Ao Canal MF, atriz diz que a liberdade e a acidez que usa em suas redes sociais atraem o público LGBTQIAPN+
Por Fabiana Seragusa
Quem acompanha Flávia Reis pelo Instagram sabe que ela é muito ativa por lá e sempre compartilha vídeos de humor que atraem milhares de curtidas e comentários em cada post. E são esses seguidores engajados que mudaram o tipo de público que a acompanha nas turnês da comédia Neurótica, em cartaz atualmente no Teatro UOL, em São Paulo.
“O meu público mudou de perfil em função do meu Instagram. Eu tenho um diálogo muito aberto com o público LGBTQIAPN+, e esse público tem sido a metade da minha plateia”, conta a artista. “Talvez pela liberdade com que eu me expresso nas minhas redes sociais. Acho que esse público se identifica com uma certa liberdade e acidez nos textos que escrevo e vai ao teatro me ver. E mulheres sempre foram assistir a Neurótica, continuam indo! As mulheres vão ao teatro, fato!”
A peça estreou há 10 anos e mostra uma terapeuta durante uma palestra peculiar e equivocada sobre neuroses, que apresenta mulheres com um perfil, digamos, “histérico”. Nisso, surgem 11 figuras interpretadas por Flávia, como uma idosa pessimista que prevê o fim do mundo, uma moça que perde o próprio carro em um estacionamento, uma cerimonialista que se atrapalha ao atender vários celulares ao mesmo tempo e a Vanda da Van, uma motorista que leva os artistas para o teatro – essa personagem foi criada para a abertura das peças de Paulo Gustavo.
“Eu tenho um pouquinho de cada personagem da peça na Flávia Reis e acho que a peça é sobre isso: ninguém é uma coisa só, né? Nós somos complexos, profundos e vulgarmente chamados de neuróticos de maneira rasa”, afirma. A direção do espetáculo é de Márcio Trigo, e as sessões seguem lotadas na capital paulista.
Segundo a atriz, o roteiro, criado em parceria com Henrique Tavares, é adaptado frequentemente. “A peça está completando 10 anos, os tempos mudaram especialmente nas questões referentes ao feminismo, ao patriarcado… O espetáculo tem alguns trechos que eu adapto não só o texto, mas também o tom de cada personagem.” E destaca o sucesso de uma personagem que sempre se manifesta sobre assuntos políticos atuais. “Os trechos do espetáculo que tratam de questões políticas do momento, que inc omodam a sociedade, são sempre aplaudidos.”
Flávia Reis vem construindo e consolidando sua carreira em diferentes frentes. Ela venceu o reality LOL: Se Rir, Já Era! (Amazon Prime), em 2021, ganhando maior visibilidade entre os fãs de stand-up, foi destaque como Marineide na novela Travessia (TV Globo), que terminou em maio de 2023, conseguindo ainda mais alcance nacional, e estreou como Val na série Sem Filtro (Netflix), disponível desde fevereiro no catálogo do streaming.
Já em relação ao teatro, que é onde consegue reunir presencialmente parte dos admiradores de cada um desses segmentos, a artista ressalta a falta de investimento, mas também a participação maior dos espectadores. “Falta não só espaço para divulgar teatro, como falta teatro para dar conta dos artistas que produzem no país. Falta política cultural efetiva, né? Sinto que depois da pandemia a gente está numa crescente em relação à frequência do público no te atro, as pessoas estão necessitando desse encontro ao vivo. A gente está em um momento muito bom, as pessoas querem consumir teatro, e é muito importante que as peças sejam bem divulgadas.”
Os planos artísticos preveem não apenas projetos para o teatro, mas também para o audiovisual. “Eu estou com outras duas atrizes fazendo um projeto sobre criação de filhos nos dias atuais, para o cinema. Tem outro projeto de um filme meu como protagonista, inspirado numa personagem que eu desenvolvi nas redes sociais, e tem uma série que eu vou gravar ainda neste semestre. Tem bastante coisa boa acontecendo nesse momento da minha carreira.”
Serviço
Neurótica
Teatro UOL
Shopping Páteo Higienópolis. Avenida Higienópolis, 618. Piso Terraço
Sexta, 21H e Sábado, 20H (em setembro e outubro). Sábado, 20H (em novembro). R$ 70 / R$ 120
Até 25 de novembro
