katrina devastou o sul dos EUA, “assistimos a pessoas brancas dos bairros ricos sendo evacuadas e, as mais pobres, em sua maioria pessoas negras, abandonadas à própria sorte”. A partir disso, o espetáculo não se exime de expor a diáspora africana e todas os enfrentamentos que perduram até hoje e narra a catástrofe do ponto de vista de uma velha mulher negra. 

A atriz Sirlea Aleixo dá voz a Joséphine Linc Steelson, auxiliada dos músicos Rudá Brauns e Anderson Ribeiro, em companhia da cantora Taty Aleixo no vocal, em uma ambientação cênica para firmar Nova Orleans como berço do jazz – tudo acontece em um espaço inspirado no Preservation Hall Jazz Band, uma pequena casa de jazz em Nova Orleans. 

Serviço

Furacão

Sesc Santana. Av. Luiz Dumont Villares, 579

Quinta a sábado, 20h. Domingo e feriado, 18h. R$ 60

Até 16 de fevereiro (estrou 18 de janeiro)

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Ficha Técnica

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Serviço

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