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Novo “O Beijo no Asfalto” expõe a manipulação midiática atual

Sinopse

Texto de Nelson Rodrigues, que reforçou em 1960 seu cunho de maldito e pornógrafo, reafirma sua atualidade diante das mentiras e verdades que assolam as narrativas contemporâneas; encenação celebra 30 anos da Cia. Grite de Teatro

Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 28 de julho de 2025)

Um beijo entre dois homens já foi motivo de muita especulação. A TV explorou bastante esse ato natural e comum em algumas de suas novelas. Já o dramaturgo Nelson Rodrigues escreveu em 1960, quando o país ainda não estava mergulhado em uma ditadura atroz, o seu Beijo no Asfalto, no qual dois homens se beijam em via pública no momento da morte. Esse ato é o que dispara toda a trama articulada entre verdades e mentiras para justificar o tal beijo. 

Arandir, um bancário recém-casado, presencia um atropelamento no centro do Rio de Janeiro. Ao atender ao último pedido da vítima, um beijo, torna-se alvo de um escândalo fomentado por um repórter sensacionalista e um delegado corrupto, mergulhando sua família num ciclo de desconfiança, preconceito e destruição moral.

Cena de O Beijo no Asfalto, da Cia. Grite. Foto Renata Bassanetto

Diversas montagens desta obra do dramaturgo carioca já foram realizadas ao longo dessas quase sete décadas e no cinema já foram feitas três adaptações. A mais emblemática imortalizou um beijo entre Tarciso Meira e Ney Latorraca, em filme de Bruno Barreto que foi lançado no ano 1981. 

Agora é a vez da Cia Grite de Teatro, que celebra trinta anos, encenar o seu Beijo. A nova montagem tem direção de Kleber di Lázzare e estreia no Espaço Parlapatões. A escolha pela obra marca um reencontro com a poderosa carpintaria dramática do autor – em 2003 o coletivo encenou A Falecida -, cuja obra permanece urgente diante de temas como fake news, manipulação e preconceito. “Nelson foi chamado de maldito, mas acima de tudo era um grande contador de histórias e um conhecedor profundo da imprensa brasileira”, afirma o diretor. 

Outra cena de O Beijo no Asfalto, da Cia. Grite de Teatro. Foto Renata Bassanetto

Para reforçar a característica do texto de expor a hipocrisia da sociedade, o moralismo e a manipulação midiática, a cenografia traz um elemento simbólico marcante: guarda-chuvas que se transformam em máscaras para reforçar a metáfora visual das identidades distorcidas e ocultas que atravessam a trama.

Serviço

O Beijo no Asfalto

Espaço Parlapatões. Praça Roosevelt, 158

Sábado, 20h. Domingo, 19h. R$ 35 a R$ 70 (venda pelo site Sympla)

Até 31 de agosto (estreia 2 de agosto)

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Ficha Técnica

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Serviço

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