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Caio Fernando Abreu inspira musical libertário

Sinopse

“Para Não Gritar” acompanha o escritor em seus últimos dias, quando lembranças difusas e imprecisas promovem um retorno aos seus personagens e o contexto em que eles foram criados

Por Ubiratan Brasil

O escritor Caio Fernando Abreu (1948-1996) criava movido por um sentido de urgência, o que deixou sua obra marcada por um estilo combativo e radical. O escritor gaúcho conquistou a unanimidade de público e crítica, em 1982, com a coletânea Morangos Mofados, considerada a obra-síntese de uma geração que se despedia (nostálgica) da utopia hippie, mas ainda se via despreparada para a distopia yuppie, que viria a seguir. 

O espetáculo Para Não Gritar – Musical sobre vida e obra de Caio Fernando Abreu, em cartaz em São Paulo, acompanha os últimos dias do escritor, uma das inúmeras vítimas de complicações provocadas pelo vírus da aids, quando a medicina ainda não detinha um controle mais completo de como combatê-lo.

Cena de Para Não Gritar – Musical sobre vida e obra de Caio Fernando Abreu. Foto Felipe Quintini

Com direção de Erika Altimeyer e belas músicas e letras originais de Alfredo Del-Penho, a peça é marcada por lembranças que possivelmente marcaram o escritor no período final da vida, quando viveu em sua casa, em Porto Alegre. Motivado a escrever para deixar um testemunho duradouro, Caio deixou uma produção textual marcada, em certa época, pela epidemia da aids ainda sem controle, uma produção dentro da qual sua obra é um marco.

A evolução da escrita também é acompanhada pelo processo de amadurecimento da pessoa Caio, com todos os seus dilemas. Isso o transformou em um autor que aborda os desconfortos de uma pessoa diante da vida. É o que mostram os atores Raphael Mota, Rua, Silvano Vieira, Victor Barreto e Cláudio Ribeiro. Em cena, eles alternam o protagonismo da personagem de Caio, identificado pelo par de óculos que lhe eram característicos. Assim, quando um assume o papel do escritor, os outros se dividem entre os amigos e admiradores que o acompanharam até sua morte.

Cena de Para Não Gritar – Musical sobre vida e obra de Caio Fernando Abreu. Foto Caio Gallucci

A partir das belas composições de Del-Penho, a dramaturgia de Fabio Brandi Torres e a direção musical de Guilherme Gila criam um carrossel por vezes alucinante, o que registra bem os momentos em que Caio confundia realidade com fantasia. Mas também reforça sua posição como o escritor da contracultura e também do clima de “o sonho acabou” que se seguiu. Também a condição humana retratada por Caio é a de um homossexual no Brasil de meados e fins do século XX. 

O ano de 2021 marcou o aniversário de 25 anos da morte de Caio Fernando Abreu, um dos escritores mais populares da literatura brasileira contemporânea. Mas sua importância, reconhecida por todos, foi incapaz, porém, de conter o avanço da sanha imobiliária. Assim, em julho de 2022, a casa onde viveu os últimos anos de vida, em Porto Alegre, foi demolida, sob os protestos da comunidade, que pressionava o poder público para que o local fosse transformado em um museu dedicado à sua vida e obra.

Cena de Para Não Gritar – Musical sobre vida e obra de Caio Fernando Abreu. Foto Caio Gallucci

A humanidade que se sobressaía em sua obra, no entanto, mantem-se intacta, como comprova as homenagens que ainda recebe – como esse musical, em que o grupo de atores alterna emoção com sensualidade uma interpretação que contou com a direção de movimentos de Gabriel Malo.

Serviço

Para Não Gritar – Musical sobre vida e obra de Caio Fernando Abreu

SP Escola de Teatro – Unidade Roosevelt – Praça Franklin Roosevelt, 210

Sextas e sábados, 20h30. Domingos, 18h. R$ 50

Até 28 de julho

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Ficha Técnica

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Serviço

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