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“Filoctetes em Lemnos” expõe a fragilidade e a imperfeição humanas

Sinopse

Peça com Vinicius Torres Machado, que chega ao Sesc Pompeia, utiliza a história do herói grego para apresentar a matéria de seu próprio corpo

Da Redação Canal Teatro MF (publicada em 8 de julho de 2025)

A história universal está repleta de lendas que foram transformadas em livros e peças por dramaturgos diversos. O mito de Filoctetes, por exemplo, inspirou diversos autores, com destaque para as versões de Sófocles e de Heiner Müller. Foi por meio desses textos que Vinicius Torres Machado concebeu Filoctetes em Lemnos, peça que estreia no dia 11 de julho no Galpão do Sesc Pompeia.

Filoctetes é um herói grego convocado a lutar na Guerra de Troia. Durante a viagem pelo Mar Egeu, Filoctetes é mordido no pé por uma serpente venenosa, causando uma ferida incurável cujo odor gera repulsa nos outros tripulantes da embarcação. Junto a isso, seus gritos de dor se tornam insuportáveis para seus companheiros de armas que, sem saber como lidar com o sofrimento do guerreiro, decidem deixá-lo na ilha de Lemnos, para que possam seguir rumo a Troia. Lá abandonado, Filoctetes vive sozinho por nove anos.

Vinicius Torres Machado em Filoctetes em Lemnos. Foto Ju Paié

Durante a fase final da guerra, um oráculo revela que Troia só poderia ser conquistada com o retorno de Filoctetes, seu arco e suas flechas, herdados de Hércules. Os argonautas, então, regressam para buscá-lo, enviando Odisseu e Neoptólemo para convencê-lo a se juntar novamente a eles. Filoctetes resiste ao pedido, mas acaba cedendo e parte para o campo de batalha, onde desempenha papel fundamental na queda de Troia e no fim da guerra.

É a partir da história do herói grego que Machado apresenta a matéria de seu próprio corpo após a retirada de parte do nervo ciático e de sua musculatura posterior em decorrência do tratamento de um tumor maligno. Sem alguns movimentos de sua perna direita e uma ferida causada pela radioterapia, que há vinte anos se abre de tempos em tempos, Vinicius se aproxima de Filoctetes, patético herói incapaz de suportar suas próprias dores, para tratar da fragilidade da matéria viva atualizada na forma humana.

Vinicius Torres Machado em outra cena do solo Filoctetes em Lemnos. Foto Ju Paié

A direção de Marina Tranjan buscou criar os cruzamentos entre as peças originais de Sófocles e Müller e a narrativa pessoal do performer, criando uma dramaturgia de ações para a persona que está ilhada por nove anos, e se depara diariamente com sua ferida e a imperfeição de sua matéria. A encenação e o programa de ações expõem a fragilidade, mas também a beleza, a presença e o prazer da matéria viva.

O espaço cênico concebido por Eliseu Weide materializa o isolamento do performer no grande Galpão do Sesc Pompeia, distanciando-o tanto do público, quanto de qualquer outra matéria, com exceção de uma mesa consumida pela ferrugem. O herói e a mesa são circundados por terra, ilhados durante toda a ação.

Serviço

Filoctetes em Lemnos

Sesc Pompeia – Galpão. Rua Clélia, 93

Quarta-feira a sábado, 19h. Domingo, 17h. R$ 50

Até 20 de julho (estreia 11 de julho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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