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Cia. Zin celebra o vento em tempo seco de poluição

Sinopse

Tema do espetáculo para primeira infância, “Invento para Ventar” é a busca pela retomada da sintonia das crianças com a natureza

Por Dib Carneiro Neto

“É possível voltar a ter uma vivência mais harmônica com a natureza, depois de todos esses desastres ambientais e os preconceitos todos que nos vitimam?” Quem pergunta é Elenira Peixoto, a diretora do espetáculo para primeira infância (ou teatro para bebês) Invento para Ventar. Ela diz: “Acredito que estamos nos perguntando isso com o espetáculo. Estamos estreando justamente nesta semana de tempo seco e ar poluído como nunca em São Paulo, para falar do vento. Olha só que coisa. Queremos que a peça seja esperançosa. O enredo mostra que brincar na natureza e, mais especificamente, brincar com o vento são caminhos para a volta da sintonia humana com seu entorno ambiental. Precisamos reinstalar essa nossa sintonia com a natureza o quanto antes”.

Misto de teatro e dança, a peça tem dramaturgia de Filipe Celestino, do Coletivo O Bonde, e é uma realização da Cia. Zin, há 13 anos nesse caminho desbravador de fazer teatro para bebês. Com ingressos gratuitos, Invento Para Ventar é encenada ao ar livre e estreia dia 15 de setembro, domingo, às 11h, no Teatro Alfredo Mesquita. Depois o espetáculo segue com apresentações no CEU Butantã, CEU Uirapuru e Teatro Arthur Azevedo.

Apostando na sonoridade das palavras

Uma curiosidade é que pela primeira vez a Zin inclui texto em um espetáculo (já é o quinto de sua trajetória). “Como queríamos falar do elemento vento na peça, logo lembramos que as palavras, ao serem pronunciadas, saem pelo ar, conduzidas pelo vento”, conta Elenira. “Não havia texto em nossas montagens, mas também a gente nunca achou que isso fosse uma regra, muito menos fechada e definitiva.” 

Cena da peça para bebês Invento para Ventar. Foto Chris Galvan

A diretora explica um pouco mais sobre essa nova opção pelas palavras: “O que a gente entende no teatro para a primeira infância é que outras linguagens, para além do texto, precisam ser priorizadas, como a linguagem corporal, o espaço cênico… Mas nesse trabalho pesquisamos a palavra poética, a sonoridade da poesia, com a ajuda decisiva do Filipe Celestino, o dramaturgo que escreveu um texto fabular a partir do que viu nos nossos ensaios e, quando lemos, nos animamos a incluir alguma coisa no espetáculo. Não é uma peça cheia de texto, mas quisemos que de vez em quando aparecessem essas sonoridades poéticas em forma de texto. Tudo harmonioso. E, além disso, temos as letras das canções, criadas pelas atrizes Eugenia Cecchini e Jéssica Barbosa. Sem contar que as personagens são passarinhas – e sabemos que pássaros são arautos do vento, por isso a palavra entra na forma de narração das passarinhas.” 

Elenira Peixoto também está no elenco, no papel de uma sábia coruja. “Tivemos um trabalho de preparação corporal e direção de movimento, a cargo de Castilho, que nos propôs pensar o encontro do ar com outros elementos da natureza”, relata ela. “A coruja nasce do encontro do ar com a terra; a Rubra, uma guará vermelha, do encontro do ar com o fogo. E Minga, a flaminga, do encontro do ar com a água. Surgiram então essas três personalidades diferentes para as passarinhas, a partir desses elementos todos. Temos a sábia, a protetora, a brincalhona… Atrizes-criadoras contribuem sempre nessa hora e trazem características próprias que enriquecem as personagens.” 

A relação da criança com a cidade

Curiosa é também a opção da cia. em trabalhar pela segunda vez ao ar livre. “Já tínhamos um outro trabalho ao ar livre, Cara de Quintal”, relembra a diretora. “A ideia aqui tem a ver com a pesquisa que fizemos sobre o ar e a relação da criança com a natureza. Nada melhor do que um espaço aberto para sentir o ar, o vento. Mas vamos criar um chão com almofadas, pedaços de lona, tudo confortável para os bebês. É preciso ter o acolhimento, mas sem excesso de proteção. Bebês têm direito ao contato com a natureza. Quisemos muito que aparecesse na peça essa relação transgressiva que as crianças têm com o espaço da cidade. Elas criam seus caminhos, vão pelas beiradas das calçadas, dos muros, param e recolhem folhinhas secas pelo chão… percursos e relações bem diferentes dos adultos.” E acrescenta: “Estamos ansiosas para o primeiro contato dessa peça com o público, pois todas as nossas peças anteriores tiveram mudanças e alterações depois das primeiras apresentações. Isso é normal no teatro da nossa companhia. Vamos mexendo a partir da resposta da plateia de primeira infância.”

Outra cena da peça para bebês Invento para Ventar. Foto Chris Galvan

Aproveitando a simbologia do vento, Elenira Peixoto diz que “hoje sopra uma brisa boa em nossa companhia”.  Ela resume a trajetória: “Tudo era novidade há 13 anos nessa vertente da primeira infância. Outros grupos persistiram, como o nosso, e graças a isso hoje o cenário está mais positivo e possível. A Zin até faz parte de um coletivo de criadores da América Latina, o que é importante para ver como as realidades dos países têm tanto em comum e outros aspectos muito diferentes. Cada trabalho novo da nossa companhia surge a partir de perguntas que aparecem no trabalho anterior. Partimos para a pesquisa o tempo todo, o que é fundamental.” 

Serviço

Invento Para Ventar

15 de setembro, domingo, 11h. Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770

18 de setembro, quarta-feira, 11h e 15h. CEU Butantã – Av. Eng. Heitor Antônio Eiras Garcia, 1870 – Jardim Esmeralda

25 de setembro, quarta-feira, 11h e 15h. CEU Uirapuru – R. Nazir Miguel, 849 – Jardim Joao XXIII

28 e 29 de setembro, sábado, 16h e domingo, 11h e 16h. Teatro Arthur Azevedo – Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca

Ingressos gratuitos

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Ficha Técnica

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Serviço

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