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Festival de Curitiba amplia debate da diversidade sem se esquecer dos grandes astros e estrelas

Sinopse

Mostra de teatro paranaense começa em 25 de março com produções da região Norte ao lado de espetáculos com Marco Nanini, Luís Melo, Bete Coelho e uma direção inédita de Fábio Porchat   

Por Dirceu Alves Jr.

Uma ponte entre o eixo amazônico e a capital paranaense é a principal proposta da 32ª edição do Festival de Teatro de Curitiba, que se realiza entre 25 de março e 7 de abril. Pelo menos, três espetáculos vêm de Manaus e mostram a efervescência de uma cena pouco divulgada no país. “O festival sempre olhou para todos os lados do país, mas agora fomos mais longe e descobrimos um movimento cultural desconhecido”, afirma Fabíula Passini, umas das diretoras da maior mostra de artes cênicas do país. “Se buscamos trabalhar a diversidade, não tem como não ampliar fronteiras e trazer para Curitiba tudo o que é feito no Brasil.”

O espetáculo Ta – Sobre Ser Grande, da Cia. Corpo de Dança do Amazonas, reúne 21 bailarinos no Teatro da Reitoria nos dias 30 e 31 para representar uma tribo da etnia Tikuna e expressar o sentimento de ser do Norte. O musical Cabaré Chinelo, por sua vez, da Cia. Ateliê 23, reconstitui o mundo da prostituição manauara do começo do século XX e será visto em 2 e 3 de abril no Teatro Zé Maria.

Cena de Cabaré Chinelo, da Cia Ateliê 23. Foto Hamyle Nobre

Por fim, Ühpü, que ocupa o Museu Paranaense nos dias 6 e 7, é um misto de performance e ritual xamânico com artistas indígenas e não-indígenas sob a direção de Bu’u Kennedy Ye’pá Mahsã. “É uma manifestação artística que não tem como classificar, algo deslocado do que estamos acostumados a ver”, diz a atriz e produtora Giovana Soar, uma das responsáveis pela curadoria dos 22 espetáculos da Mostra Lúcia Camargo, a seleção oficial da edição, que tem ingressos à venda a partir de 6 de fevereiro no site do festival.       

Além de Giovana, a pesquisadora Daniele Sampaio e o crítico Patrick Pessoa completam o trio de curadores encarregado de investigar montagens em outros festivais ou no circuito das grandes capitais. Giovana e Daniele, por exemplo, foram ao Festival de Teatro da Amazônia, em outubro passado, e voltaram encantadas com uma visão artística local em franca comunicação com a cultura e as riquezas da América Latina. “Como estão mais próximos geograficamente, os artistas do Norte são naturalmente influenciados pela América Latina e nosso papel é promover esse esforço de aproximação para que seus trabalhos cheguem a outros públicos”, justifica Giovana.  

Cena do espetáculo Meu Corpo Está Aqui. Foto Juliana Bizzo

Se 2023 foi o ano das temáticas sociais, inclusivas e identitárias em Curitiba, o conceito deste ano persegue a mesma linha. A temática LGBTQIAP+ aparece no musical Tatuagem, dirigido pelo paulistano Kleber Montanheiro, cartaz do Teatro Guairinha nos dias 27 e 28, e Manifesto Transpofágico, solo da atriz travesti santista Renata Carvalho em encenação de Luiz Fernando Marques, que será visto nas mesmas datas no Sesc da Esquina.

A questão racial é representada por Macacos, solo criado e protagonizado por Clayton Nascimento, que ocupa o Sesc da Esquina em 4 e 5 de abril, e o musical Leci Brandão – Na Palma da Mão, dirigido por Luiz Antônio Pillar, que retrata a cantora e compositora carioca no mesmo teatro, só que nos dias 1 e 2.

O foco da diversidade, porém, é ampliado nesta edição de 2024 para outras pautas. Assim como Cabaré Chinelo, a prostituição é tema de Meretrizes, produção gaúcha dirigida por Camila Bauer e protagonizada por Liane Venturella, apoiada em histórias reais das profissionais do sexo, em cartaz nos dias 29 e 30 no Sesc da Esquina.

