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Fernanda Montenegro celebra a visão libertária de Simone de Beauvoir sobre o feminismo

Sinopse

Atriz de 94 anos emociona as plateias do Sesc 14 Bis com sua leitura da obra “A Cerimônia do Adeus”

Por Ubiratan Brasil

Fernanda Montenegro estava com 20 anos quando se aproximou do pensamento feminista da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986). Foi um aprendizado e a leitura tornou-se constante em sua vida. Hoje, aos 94 anos, Fernanda provoca um turbilhão de lágrimas nas plateias que lotam o teatro Raul Cortez, no Sesc 14 Bis, para vê-la em Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir, em que lê trechos da obra A Cerimônia do Adeus. Os ingressos para a temporada de um mês (fica em cartaz até 21 de julho) esgotaram-se rapidamente, na maior busca por bilhetes já enfrentada pelo Sesc em sua história. Agora, as disputa é por ingressos que não são utilizados antes de todas as sessões.

Tamanho furor é justificado. Em cena, Fernanda desperta a imaginação dos espectadores apenas com as palavras, em uma atuação minimalista: ela limita os movimentos para concentrar na fala a narração de uma série de reflexões sobre a obra de 1981 em que a francesa faz um doloroso relato sobre os últimos anos de sua convivência com o também filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980). Assim praticamente imóvel, a atriz modula a voz para que as ideias de Simone se espalhem pela sala. Um único facho de luz a ilumina, destacando seu figurino mas, sobretudo, os grandes e hipnotizantes olhos.

Fernanda Montenegro na leitura Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir. Foto Ubiratan Brasil

Nascida em Paris, Simone de Beauvoir estudou matemática e literatura até ingressar no curso de filosofia na Sorbonne. Lá, conheceu outros jovens intelectuais, como Maurice Merleau-Ponty, René Maheu e Sartre, grupo com o qual logo se uniu estreitamente, criando uma relação aberta, a ponto de permitir compatibilizar liberdades individuais com vida em conjunto. Isso também influenciou sua obra – no primeiro romance, A Convidada (1943), explorou os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual. Já os ensaios críticos de O Segundo Sexo (1949) trazem uma profunda análise sobre o papel das mulheres na sociedade.

Sem personificar Simone, Fernanda empresta sua experiência íntima com a obra, dividindo com a plateia o impacto que a liberdade evocada por Beauvoir teve nessa geração de mulheres. O tempo de preparação e refino para a criação de um ambiente sem interferências demasiadas privilegia a proximidade com o público, que testemunha a prática da liberdade defendida pela escritora, na voz da atriz.

Fernanda Montenegro, que participa da leitura Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir. Foto Leila Fugii

Em 2007, aconselhada pelo ator e amigo Sergio Britto, Fernanda organizou trechos de A Cerimônia do Adeus, que inspiraram a peça Viver Sem Tempos Mortos, estreada em 2009 com direção de Felipe Hirsch. A montagem atual tem trechos de outras obras pois, ao ler Simone de Beauvoir no palco, Fernanda acredita que as pessoas podem se conscientizar da liberdade que a filósofa se impôs e propôs a todas as gerações que a sucederam. “Seu discurso existencial assusta tanto que ainda estamos longe de sua completa realização existencial”, diz ela.

Serviço

Fernanda Montenegro lê Simone de Beauvoir

Teatro Raul Cortez – Sesc 14 Bis. R. Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista

Quinta a sábado, 20h. Domingo, 18h. R$ 60 (ingressos esgotados)

Até 21 de julho

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Ficha Técnica

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Serviço

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