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Circo paulista mais uma vez mostra sua força em festival gratuito

Sinopse

Festival do Circo SP chega à sua 17.ª edição, reunindo no Parque da Juventude mais de 40 atrações de 17 cidades do Estado, uma amostra rica e diversificada do quanto essa arte permanece viva e resistente

Por Dib Carneiro Neto

Não deixe o circo morrer, não deixe o circo acabar. A atual geração precisa conhecer a arte circense. São frases que a gente ouve por aí, de gente preocupada com a preservação de uma tradição artística tão rica quanto diversificada. Mas é uma arte viva, imorredoura, como diriam os poetas.  Para mostrar à população como São Paulo é farta em grupos circenses, a Associação Paulista dos Amigos da Arte – APAA nunca desiste de promover Festival de Circo SP, que este ano chegou à edição de número 17. Uma glória. Uma maravilha de evento gratuito – necessário e fundamental. Neste fim de semana, poderemos aplaudir suas últimas atrações, até o dia 17, domingo, no Mundo do Circo, no Parque da Juventude, na zona norte de São Paulo.

Ao final, terão sido mais de 40 atrações e 17 municípios paulistas representados. A programação conta com nomes tanto do circo tradicional como do contemporâneo. Trata-se de um festival que já foi realizado em outras cidades paulistas, como Limeira, Piracicaba e teve até uma edição virtual, em virtude da pandemia. O evento nasceu em Limeira, onde ficou de 2008 a 2011. Durante a sua trajetória, já abrigou em suas lonas mais de 2.500 artistas, técnicos e produtores circenses, envolvidos na realização de mais de 900 espetáculos e oficinas.

Uma das atrações do Festival de Circo SP. Foto Amigos da Arte

Uma das ilustres presenças deste ano, por exemplo, é o grupo Circo de Ébanos, que se apresenta na tarde de sábado. “O Circo de Ébanos quebrou paradigmas, gerou uma visibilidade que os artistas negros não tinham na época em que surgiu e ficou como uma referência para outras cias e artistas que estão na cena hoje”, diz sua produtora, Mariana Campos. “A constituição do grupo foi marcante para a história do circo contemporâneo, já que nos tempos áureos do circo tradicional só se via artistas brancos e mulheres loiras no picadeiro. O Circo de Ébanos abriu caminhos para a representatividade negra no circo e continua sendo representativo até hoje. Vencemos as barreiras, principalmente se tratando de um elenco em que a grande maioria vem das periferias profundas da grande São Paulo.”

Nessa mesma linha de quebrar barreiras e vencer estigmas está o Coletivo Feminino Multicultural, que mostra seu espetáculo Ginga, no fim da tarde de sábado. 

Mais uma das atrações do Festival de Circo SP. Foto Amigos da Arte

“O nosso grupo é formado só por mulheres, mulheres diversas, e isso torna o espetáculo mais vivo”, garante Erica Stoppel, uma das idealizadoras do grupo. “Em outras instancias, o nosso grupo é uma resposta ao patriarcado, que por muito tempo também circundou o universo cultural. As mulheres precisam falar em demasia alto para serem ouvidas. Dito isso, a importância de participarmos de um festival de circo e a mensagem que desejamos é uma coisa só: é o nosso ‘grito’ por meio da arte.”

‘Participar de um festival de circo é uma oportunidade única de compartilhar a arte circense e manter viva uma tradição que faz parte da cultura brasileira há gerações”, opina Helouise Silva Portugal, artista do Circo Miller. “No nosso espetáculo, queremos mostrar a força, a coragem e o talento das mulheres no circo, especialmente em uma atração tão desafiadora como o Globo da Morte. Esse número, que é tradicionalmente associado ao risco e à adrenalina, ganha uma nova perspectiva ao ser protagonizado por mulheres, mostrando que, assim como em outras áreas, elas também são capazes de dominar as técnicas e superar os desafios mais extremos. Além disso, o circo é um símbolo de resistência e união. Ele conecta diferentes pessoas e comunidades, levando alegria e emoção por onde passa. Nosso desejo é transmitir essa energia ao público e celebrar a cultura circense como uma forma de arte essencial no país, que inspira e encanta todas as idades.”

Outra atração do Festival de Circo SP. Foto Amigos da Arte

“É muito importante o União Circus estar nesse festival mostrando nossa arte, a nossa cultura, com todos os nossos artistas”, declara, por sua vez, Kenia Baeta, diretora e artista do referido grupo. “Já estamos na sétima geração de artistas circenses, somos tradicionais. O nosso espetáculo quer mostrar para o público de hoje a essência da arte circense, como ela é feita em várias partes do mundo, como Brasil, Chile, Romênia, Uruguai, porque nosso grupo tem artistas desses lugares – daí se chamar União Circus.”

Cadu Scaramboni, responsável por uma das intervenções artísticas do festival, também opina: “Participar de um festival de circo é ter a oportunidade de admirar e ser admirado pela sua arte, numa troca recíproca diante do público. Enquanto artista circense, tento resgatar sentimentos e despertar sensações por meio do imaginário coletivo que o circo construiu ao longo de gerações, trazendo para perto do público essa tradição itinerante.”

Serviço

Festival de Circo SP

Mundo do Circo SP. Parque da Juventude. Av. Cruzeiro do Sul, 2630 – Carandiru

15, 16 e 17 de novembro. Ingressos gratuitos

Programação de Sexta-feira, dia 15:
11h às 12h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
12h – Lótus – Cia Lótus de Circo (Lona Arrelia)13h às 14h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
14h – Maior Artista da Terra – Cia Sabatino Brothers (Lona Picolino)
15h – Sobre Rodas – Danda Mono (Picadeiro a Céu Aberto)
15h10 – Casasa – Cia Kawa (Lona Arrelia)
16h às 17h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
17h – Acrobike – Cia Barnabô (Picadeiro a Céu Aberto)
17h10 – Cabaret LUX – Companhia A Grande Lona (Lona Picolino)
18h10 – Globo das Motos (Picadeiro a Céu Aberto)

Programação de sábado, dia 16:
10h às 11h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
11h – Vida de Circo – Cia Circodança (Lona Picolino)
12h – Mobile – Circo Delírio (Lona Arrelia)
13h às 14h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
14h – Fio Forte – Circo de Ébanos (Lona Picolino)
15h – Amparo – Coletivo CirQueer (Picadeiro a Céu Aberto)
15h10 – Show dos Becker – Grupo Irmãos Becker (Lona Arrelia)
16h às 17h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
17h – A Garota do Faroeste – Karina Bredariol (Picadeiro a Céu Aberto)
17h10 – Ginga – Coletivo Feminino Multicultural (Lona Picolino)
18h10 – Globo das Motos (Picadeiro a Céu Aberto)

Programação de domingo, dia 17:
10h às 11h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
11h – Espetáculo de Ilusionismo – La Troupe (Lona Picolino)
12h – 99 cm – Circa Cultura (Lona Arrelia)
13h às 14h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
14h – Depassagem – Cia do Ó (Lona Picolino)
15h – Subiu um Molequim – Kaui Mouts (Picadeiro a Céu Aberto)
15h10 – Quiproquó – Trupe Koskowisck (Lona Arrelia)
16h às 17h – Circo Show (Picadeiro a Céu Aberto)
17h – Circo Zanni (Lona Picolino)
18h40 – Globo das Motos (Picadeiro a Céu Aberto)

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Ficha Técnica

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Serviço

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