Jovem ator consagrado dos musicais vive seu segundo desafio para público infantil e fala de como é ser um urso fofo e camarada depois de ter encarado as estripulias de um divertido cão caramelo na peça anterior
Por Dib Carneiro Neto
Ele nasceu em 1921, criado pelo escritor inglês Alan Alexandre Milne. Os direitos sobre suas histórias foram parar na Disney, em 1941, por desejo e iniciativa do próprio Walt Disney, cujas filhas eram fãs do personagem e pediam para os pais lerem e relerem os livros antes de dormirem. E agora o fofíssimo Ursinho Pooh chega aos palcos de São Paulo em um musical, com bonecos de tamanho natural. O nome do espetáculo é Ursinho Pooh, da Disney: o Novo Musical e entra em cartaz com elenco nacional no Teatro Villa Lobos. Com adaptação, texto e direção do americano Jonathan Rockefeller, o musical estreou em Nova York em 2021.
Nesta versão brasileira, com tradução de Victor Mühlethaler, o elenco é: Arthur Berges (Pooh), Enrico Verta (Tigrão), Bel Nobre (Leitão/Guru), Gui Leal (Ió/Coelho/Corujão), Carla Vazquez (Can), Luana Bichiqui (swing feminino) e José Diaz (swing masculino). Nico Takaki, Rodrigo Thomaz e Mateus Vicente se revezam como o menino Christopher Robin.
“Meu maior desafio neste espetáculo, sem dúvida nenhuma, é a manipulação de bonecos. Eu nunca tinha trabalhado com bonecos antes e sempre tive essa vontade”, comenta o protagonista Arthur Berges, que faz o ursinho camarada. “Eu sempre achei a animação uma arte muito interessante, uma forma muito incrível de passar uma mensagem e comunicar um sentimento. Desde pequeno, sempre gostei muito de ver espetáculos de manipulação de bonecos, tanto que acho que uma das minhas primeiras experiências catárticas com o teatro foi com peça de bonecos na minha escola. Sempre tive vontade de fazer também. É uma manipulação muito complexa nesta peça. O boneco me deixa numa situação muito desconfortável. Boa parte do processo foi entender e preparar o corpo para aguentar a demanda física tão intensa. Um desafio, de fato.”
Berges, conhecido por protagonizar musicais em São Paulo como Escola do Rock e PetShop, o Musicão, comenta as características de Pooh na nova peça: “O Pooh é um personagem muito fofo, puro, ingênuo. Isso me chama muita atenção nele. Quando eu era criança, eu não percebia isso nele, eu não me ligava, porque eu fui um menino hiperativo, não conseguia ter essa consciência. Agora, adulto, pude perceber essa pureza, essa gentileza, essa doçura dele. Como é linda a sua ingenuidade. Eu o admiro e gostaria de ser mais assim, como ele. Quando eu crescer (risos), quero conseguir ser gentil e doce como o Pooh!”
O menino Arthur Berges era da ação e preferia desenhos como os animés, os Cavaleiros do Zodíaco e o Dragonball Z. “Cresci nos anos 1990 e eu já ficava impressionado em nota como a marca do Ursinho Pooh era forte e presente”, relembra ele. “No meu universo escolar, na minha época, eram muito comuns os cadernos, estojos e as mochilas com esses personagens estampados, o Pooh, o Tigrão, o Leitão. É muito interessante agora viver esse personagem que fez tão parte da minha vida desde cedo. Ele agora mora em mim. Muito legal isso ter acontecido.”
Berges está vivendo um ano de comunhão integral com o público mirim. No primeiro semestre, brilhou com o divertido cão caramelo de ‘PetShop, o Musicão’. Agora, embarcou com tudo nas aventuras do ursinho. Ele comenta: “Sim, é o meu ano de infantil. E fico muito feliz, porque essa é a minha base. Comecei no Teatro Imprensa, com o diretor Paulo Ribeiro e a produção da Cinthia Abravanel. Despois de 16 anos de carreira, volto ao teatro infanto-juvenil como se fosse uma volta às raízes. Eu acho a criança na plateia muito honesta. Você não dá truque na criança, tem de fazer de verdade, inteiro, presente, acreditando em tudo, senão a criança não acredita.” Ele é fã de projeto-escola. “´É um barato, ainda mais quando são escolas públicas, quando muitas crianças assistem teatro pela primeira vez. É quase como um workshop para nós atores: entender essa verdade cênica, esse lugar artístico do teatro para crianças.”
Por fim, Arthur Berges comenta sobre a música do espetáculo, que foi ganhadora do Grammy, composta pelos irmãos Sherman, mas também com músicas adicionais nesta versão. Ele diz: “As músicas são curtas, o Pooh canta quatro delas. Algumas são conhecidas do público da TV e outras foram compostas agora. Elas colaboram muito com a energia do espetáculo. E é um repertório que precisa ser doce, para combinar com o clima da peça. Tudo calmo, ameno. Nosso maestro, Jorge de Godoy, me alerta toda hora que eu não posso colocar a voz em um lugar grande, como eu costumo fazer. Tenho de me lembrar o tempo todo de ser doce e gentil na voz, como o Pooh é. Tenho de trazer minha voz para o lugar de uma equalização mais amena, menos gritada, menos forte. Esse é outro desafio que eu estou adorando praticar na peça.”
Serviço
O Ursinho Pooh
Teatro Villa Lobos. Shopping Villa Lobos. Av. Drª Ruth Cardoso, 4777
Sábados e domingos, 11h, 14h e 17h. R$ 42,36 / R$ 250
Até 24 de novembro (estreia 5 de outubro)