Cena de O Fantasma de Friedrich – Uma Pop Ópera Punk. Foto Enrico Verta

Do Rio de Janeiro, Meu Corpo Está Aqui, escrito e dirigido por Julia Spadaccini e Clara Kutner, coloca no palco do Teatro Zé Maria nos dias 30 e 31 quatro atores com deficiência para falar de relacionamento, sexo e desejo. A questão dos povos originários também norteia o solo musical Azira’I, construído com base nas memórias da atriz Zahy Tentehar sobre a vivência com sua mãe, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, que pode ser visto em 6 e 7 de abril no Teatro da Reitoria.

Quem procura nomes conhecidos e celebrados do teatro brasileiro também não vai se decepcionar com o Festival de Curitiba. Em estreia nacional, a comédia Agora é que São Elas!, reunião de nove esquetes escritos e dirigidos por Fábio Porchat, coloca as atrizes Maria Clara Gueiros, Júlia Rabello e Priscila Castello Branco no palco do Teatro Guaíra nos dias 26 e 27. “O festival se preocupa com a comunicação e, quando soubemos que Porchat lançaria uma comédia como diretor, já avisamos aos produtores o nosso interesse”, conta Fabíula.

No mesmo Guairão, o ator Marco Nanini protagoniza Traidor, espetáculo escrito e dirigido por Gerald Thomas, nos dias 29 e 30, e Eduardo Moscovis e Patricya Travassos se revezam em quatro personagens cada em outra comédia de esquetes, Duetos, do inglês Peter Quilter, prometida para 3 e 4 de abril. No terreno da dança, nos dias 6 e 7, é a vez de a Companhia Deborah Colker mostrar a novíssima coreografia, Sagração.  

Cena do espetáculo Mutações. Foto Ale Catan

As atrizes Bete Coelho e Georgette Fadel contracenam na tragicomédia Ana Lívia no Teatro da Reitoria nos dias 26 e 27, enquanto Kiko Mascarenhas interpreta o solo Todas as Coisas Maravilhosas nas mesmas datas no Teatro Zé Maria e o ator Luís Melo estrela Mutações nos dias 5 e 6, no Guairinha.

Duas das mais festejadas companhias do país, os grupos Galpão e Magiluth, também marcam presença na cidade. Os mineiros do Galpão chegam com Cabaré Coragem nos dias 2 e 3 no Guairinha para contar a história de uma trupe decadente que reafirma a arte como lugar de identidade.

Já os pernambucanos do Magiluth apresentam no Palácio Garibaldi, entre 3 e 5 de abril, a peça Apenas o Fim do Mundo, adaptação de uma dramaturgia do francês Jean-Luc Lagarce. “O espetáculo do Magiluth, assim como o solo Manifesto Transpofágico, da Renata Carvalho, estavam programados para o festival de 2020, que foi cancelado por causa da pandemia, por isso é muito bom colocá-los na grade deste ano”, lembra Giovana.    

Duas apostas são montagens curitibanas inéditas que ganharam a atenção da curadoria. Sob a direção de Aristeu Araújo, Três Luzes é um solo da atriz Cássia Damasceno em tom de autoficção sobre uma artista, o seu pai e a sua mãe que poderá ser visto nos dias 6 e 7 no Teatro Zé Maria.

Marco Nanini em cena de Traidor. Foto Gerald Thomas

A outra produção é o musical O Fantasma de Friedrich – Uma Pop Ópera Punk, com direção cênica de Dimis e musical de Enzo Veiga, em cartaz no Guairinha nos dias 30 e 31, que trata de uma adolescente envolvida em questões psicológicas como depressão e bipolaridade. “O festival tem uma constante preocupação em atrair os jovens e colaborar com a renovação das plateias”, garante Fabíula. “Este espetáculo é um que vai agradar a todo mundo.” 

O Festival de Curitiba, entretanto, vai muito além dos 22 espetáculos escalados para a Mostra Lúcia Camargo. Inspirado na vitrine paralela do Festival Internacional de Edimburgo, o chamado Fringe volta a concentrar a parte maciça da programação alternativa em teatros, ruas e parques da capital e da região metropolitana.

Desta vez são 280 montagens vindas das cinco regiões brasileiras que oferecem um extenso cardápio de gêneros e estilos com ingressos que vão da entrada franca até 70 reais, de acordo com a escolha de cada companhia. “Com a programação do Fringe, podemos dizer que produções do Brasil inteiro passarão por Curitiba nestes treze dias e o nosso objetivo de mapear o país está alcançado” completa Fabíula.

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Ficha Técnica

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Serviço

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