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A INCRIVEL VIAGEM DO QUINTAL

De volta, o primeiro e o último infantil da Cia. Noz

Sinopse

Há duas décadas misturando harmoniosamente teatro, dança e animação, grupo celebra a bem-sucedida longevidade com “Oras Bolas”, o primeiro espetáculo do repertório (2005), e “Papinha”, a produção mais recente do grupo (2022)

Por Dib Carneiro Neto

As apresentações ocorrerão aos sábados, às 11h, sendo Oras Bolasde 25 de janeiro a 8 de fevereiro, e Papinhade 15 de fevereiro a 1º de março. Sim, o primeiro e o mais recente. Dois sucessos nas pontas de uma lista constante e resiliente de montagens de censura livre. Fundada em 2024 e dirigida desde então por Anie Welter, a Cia. Noz de Teatro, Dança e Animação marcou o teatro paulistano em duas décadas de trajetória livre, leve e solta. 

Oras Bolas é um espetáculo que explora formas geométricas e materiais do cotidiano para estimular a imaginação do público. Por sua vez, Papinha conta uma história de amizade e superação de diferenças. Em conversa exclusiva com o Canal Teatro MF, Anie Welter falou das dores e das delícias de resistir. Confira. 

Cena do infantil Oras Bolas. Foto Felipe Lwe

Qual balanço você faz desses 20 anos? 
Anie Welter- Foram 20 anos que passaram muito rapidamente, ao mesmo tempo lento, se pensar que nesses 20 anos eu tive meus dois filhos e eles estão praticamente adultos agora. A Cia Noz está madura. Foram 20 anos de muito empenho, muito aprendizado, muita parceria, muitos desejos realizados e principalmente muito amor. Os altos e baixos nem se contam. O que fica, além do repertório de espetáculos que temos, é uma lista imensa de pessoas talentosas e sedentas de curiosidade e criatividade dispostas a entrar no fluxo de experimentações e incertezas, que é conceber uma obra. 

E o que foi mais difícil nesses 20 anos?
O que foi mais difícil nesses 20 anos, além da instabilidade de recursos que passamos quando não conseguimos ser contemplados num edital para financiar um novo trabalho (dos 7 espetáculos montados, 4 foram concebidos e montados à própria custa), o que mais tive dificuldades, confesso, foi no trato com os integrantes da cia – e foram muitos que passaram pela Noz. A Cia trabalha com criações coletivas, colaborativas, em que há um espaço aberto para os desejos de todos. Chegamos a ficar alguns anos com 24 integrantes, todos artistas cheios de ideias e querendo colocá-las em prática. Quando as ideias estavam alinhadas tudo fluía, porém quando isso não acontecia ficava bem difícil para mim, como diretora, harmonizar e encontrar um resultado que agradasse a todos e ainda resultasse num espetáculo bacana, quase impossível! Muitos desses artistas acabaram criando suas próprias cias, assim como foi minha história e de tantos com relação ao XPTO. Hoje tenho mais maturidade para lidar com os atritos que surgem neste tipo de dinâmica, sem perder o espaço livre na criação e na fricção de ideias de todos. Acredito no trabalho de grupo e continuo investindo nessa ideia, mesmo tendo no nome cia. A Noz segue buscando esse equilíbrio.

 Houve um espetáculo que, de alguma forma, se sobressaiu mais do que os outros no repertório? Qual e como se explica?
Com certeza foi o próprio Oras Bolas,  primeiro espetáculo da cia.  Ele foi idealizado durante muito tempo, enquanto eu trabalhava com outros grupos antes de fundar a Noz. Foram surgindo ideias no campo dos meus desejos, e elas foram submergindo maturadas com o tempo. Eam muito autênticas e se tornaram possantes resultando no Oras Bolas, um espetáculo que tem uma energia encantadora e vibrante, tem vida própria e segue sendo apresentado há 20 anos. 

Cena do espetáculo Papinha. Foto Fellipe Oliveira

 A Noz é uma cia. que se diz “de Teatro, Dança e Animação”. Qual dessas três vertentes é a sua preferida como diretora e qual delas é a mais complexa de colocar em cena? 
Não digo a preferida, mas a que tenho extrema facilidade e surge nas criações natural e instintivamente é a dança. Talvez pela minha formação principal, eu tenho a dança muito presente no meu corpo. A animação também vem com grande facilidade, animação de objetos, bonecos e coisas inesperadas. Essa paixão surgiu quando eu trabalhava com o grupo XPTO e, a partir daí, nunca a abandonei, então neste contexto me parece que a mais complexa seja o próprio teatro, porque unir tudo isso numa dramaturgia teatral é um grande desafio. O único espetáculo da Cia que partiu de um texto teatral foi O Sonho de Maria Luiza.  Nos outros, as experimentações para a criação dos espetáculos partiam de um objeto ou material que indicavam caminhos para a dramaturgia da obra.

O que a Anie de hoje diria para a Anie de 20 anos atrás, no que diz respeito ao fazer teatral?
Diria para ter acreditado tanto na sua capacidade artística quanto na comercial, porque a diretora, criadora e pesquisadora foi muito necessária para trazer a cia ativa e viva nestes 20 anos. Isso, unido ao pensamento empresarial, traria mais conforto e tranquilidade ao seu fazer artístico.

Serviço

Oras Bolas
25 de janeiro a 08 de fevereiro de 2025 

Papinha
15 de fevereiro a 01 de março de 2025 

Sesc Consolação – Teatro Anchieta. Rua Dr. Vila Nova, 245. Telefone: (11) 3234-3000

Sábados, 11h. R$ 40

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Ficha Técnica

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Serviço

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