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Musical intimista, “Aqui Jazz” celebra os improvisos da vida

Sinopse

Criado e dirigido por Giovani Tozi, espetáculo que ocupa o palco do Teatro Itália mistura memórias, canções, encontros e reencontros, todos ao som de música ao vivo

Por Ubiratan Brasil (publicado em 29 de julho de 2025)

O projeto inicialmente se basearia na autobiografia de Jô Soares, mas tomou um caminho diferente para se transformar em um musical intimista autoral. “O que ficou foi o universo do jazz, mas visto de uma forma diferente do que estamos acostumados a assistir na Broadway, que tem uma estrutura mais rígida”, conta o produtor Giovani Tozi, idealizador e diretor de Aqui Jazz, que estreia no Teatro Itália.

Partindo do improviso, característica marcante do jazz, o espetáculo acompanha a trajetória de de Gésio, ou Jazzinho (Felipe Hintze), como passou a ser conhecido depois que os pais decidiram que o filho seria a nova lenda do jazz. Uma história traçada antes mesmo de seu nascimento, quando sua mãe, Marina (Camilla Camargo), renomada cantora de jazz, se vê dividida entre duas paixões à primeira vista: Milton (Marcus Veríssimo), um artista, e Valdir (Nando Pradho), um economista.

Marcus Verissimo e Felipe Hintze no musical Aqui Jazz. Foto Kimberly Alves

“É um homem comum, que nunca se sentiu à altura do que esperavam dele”, conta Hintze “Ele não tem talento para ser famoso no jazz. O quanto a gente faz só para agradar quem ama? Como um gesto pequeno pode definir uma vida inteira? E, no fim, você fez mesmo o que queria?”. Entre frustrações e acordes mal afinados com o passado, Gésio embarca numa jornada que mistura memórias, música, encontros e reencontros, todos reunidos num bar cheio de história.

Tozzi esteve em New Orleans, cidade americana onde o jazz frutificou. Lá, entendeu as origens do estilo e a força de sua criação. Foi isso que o ajudou no momento em que precisou dar novo rumo para o projeto. “Aqui Jazz nasceu do acaso, e, se tem algo que respeito, são os acasos. O elenco e a banda se reuniram no início de 2025 para os ensaios de outro espetáculo. O processo foi difícil e, em um dos momentos mais críticos, fui amparado pelos atores e músicos de uma forma profundamente comovente. Em tempos em que o artificial coloniza as inteligências, vi esse grupo criando coisas muito especiais, fora do previsto, mas com uma conexão emocional genuína entre eles. Como um bom improviso de jazz.”

Com algumas das músicas interpretadas ajudam a contar a história, decidiu-se que a letra seria traduzida. “Foi uma consequência da facilidade para transformar referências em jazz, que resultou em algo engraçado e até absurdo”, comenta o pianista e arranjador Rafael Gama.

Marcus Verissimo em outra cena do musical Aqui Jazz. Foto Fatu Martins

A proximidade com a música facilitou o trabalho, iniciado por improvisos. “Os atores que cantam em cena já chegaram com suas músicas prontas e vozes lindas e potentes. É emocionante trocar com eles, cantar junto, aprender”, comenta Verissimo que, além de atuar, também toca trompete.

Nando Pradho, que toca saxofone em cena, a experiência foi reveladora. “Em minha carreira de 25 anos, sempre atuei em musicais inspirados na Broadway, que seguem um rígido protocolo. Aqui, porém, tive a oportunidade de explorar um outro território, mais intimista e autoral, onde a presença constante do autor e diretor nos ensaios permitiu que o roteiro fosse ajustado com a colaboração criativa dos atores”, disse.

O ambiente musical sempre marcou a vida de Camilla Camargo, filha de Zezé Di Camargo e irmã da cantora pop Wanessa Camargo. Sobre sua relação com o jazz, a atriz revela que, apesar de sempre ter vivido muito próxima da música e ser bastante eclética, nunca teve um envolvimento direto com o estilo. “Já frequentei shows de jazz, conhecia alguns intérpretes, mas foi através da peça que o jazz entrou de verdade na minha vida”, conta.

Quanto ao repertório do espetáculo, ela destaca três músicas especiais por motivos diferentes: Big Spender (do filme Charity Meu Amor) e Maybe This Time (do longa Cabaret), que sempre sonhou cantar após participar de um musical em que não teve a chance de interpretá-las; e Bang Bang (notória na voz de Nancy Sinatra), que a conquistou de forma definitiva. “É a música que mais me toca e mais amo cantar no espetáculo, por causa da harmonia que ela tem”, completa.

Aqui Jazz propõe ainda uma experiência imersiva – já no saguão do teatro, o público será recepcionado por músicos improvisando clássicos de Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e Benny Goodman. E, para quem aprecia bons encontros, ali também será palco de um bar criado especialmente para a temporada, com doses de whisky e bourbon a preços gentis, e, vez ou outra, um gole por conta da casa.

Serviço

Aqui Jazz

Teatro Itália. Avenida Ipiranga, 344

Sábados, 21h. Domingos e segundas, 20h. R$ 100

Até 1º de setembro (estreia em 28 de julho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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