Grupo apresenta “A Bicicleta Mágica” em parques de São Paulo, mostrando com alegria a diversidade e a força do conhecimento científico, assim como a importância de se contar histórias orais
Por Dib Carneiro Neto
A bicicleta como metáfora de movimentação constante, de evolução e busca por inovação. Assim é o espetáculo infantil A Bicicleta Mágica, do grupo teatral Ciclistas Bonequeiros, na definição de seu diretor e dramaturgo, Gustavo Guimarães Gonçalves. Em entrevista ao Canal MF, ele fala desse símbolo que a bicicleta virou para o seu grupo, composto ainda por Bruna Burkert, Carolina Leiner, Guto Vieira, Thauana Garcia e Thiago Morrinho (que também assume a execução da trilha sonora ao vivo).
O espetáculo A Bicicleta Mágica faz novas apresentações em CEUs e parques de São Paulo, entre os dias 24 e 28 de janeiro. O grupo surgiu fazendo teatro lambe-lambe e foi crescendo, aumentando seu escopo e suas técnicas, daí a metáfora da movimentação constante. A peça fala das conquistas da ciência ao longo do tempo e da importância de se transmitir conhecimentos pelas gerações por meio das tradições orais. Na entrevista ao Canal MF, Gustavo deixa claro o entusiasmo da companhia em levar ideias de renovação e pesquisa para as famílias, de forma brincalhona e com técnicas de animação. Confira.
Por que o espetáculo A Bicicleta Mágica é considerado uma síntese de todas as experiências anteriores do grupo? Explique.
Gustavo Guimarães Gonçalves – O espetáculo é considerado uma síntese de todas as experiências do grupo, porque traz uma evolução e amplia tudo o que já foi feito. A nossa origem é o lambe-lambe, há 13 anos, e tínhamos a interação com os bonecos, todos pequenos. A bicicleta era o cenário e, na garupa dela, ficava um miniteatro em que as pessoas espiavam tudo. Até hoje fazemos teatro lambe-lambe, mas agora, com esse espetáculo, aumentamos tudo, os bonecos são maiores. Manipulação e atuação também ficam ampliadas. Esse progresso demonstra não apenas o crescimento criativo do grupo, mas também a capacidade de adaptar e expandir suas formas. Tudo isso graças à Lei de Fomento ao Teatro. Pudemos pesquisar e reconstruir. A bicicleta, nesse contexto, transcende a sua função literal, que seria um objeto de cena, e assume um papel simbólico extremamente profundo.
Como assim?
Ela representa a jornada do grupo ao longo dos anos, servindo como uma metáfora para a movimentação constante, a evolução, a capacidade de viajar por diferentes mundos e experiências. É uma assinatura identitária, simbolizando uma trajetória única de passagem do tempo, mantendo também a conexão direta com as nossas origens na técnica do teatro lambe-lambe. O grupo começou com habilidade de criar narrativas íntimas e intimistas, que encantavam as pessoas dentro daquele confinamento do teatro lambe-lambe, em que o ator fica atrás do miniteatro e os bonecos é que são os protagonistas. Com o tempo, essa técnica foi adaptada para contextos maiores, valorizando mais a interação direta dos atores e os espaços. Assim, o processo de construção de personagens ficou mais forte.
Como foi a transição?
A transição do mini para o macro não apenas demonstra a nossa criatividade e ambição por fazer mais, como também a nossa dedicação em querer fazer mais e explorar as possiblidades do teatro de formas animadas. Uma característica do grupo é a experimentação e a busca por inovação. Então, é isso. O espetáculo A Bicicleta Mágica é uma celebração de todo o caminho percorrido pelo grupo e uma manifestação de suas raízes no teatro lambe-lambe, tendo a bicicleta como um elo que une todas essas fases de uma história.
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Qual é, a seu ver, o principal tema da peça? Discorra sobre isso.
O principal tema da peça é o aprendizado. A gente traz a exploração da curiosidade humana, por meio da aventura, com enfoque especial na paixão pela ciência, na busca pelo conhecimento. O protagonista Ícaro é um jovem entusiasta da tecnologia, cuja descoberta de uma bicicleta mágica o leva a uma jornada pelo tempo, onde ele encontra figuras histórias significativas no campo da ciência e da inovação. É uma aventura temporal, não apenas física, mas de descobertas pessoais e intelectuais do protagonista. Ao resgatar a memória dessas figuras emblemáticas da ciência, a gente enfatiza a continuidade do conhecimento humano e celebra a contribuição de cada indivíduo para o progresso do coletivo. Por meio dessa narrativa, o espetáculo propõe uma reflexão como a curiosidade, a imaginação e a perseverança são fundamentais para o avanço científico e pessoal. A gente tenta incentivar o público a reconhecer a ciência não apenas como uma disciplina acadêmica, mas como uma aventura empolgante. Uma jornada de descoberta constante.
Como você diz, Ícaro se depara, nessa jornada, com figuras históricas. Quem são essas personalidades e por que foram escolhidas?
Albert Einstein, Santos Dumont… e também figuras culturais essenciais, como o griot, que é o contador de histórias da cultura africana tradicional e é o responsável por manter viva a história oral de seu povo. A inclusão de um griot no espetáculo serve para enfatizar a importância da tradição oral, da memória cultural, da transmissão de conhecimento pelas gerações. É um personagem que simboliza a sabedoria ancestral, o valor da narrativa. Temos também na peça a figura da Jaqueline Góes de Jesus, uma bióloga contemporânea, pesquisadora brasileira, que ganhou destaque por seu trabalho no sequenciamento do genoma do novo coronavírus, o Sars-Cov-2, em tempo recorde, apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso, no início da pandemia da covid 19. Sua presença no espetáculo destaca a importância da ciência contemporânea e o papel crucial das mulheres na pesquisa científica. Simboliza a inovação e a resposta rápida a desafios globais. O progresso científico transcende gerações, gêneros e nacionalidades. Houve um cuidado holístico na escolha dessas figuras diversas, que demonstram aprendizado, inspiração vinda de múltiplas fontes, da ciência à tradição oral, incluindo os avanços atuais. É uma rica tapeçaria de histórias e lições, celebrando tanto as conquistas históricas quanto as contribuições contemporâneas para o conhecimento humano.
Serviço
A Bicicleta Mágica: Uma Jornada no Tempo
CEU Alvarenga
Endereço: Estrada do Alvarenga, 3752, Balneário São Francisco, São Paulo
Quando: 24 de janeiro, às 10h
CEU Campo Limpo
Endereço: Av. Carlos Lacerda, 678 – Vila Pirajuçara, São Paulo
Quando: 24 de janeiro, às 15h
Parque Raul Seixas
Endereço: R. Murmúrios da Tarde, 211 – COHAB 2 – Conj. Res. José Bonifácio, São Paulo
Quando: 25 de janeiro, às 10h
Parque do Carmo
Endereço: Av. Afonso de Sampaio e Sousa, 951, Itaquera, São Paulo
Quando: 25 de janeiro, às 15h
Parque Buenos Aires
Endereço: Av. Angélica, 1500 – Higienópolis, São Paulo
Quando: 26 de janeiro, às 15h
Parque Aclimação
Endereço: Rua Muniz de Sousa, 1.119, Aclimação, São Paulo
Quando: 27 de janeiro, às 15h
Parque Alfredo Volpi
Endereço: Rua Engenheiro Oscar Americano, 480, Cidade Jardim, São Paulo
Quando: 28 de janeiro, às 10h
Todos com ingressos gratuitos