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“As Três Velhas”, nova peça do Teatro Kaus Cia Experimental, aposta no melodrama grotesco

Sinopse

Escrito em 2003 por Alejandro Jodorowsky, o texto reflete uma sociedade hipócrita, cruel e que vive de aparências: ambientada em uma mansão em ruínas, duas marquesas decadentes são vigiadas por uma criada centenária em um jogo perverso que alimenta fantasias da juventude

Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 18 de agosto de 2025)

Em uma entrevista ao jornal espanhol El País acerca de seu filme Poesia sem Fim o cineasta e dramaturgo franco-chileno Alejandro Jodorowsky definiu que aquela obra lhe permitiu processar as recordações de sua infância de uma maneira diferente. “Percebi que, se eu me tornei artista, foi porque aquele lugar me machucou. E assim consegui embelezar o feio. Dei cor às minhas recordações em branco e preto. Embelezar sua memória é uma grande cura”, disse. 

O diretor Reginaldo Nascimento, do Teatro Kaus Cia Experimental, dirige a nova montagem de As Três Velhas, escrita por Jodorowsky em 2003. Ele cria uma encenação pautada na ideia do embelezamento da feiura sugerido pelo autor na entrevista ao jornal espanhol, dialogando com o universo grotesco. A montagem parte da ideia de que tudo apodrece – o corpo, a casa, o mundo – e é nesse apodrecimento que nascem outras formas de beleza e potência. 

O elenco da peça As Três Velhas, da Teatro Kaus Cia Experimental. Foto Cuca Nakasone

Duas marquesas decadentes, as gêmeas octogenárias Meliza e Grazia, vivem em uma mansão em ruínas. Devastadas pela fome e pelo abandono, são sempre vigiadas pela centenária criada Garga. Entre devaneios lúgubres, lembranças distorcidas e jogos perversos, elas alimentam fantasias de juventude, erotismo e poder. 

O dramaturgo define esse texto como um melodrama grotesco. “Gostamos de retratar personagens sedentos pela vida e em franco diálogo com o desespero, o abismo e a morte. Há mais de 15 anos queríamos montar algo do Jodorowsky”, acrescenta o diretor. 

cenário da ideia de tempo que já se foi, evocando uma casa antiga, é composto por tecidos que possam remeter às paredes envelhecidas da casa. A presença de um quadro central no fundo da cena em que figura a imagem do Conde de Felicia, patrono da família, evoca um passado idealizado ou perdido. Três cadeiras de tamanhos e estilos diferentes, simbolizam a hierarquia entre as velhas, mas também sua instabilidade. 

Outra cena da peça As Três Velhas, encenada pela Teatro Kaus Cia Experimental. Foto Cuca Nakasone

Em 2010, foi realizada a primeira montagem desse texto aqui no Brasil encabeçada pela veterana atriz Maria Alice Vergueiro. Agora é a vez das atrizes Amália Pereira, Tània Granussi e Vera Monteiro apresentarem esse universo grotesco proposto por Jodorowsky.

“Apresentar esse trabalho é encerrar um ciclo de possibilidades estéticas e poéticas iniciado em 2010, com a montagem de O Grande Cerimonial, do espanhol Fernando Arrabal. Em 1962, os dois autores, junto com Roland Topor, fundaram o movimento artístico Pânico, que propunha uma arte performática caótica e surreal que se contrapusesse ao já estabelecido surrealismo”, enfatiza a atriz Amália Pereira, fundadora do Teatro Kaus ao lado do diretor Reginaldo Nascimento

A temporada se inicia no Teatro Arthur Azevedo e depois segue para os Teatros Cacilda Becker e Alfredo Mesquita (confira abaixo).

Serviço

As Três Velhas

Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955. Quinta a sábado, 21h. Domingos, 19h. Grátis (retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência). De 14 a 24 de agosto

Teatro Cacilda Becker. R. Tito, 295. Quinta a sábado, 21h. Domingos, 19h. Grátis (retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência). De 4 a 14 de setembro

Teatro Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1770. Quinta a sábado, 20h. Domingos, 19h. Grátis (retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência). De 25 de setembro a 5 de outubro

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Ficha Técnica

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Serviço

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