Renata Borges Pimenta fala sobre as audições, os investimentos de quase R$ 8 milhões e a importância do humor
Por Fabiana Seragusa
“Comprar essa peça foi um ato de resiliência”, afirma Renata Borges Pimenta sobre a comédia Beetlejuice, o Musical, que estreou em 6 de outubro no Rio de Janeiro e chega em fevereiro a São Paulo. Ela, que assina a produção geral, conversou com o Canal MF sobre a importância do espetáculo e sobre como a obra fala sobre o desejo pela vida, e não apenas sobre a morte.
Em relação à escolha de Eduardo Sterblitch para o papel-título, Renata destaca que houve a sugestão de seu nome, mas que o ator também entrou em contato para poder participação das audições. “Edu é um ator sensacional. Como diz Tadeu Aguiar, a nossa Marília Pêra de calças.”
Baseada do clássico filme de 1988 de Tim Burton, Beetlejuice – Os Fantasmas se Divertem, a produção se transformou em musical da Broadway em 2019, sendo indicado a oito Tony’s Awards, a principal premiação teatral dos EUA. A história mostra um casal recém-falecido em um acidente de carro, quando ambos se tornam fantasmas presos em sua antiga casa. Quando novos moradores chegam, eles buscam a ajuda de Beetlejuice, um fantasma mais experiente, para aprender métodos nada ortodoxos para expulsar os inquilinos.
A direção da versão brasileira é de Tadeu Aguiar, com direção musical de Laura Visconti e produção da Touché Entretenimento. O libreto original é assinado por Scott Brown e Anthony King, com música de Eddie Perfect. A versão para o português é de Claudio Botelho.
Confira o bate-papo com Renata Borges Pimenta.
Quando você decidiu que esse musical seria o seu próximo projeto? E quanto tempo duraram as negociações?
Quando assisti ao musical, como convidada nas previews na Broadway, foi um privilégio. Eu sabia que o espetáculo tinha que ser produzido por mim. E justamente durante a pandemia, em que a morte assombrava o mundo, a esperança estava abalada e todos seguiam com suas incertezas quanto ao futuro, e nós, profissionais da cultura, não tínhamos previsão para a reabertura dos teatros, eu pensei: “Eu preciso realizar essa peça no Brasil”.
O humor é revolucionário, uma ferramenta poderosa para a reflexão sobre assuntos difíceis, duros. É sublimação, superação. O humor cura. Comprar essa peça foi um ato de resiliência, de crença no futuro, mesmo em tempos sombrios, sem perspectivas no horizonte, então, improvável. Foi um ato de fé na existência, na humanidade, na vida. Uma aposta na nossa capacidade de superação, na humana vocação para a felicidade, mesmo na adversidade.
Cada espetáculo tem algo de especial que torna o projeto único. Em sua opinião, qual característica Beetlejuice tem de mais marcante? Por que ele vai mexer com o público?
Na verdade, Beetlejuice significa o desejo pela vida. Muitos se enganam ao pensar que é um musical que trata somente da morte. Na verdade, ele, Beetlejuice, quer voltar a viver. Quantas pessoas que conhecemos que estão enfrentando uma batalha pessoal pela vida? O público vai se divertir, vai se emocionar e sairá do teatro, eu espero, convencido de que, apesar das perdas, das dificuldades, a vida é incrível, e não podemos desperdiçá-la. Pois problemas todos nós temos.
Qual foi o valor investido nessa produção? É algo maior ou menor do que seus últimos projetos?
Estamos ainda precisando captar. Mas entre investimentos via Lei Rouanet, investimento de ISS e investimento pessoal, chegará a quase R$ 8 milhões.
As audições aconteceram durante quanto tempo? E como foi a escolha de Eduardo Sterblitch? Quem teve a ideia?
As audições foram bem concorridas. Aconteceram no início do ano. Batemos recorde de inscritos. Eduardo Sterblitch foi um nome que o Eduardo Bark, marido do Tadeu, sugeriu. Porém, Edu me procurou através do Instagram oficial do musical e disse que queria fazer a audição. Estava escrito! Edu é um ator sensacional. Como diz Tadeu Aguiar, a nossa Marília Pêra de calças.