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Chorinho é protagonista em peça que fala para crianças sobre o Brasil Colônia

Sinopse

“Operilda Cai no Choro”, de Andréa Bassitt, com direção de Regina Galdino, mostra para o público infantil a força de um ritmo musical na construção da identidade de um país 

Por Dib Carneiro Neto

Em 2013, portanto há 11 anos, o infantil Operilda na Orquestra Amazônica arrombou a festa no cenário teatral paulistano, ficando anos em cartaz, ganhando espaço no Brasil todo e prêmios diversos. Foram 240 apresentações e um público total estimado em 55 mil espectadores. Só em São Paulo, a peça fez temporadas em cinco teatros comerciais diferentes, fora os circuitos Sesc e os CEUs, mais os teatros distritais, a periferia e o Interior do Estado. A peça também foi parar em Brasília, Aracaju, João Pessoa, Recife, Natal, Curitiba, Belo Horizonte e Patos de Minas. Um caso exemplar exitoso. 

Nesta semana, o espetáculo – que nasceu para divulgar ao público mirim a força da música erudita brasileira – ganha uma continuação, uma sequência, um filhote: Operilda Cai no Choro, de novo com direção de Regina Galdino, de novo com texto e interpretação de Andréa Bassitt. O chorinho é o ritmo protagonista, embalando a história do Brasil Colônia e o crescimento de uma cidade, o Rio de Janeiro. 

Chico Macedo e Andrea Bassit em Operilda Cai no Choro. Foto João Caldas Filho

“A gente já tinha esse projeto há uns cinco anos, sempre o inscrevemos em editais, mas só agora deu certo”, conta Andréa Bassitt. “Enquanto isso, fazíamos o primeiro Operilda, que teve uma trajetória de muita aceitação.  Nossa ideia sempre foi divulgar a música brasileira. Viemos parar agora especificamente no chorinho por causa de sua riqueza sonora, por ser um gênero musical genuinamente brasileiro, nem tão valorizado quanto deveria. E por toda a alegria contida nesse ritmo.”

O palco é também das crianças

Pela experiência do primeiro espetáculo, Andréa sabe o quanto instrumentos musicais atraem a curiosidade das crianças. Por isso, a exemplo do que já ocorria na primeira peça, em algumas músicas as crianças serão chamadas a subir no palco para dançar e cantar. “Eu estou dez anos mais velha, já não tenho aquela movimentação ágil e será um espetáculo mais tranquilo para mim no palco”, ela conta. “Mas as cenas com crianças não podem faltar. Aprendi a lidar com isso. É um risco perder o controle delas e do espetáculo? Sim, é, mas a experiência me deu uma segurança para lidar com os momentos de interação. Estou mais atenta, estou mais segura como autora e atriz.”

Impossível não conversar com Andréa Bassitt sobre o que porventura pode ter mudado hoje no seu jeito de escrever uma peça para crianças. Que Operilda é essa de 2024, em comparação com a de 2013? Ela é clara na resposta: “Não tínhamos antes alguns temas de discussão tão em pauta como temos hoje. Por exemplo, a questão do racismo. Hoje, para escrever sobre isso, precisamos ter certos cuidados que nós não tínhamos naquela época. Isso evoluiu para melhor. A gente ainda falava escravos em vez de escravizados, a gente ainda falava índio em vez de indígena. Na peça atual, pensei em me referir às baianas, mas como fazer isso sem parecer preconceito, sem parecer caricato, sem ofender as baianas? São cuidados importantes, necessários, mas que infelizmente ainda não se tomava na época da primeira Operilda”.

Operilda Cai no Choro, com Helô, Chico, Nelton, Andréa e Deni. Foto João Caldas Filho

Vários fatos reais da história do Brasil perpassam a trama. “Começa com referências à chegada dos portugueses, depois a vinda da família real que traz músicos na comitiva e instrumentos musicais desconhecidos pelos brasileiros até então”, conta a autora. “Mencionamos também a importância da migração do povo da Bahia para o Rio de Janeiro, lá pelos idos de 1870. Chegaram sem malas, sem bagagens, mas transformaram o Rio em um caldeirão musical, porque trouxeram no corpo e nas memórias um grande tesouro, a cultura africana. Foi nessa época que pela primeira vez o ritmo foi chamado de choro, por Joaquim Calado. O espetáculo vai seguindo assim, no desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro, na formação dessa sociedade, e como a música foi permeando essa construção, esse crescimento, sempre com muita criatividade, uma característica nacional.” 

Uma equipe em harmonia

Além da mão firme e criativa da diretora Regina Galdino, que também assina a iluminação de Operilda Cai no Choro, Andréa Bassitt ainda faz questão de lembrar de outras duas parcerias decisivas para a realização do espetáculo. A direção musical e os arranjos são de Chico Macedo, que também foi um dos idealizadores da montagem, com Andréa e Regina. E cenário e figurino são de Fabio Namatame. ”Fizemos tudo a toque de caixa, rápido, e o Namatame foi certeiro, chegou com as coisas que tinha de chegar, no tempo certo”, diz a atriz. “Como é bom trabalhar em harmonia. Uma equipe assim faz toda a diferença.” No elenco, além dela, estão em cena o próprio Chico Macedo (sax, flauta e clarineta), Deni Domenico (cavaquinho e bandolim), Helô Ferreira (violão de 7 cordas) e Nelton Essi (percussão).

“Eu adoro escrever, fazer, ser a personagem Operilda”, arremata Andréa Bassitt. “Ela é muito alegre, inventiva, aberta, cheia de possibilidades, divertida, faz mágicas, e neste espetáculo ainda vai ter a ajuda da Vassorilda, que muito vai aprontar junto com ela.” Para quem não se lembra da primeira montagem, Operilda é superlativa. Gosta muito dos sufixos íssimo e íssima. E é assim que Andréa também se despede aqui: “Muitíssimo obrigadíssima.” 

Serviço

Operilda Cai no Choro

Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo. Rua Álvares Penteado, 112

Sextas, sábados e domingos, 11h. Sessões extras aos sábados de julho, 16h30

Ingressos: Gratuitos

Até 28 de julho

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Ficha Técnica

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Serviço

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