Teatros municipais de São Paulo abrigam pelo segundo ano este evento totalmente grátis, que procura formar público para as artes cênicas e unir as famílias em torno de atividades lúdicas e criativas
Por Dib Carneiro Neto
O final das férias escolares de inverno vai ser muito quente em São Paulo, graças à segunda edição do Festival Allegria, Festival Infantojuvenil de Artes Cênicas e Música, que segue com suas atrações nos dias 27 e 28 julho. Preste atenção: o acesso a todas as atrações é gratuito. Os eventos de encerramento ocorrem em equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, instituição governamental que apoia o evento: Teatro Paulo Eiró (Zona Sul, dias 27 e 28/7), Teatro Flávio Império (Zona Leste, dia 27/7) e Centro Cultural Olido (Centro, dia 27/7).
Bem sabemos: não é fácil realizar um festival. Muito menos com censura livre. Muito menos com atrações completamente gratuitas. E que colabora com formação de plateia e estimula a criatividade das crianças. Eventos assim precisam ser celebrados, incensados na mídia, para que resistam, se firmem no calendário e inspirem novos realizadores e produtores. Qual o segredo para Allegria estar em sua segunda edição? “O segredo talvez seja acreditar que é possível. Isso faz com que consigamos prospectar parceiros sensiveis e obter o apoio para concretizar”, diz a idealizadora e diretora geral, Adriana Belic, uma gestora cultural especializada em Políticas Culturais, que atua há mais de 30 anos na formulação de parcerias e estratégias de projetos nacionais e internacionais de arte e cultura.
Adriana Belic nos explica por que o nome do festival é Allegria, com dois LL. Ela diz: “A palavra está grafada em italiano e tem origem no latim ‘alacritas’, que significa ‘vivacidade, disposição, animação’, com estar vivo e animado. E esse estado de espírito faz todo sentido quando se trata de um festival dedicado a trazer criações voltadas ao público infantojuvenil”.
E é com essa animação que o público tem participado, segundo ela. “O público acolhe o festival de uma maneira que nos emociona”, diz ela. “Com curadoria de Bel Toledo (a mesma que já assinou a curadoria de 12 edições do Festival Paulista de Circo) e direção de produção de Giseli Tressi, a programação é elaborada para trazer espetáculos que dialogam diretamente com o imaginário não só do público infantojuvenil, mas também dos adultos, despertando a criança que existe em cada um de nós. E o festival é realizado não só dentro dos teatros, mas nas calçadas e praças dos espaços culturais, o que faz com que o público seja mais ainda presente e participativo.”
“Na minha opinião, uma peça de teatro infantojuvenil deve apresentar, em linguagem simples e acessível, os conflitos entre natureza e cultura, o velho e o novo, verdade e mentira, discórdia e conciliação, privilegiando sempre a improvisação, para proporcionar uma experiência que, ao mesmo tempo, contribua para o desenvolvimento e seja uma atividade lúdica”, continua ela.
Sorte do público do Festival Allegria ter uma diretora geral que pensa assim. Ela prossegue: “O teatro desempenha um papel essencial na vida das crianças, contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento integral. É através do teatro que se estimulam e desenvolvem a imaginação e a criatividade, que se possibilita participar e desenvolver habilidades verbais e não verbais, contribuindo para a melhoria da comunicação, em que florescem as habilidades sociais e emocionais, em que se semeia a autoestima e a confiança”.
Saiba, agora, um pouquinho sobre cada uma das atrações do fim de semana.
Raiow Rainhas! – Grupo Rainhas do Radiador – Entre as atrações, a final do campeonato de Luta Livre, as composições da banda, as mágicas e ilusionismos das trigêmeas SimSalaBim e muito mais. Direção: Geisa Helena. Elenco: Aline Hernandes, Ana Pessoa e Camila Cake.
O Macaco Simão, Outras Histórias e Outras Canções – Grupo Furunfunfum – A peça fala de natureza, amizade e verdade. Em 1999, foi escolhida pelo júri infantil como um dos três melhores espetáculos do Festival Internacional de Títeres de Tolosa (Espanha). Elenco: Marcelo e Paula Zurawski.
