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Cancioneiro infantil rende peça híbrida de intervenções teatrais

Sinopse

A banda Parlendô, com direção musical de Marco Barretho, chamou o veterano diretor Carlos Baldim para dinamizar cenicamente a atuação dos músicos – e o resultado é um roteiro de celebração do poder da imaginação

Por Dib Carneiro Neto

Tudo estava prontíssimo para 12 de outubro, Dia das Crianças. Naquela data tão festiva, Marco Barretho, Juliana Arttico, Gabriel Guerra, Camila Moraes, Elisa Paixão, Diego Rodda e Bebel Ribeiro realizariam um sonho: o show de lançamento do primeiro álbum de sua banda, a Parlendô, especializada no cancioneiro autoral inédito infantil. Houve, porém, em São Paulo, naquele outubro, a catástrofe da falta de energia elétrica por dias seguidos, em diversas regiões da metrópole, e o lançamento foi adiado. Pacientemente, o grupo se recolheu, ensaiou, se preparou mais e mais – e a nova data chegou: sábado, dia 7, Parlendô estreia no Teatro Bravos o show infantil Eu e Você e Todo Mundo, com 11 músicas e uma forte pegada teatral no espetáculo, dirigido musicalmente por Marco Barretho (também em cena) e artisticamente por Carlos Baldim, um respeitado nome do teatro paulistano, já muitas vezes premiado. 

“O Marco Barretho me convidou para dirigir o que seria um show de música, e me preparei para isso, mas, quando ouvi suas canções, percebi que havia ali uma história a se contar”, comenta Baldim. “Não que fosse uma peça de teatro, com a robustez de uma dramaturgia, porém claramente daria para se criar um fio condutor teatral que alinhavasse as canções em uma narrativa linear e coerente.”

O elenco de Parlendô. Foto Nick Bittencourt

Baldim então percebeu que todas as músicas falavam de viagens. Ele prossegue: “Eram vários tipos de viagens – por países, pelo reino animal, pela galáxia, por sentimentos, pelo universo das águas, pelo mundo da alimentação, das brincadeiras… Sugeri um conceito, que logo foi aceito pelo grupo: os músicos seriam personagens adultos viajantes do tempo, que estariam ‘perdidos’ e mergulhados numa jornada de busca por algo que ainda não sabiam o que era: a manutenção de sua criança interior, com o poder ilimitado de imaginar e de manter viva a chama do faz de conta. A partir dessa ideia, conseguimos criar cenas que antecedem a apresentação das canções, não para reforçar as letras das músicas, mas para introduzir o que virá. Ou seja, não chega a ser teatro musical, mas também não é só um show de música – as intervenções teatrais são fundamentais. 

Para acentuar a teatralidade do show, Carlos Baldim alterou a ordem em que as músicas estão no álbum e também contou com o auxílio luxuoso do desenho de luz de Domingos Quintiliano e da cenografia e figurinos de Paula di Paoli, que garantiram ainda mais a intersecção teatro-música. “Além disso, eu queria muito que houvesse projeções de vídeo”, diz ele, “para ajudar a acionar as crianças nos aspectos sensoriais e oníricos.” Tito Sabatini e Julia Ro assinam essas projeções cheias de cores, imagens e dinâmicas visuais.  

Outra imagem com o elenco de Parlendô. Foto Nick Bittencourt

Com 25 anos de uma carreira de múltiplos talentos, Marco Barretho desta vez assumiu com força o seu lado de compositor. Ele detalha: “O Parlendô começou em 2019, com papel, caneta e violão. Eu quis doar para esse projeto um pouquinho do que a arte me deu nesses anos todos, meus lados de artista, ator, poeta, cantor, comediante, compositor, roteirista, tudo isso reunido nessa nave, nesse caldeirão. Quero que essas canções atinjam o coração de todos, de 0 a 100 anos, para que nunca deixem morrer suas infâncias dentro de si.”

Marco não podia deixar de aproveitar sua experiência como pai, na hora de escolher sobre o que falar em cada letra das canções. “O brincar está presente do começo ao fim”, conta ele. “Na hora do banho, posso ter um tubarão nadando no meu umbigo. Ou posso viajar o mundo inteiro dentro de um barquinho de papel. Ou tirar diversão do ato de cortar tomate e cenoura, na hora de fazer comida. Essas coisas todas aparecem nas letras e atiçam a imaginação. O espetáculo é essa viagem pelo nosso imaginário sem limites.” Além dos temas, os ritmos musicais também são variados, fazendo o show “viajar” por diversas atmosferas e climas: rock, ska, pop, folk, reggae. Dentre as 11 músicas do espetáculo, Marco tem como uma de suas preferidas justamente a que mais fala do faz de conta: “Eu tenho medo de crescer, mas o faz de conta faz virar, de repente desaparecer, e poder para sempre imaginar.” 

Serviço

Parlendô – Eu e Você e Todo Mundo

Teatro Bravos. Complexo Aché Cultural. Rua Coropé, 88

Show: 7 de dezembro, sábado, 15h. R$ 80 / R$ 100

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Ficha Técnica

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Serviço

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