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Gaúchos trazem a São Paulo um premiado infantil sobre a memória

Sinopse

A companhia Gatelupa, recém-criada em Porto Alegre, já surgiu com um grande sucesso, “Um Leão na Sala de Aula”, que usa brincadeiras de infância para falar da importância de saber guardar nossas lembranças em ‘caixas’ que enriquecem a vida

Por Dib Carneiro Neto (publicada em 28 de novembro de 2025)

O que fazemos das coisas boas e ruins que acontecem conosco? Tudo vira memória? E como despertá-las? Ou, ao contrário, como escondê-las se não quisermos mais lembrar delas? E será que seria possível inventar memórias? Todas essas instigantes questões serão postas às crianças no espetáculo Um Leão na Sala de Aula, que vem de Porto Alegre para São Paulo depois de ganhar por lá prêmios importantes, como melhor infantil do ano e melhor cenografia. 

Serão apenas dois fins de semana em terras paulistanas, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. O espetáculo é uma criação dos atores e diretores Gustavo Muller e Evandro Soldatelli e marca a estreia da Cia. Gatelupa. Depois de pensar em várias ideias, Gustavo e Evandro encontraram nas memórias de infância o material que buscavam para a construção da primeira dramaturgia da nova companhia. No palco estão muitas caixas de papelão que, ao serem abertas, conduzem os espectadores para uma divertida viagem ao passado, repleto de histórias, segredos e sonhos.

Cena do espetáculo infantil Um Leão na Sala de Aula. Foto Sala de Fotografia

Para destrinchar melhor essas ideias e o propósito do espetáculo, fomos ouvir Gustavo Muller, ator e diretor do espetáculo.

Começar uma cia. de teatro para crianças, nesta época de celulares e redes sociais, é ter muita esperança na arte viva, não é? Como você encarou esse início desafiador e quais têm sido as maiores dificuldades?
O teatro envolve um outro tempo, o tempo do contato, da troca direta, do olho no olho, do riso, do espanto. Já o tempo dos aparelhos eletrônicos, das redes sociais é um tempo mais veloz, de abreviaturas. O teatro é um belo caminho para pensarmos nossas relações no mundo. Entre todos, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Estamos todos juntos neste momento de grandes transformações em todos os aspectos de nossas vidas. Fazer teatro é sempre desafiador. Lutamos com as dificuldades de produção, de espaços, e outras tantas, mas a vontade de criação, de entrar em contato direto, para juntos expandirmos o pensamento, supera qualquer dificuldade.”

Por que o nome Gatelupa? O que significa?
Moro num bairro chamado Cidade Baixa, em Porto Alegre. Um lugar conhecido historicamente pela efervescência das manifestações políticas. Da minha sacada é possível ver a massa passando com cartazes, instrumentos musicais… enfim, como em qualquer passeata Brasil afora. Durante as manifestações contra o impeachment da Presidente Dilma Roussef em 2016, a multidão passava na rua gritando em coro: “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Minha filha, Manuela, tinha 3 anos de idade, estava aprendendo a falar, e, na sala de casa, tentava repetir a frase que vinha da rua, gritando: “Não vai ter golpe, ‘gatelupa’”. Ela sempre participava dos nossos ensaios e ao pensarmos em nomes para a Cia, chegamos no Gatelupa, que tem muito a ver com o fazer teatral, um fazer que envolve sempre muita luta.” 

Outra cena do espetáculo infantil Um Leão na Sala de Aula. Foto Sala de Aula

Como você avalia o teatro para crianças feito atualmente no Rio Grande do Sul? É ainda muito conservador e reacionário?
“Se eu dissesse que ‘ainda é muito conservador e reacionário’, eu estaria afirmando que ele foi conservador e reacionário em algum momento. E aí teríamos que ampliar a discussão. O teatro feito no RS acontece como em qualquer outro estado do Brasil. Possuímos uma cultura riquíssima, em todas as áreas artísticas e o teatro, que é uma delas, lida com liberdade para tratarmos dos mais diversos temas. Cada grupo desenvolve o trabalho que considera interessante para ser levado às mais diversas plateias. E é justamente a diversidade de artistas, de assuntos e de público, que enriquece a relação entre atores e espectadores.”

Conte um pouco da reação das plateias a esse espetáculo que você está trazendo agora para São Paulo?
Estamos muito felizes com a receptividade em relação ao nosso espetáculo. Iniciamos com a ideia de criar um espetáculo infanto-juvenil, mas não sabíamos que seria muito bem recebido por espectadores de todas as idades, como está sendo desde a nossa estreia. A melhor classificação para nosso trabalho é a palavra LIVRE. Não apenas pelo caráter da necessidade de definição, mas por estarmos efetivamente estabelecendo um bonito diálogo como todas as idades.”

Quais os temas que o espetáculo propõe e por que escolheu falar disso no primeiro infantil da companhia?
“O espetáculo aborda vários temas, que consideramos fundamentais para serem tratados hoje em dia, como o bullying, o imaginário, a importância da leitura, as tristezas e alegrias que todos passamos ao longo da vida, o olhar para a natureza… tudo pelo viés das memórias de infância dos dois atores, que são reveladas no decorrer do espetáculo. Então podemos dizer que o tema principal é a Memória!”

 Para que serve o teatro na vida de uma criança?
“Acho que o teatro é alimento! O teatro, para uma criança, um adolescente, um jovem, um adulto, um idoso pode ser um belo caminho para expandir o mundo interior e alargar os olhares para fora de nós mesmos. Mas talvez eu possa responder melhor essa questão com uma frase do nosso espetáculo: “O mundo da imaginação nos leva para qualquer lugar! Para o infinito do cosmos, ou para o fundo do mar!”. Venham viajar com ‘Um Leão Na Sala De Aula’!”

Serviço

Um Leão na Sala de Aula

Teatro de Arena Eugênio Kusnet – Sala Augusto Boal .Rua Dr. Teodoro Baima, 94

Sábados, 16h. Domingos, 15h. R$ 50

Dias 29 e 30 de novembro e 6 e 7 de dezembro

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Ficha Técnica

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Serviço

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