Depassagem – Cia do Ó – Dentro de um carro maluco, uma trupe viaja em busca de uma boa praça para se apresentar. O carro é cheio de truques, fazendo uma releitura dos carros malucos de corrida. Direção e roteiro: Val de Carvalho. Elenco: Alexandre Lavorini, André Schulle, Henrique Buzzi Caponero e Renata Lima.
Camarim – Cia Caju Azul – A atriz e produtora Juliana Ferreira, que sempre realiza vivências criativas, convida as crianças a criarem suas próprias fantasias artísticas, com o objetivo de estimular a criatividade, a arte e a imaginação.
Construtores – Coletivo Vertigem – Com direção de Angelo Brandini, a peça representa construtores em seu dia a dia de trabalho, em uma cidade em obras. O elenco é composto por artistas que trabalham as modalidades de roda cyr, acrobacia aérea com tecido em gota, acrobacias de solo, comicidade e a utilização do trampoline wall.
Eranko – Circo de Ébanos – Nessa obra circense, o instinto, a visceralidade e a simplicidade do homem contemporâneo resgatam a essência da natureza selvagem que existe em nós. O elenco é composto por artistas negros periféricos, em performances inovadoras em aparelhos diferenciados.
Modinha de Rock – Ricardo Vignini e Zé Helder – Os dois mostram standards do rock executados com violas caipiras, ou seja, versões instrumentais de clássicos do rock repensados para um instrumento bem brasileiro e caipira.
O Ovo da Cuca – Desembargadores do Furgão – A peça é uma sequência de imagens feitas com máscaras, remetendo a retratos sobre liberdade. Ao emergirem de dentro da caixa de madeira colocada no espaço vazio, seres simbólicos se relacionam com o público e com o entorno, ao som da trilha feita por um violoncelo. Concepção, direção e atuação: Ana Pessoa.
Blues for Kids – Adriano Grineberg – O artista, junto com sua banda, apresenta espetáculo com total interação com o público, transcendendo o blues como uma expressão universal. O show faz uma viagem sonora lúdica que vai além do blues, aliado à alegria e intensidade da música africana, proposta de seu álbum Blues for Africa.
Titânia – Cia Circo Rebote – Titânia é a mulher mais forte do mundo, a rainha das fadas, mulher ciborgue, a filha do céu e da terra, uma artista. Há muitas versões para essa história. Essa é uma delas. Sozinha em cena, a atriz circense Erika Mesquita. Dramaturgia: Ana Flávia Garcia.
Serviço
Festival Allegria, Festival Infantojuvenil de Artes Cênicas e Música
Datas: 27 e 28 julho de 2024
Ingressos: Gratuitos.
Teatro Paulo Eiró – Teatro e Praça. Avenida Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro. São Paulo: 27 de julho – Sábado: 11h – Depassagem – com Cia do Ó (circense); 28 de julho – Domingo: 10h (na Praça) – Camarim – com Cia Caju Azul (intervenção) 12h (na Praça) – Construtores – com Coletivo Vertigem (circense) 11h – Eranko – com Circo de Ébanos (circense) 16h – Modinha de Rock – com Ricardo Vignini e Zé Helder (música)
Centro Cultural Olido – Teatro e Foyer. Avenida São João, 473 – Centro Histórico. São Paulo.: 27 de julho – Sábado: 11h (no Foyer) – Camarim – Cia Caju Azul (intervenção). 12h – O Ovo da Cuca – com Desembargadores do Furgão (circense). 14h – O Macaco Simão, Outras Histórias e Outras Canções – com Grupo Furunfunfum (teatro)
Teatro Flavio Império – Lona Jujuba. Rua Professor Alves Pedroso, 600 – Cangaíb,. São Paulo: 27 de julho – Sábado: 11h – Raiow Rainhas! – com Rainhas do Radiador (circense); 12h – Titânia – com Circo Rebote (circense); 13h – Blues for Kids – com Adriano Grineberg (música)