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Peça “Veias Abertas 60 30 15 seg” celebra os 20 anos da Aquela Cia

Sinopse

A partir do livro do escritor uruguaio Eduardo Galeano, espetáculo combina dramaturgia autoral e contemporânea para recuperar a memória do continente, por meio de cerca de 80 quadros cênicos breves (duração de 15 a 60 segundos) e uma linguagem que reflete a velocidade da informação e o modo como consumimos o tempo hoje

Por Redação Canal Teatro MF (publicada em 23 de junho de 2025)

Depois de duas décadas dedicadas a criarem espetáculos onde as memórias e histórias do Rio de Janeiro são disparadores para a construção de suas dramaturgias, a Aquela Cia amplia o território e adentra na América Latina. Desta vez o ponto de partida é o livro As Veias Abertas da América Latina, publicado em 1971, pelo uruguaio Eduardo Galeano. “Partimos do livro para discutir temas como a dependência econômica do território e a exploração violenta da mão-de-obra – consequências direta da colonização”, conta o diretor Marco André Nunes.

O espetáculo Veias Abertas 60 30 15 seg, em cartaz no Sesc Pompéia, não é uma representação do livro. O texto, assinado por Pedro Kosovski e Carolina Lavigne, expande os assuntos abordados na obra. “Nós também queremos mostrar a força de resistência e luta dos povos latino-americanos. Por isso, a peça foi para um lado mais performático, com uma estrutura marcada por aulas de dança de ritmos bem tradicionais, como salsa, bolero e mambo”, acrescenta.

O elenco de Veias Abertas 60 30 15 seg. Foto João Júlio Mello

A trama evoca principalmente o Massacre das Bananeiras, que ocorreu na cidade de Aracataca, na Colômbia, em 1928. Na ocasião, a mando dos Estados Unidos, o Exército abriu fogo contra os grevistas da United Fruit Company. Mais de dois mil trabalhadores morreram. A partir deste fato, a narrativa é construída envolvendo um casal que se conhece durante algumas aulas de dança.  Um trabalha na United Fruit Company e outro no Exército e os dois vão se casar na sala onde aprenderam a se expressar com o corpo, mas, justamente nesse dia, acontece o famoso massacre.

A performatividade também está presente na estrutura das cenas que investe em uma radicalização da linguagem e dialoga com a contemporaneidade, ao ser encenada por oitenta fragmentos de até sessenta segundos cada, como estamos habituados a ler o mundo nas redes sociais. “É como uma timeline do continente. Tivemos essa ideia porque temos pensado muito sobre como a nossa atenção é facilmente capturada por esse scroll infinito. Nosso tempo passou a ser dominado por esse imaginário fragmentado”, completa o dramaturgo.

Outra imagem do elenco de Veias Abertas 60 30 15 seg. Foto João Júlio Mello

O discurso documental e as questões políticas expõem as feridas da colonização e o grupo sugere uma saída: a reconexão com a imaginação a partir do movimento corporal, o que levaria a uma ligação das pessoas com as suas forças vitais. Por isso, a música tem um papel central na narrativa, servindo como um meio para demonstrar sentimentos e contextos culturais. 

O público vai escutar trechos de diversas canções que permearão os cerca de oitenta quadros cênicos breves e que buscam criar um deslizamento de imagens e fatos latino-americanos. “Quisemos ampliar poeticamente o potencial da obra de Galeano, que é muito dura ao tratar de todas as explorações sofridas pela América Latina ao longo dos séculos, principalmente por conta dos ciclos do ouro, da prata e das monoculturas”, enfatiza Pedro Kosovski.

Serviço

Veias Abertas 60 30 15 seg

Galpão do Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93

Quarta a sexta-feira, 19h. Sessões extras até 4 de julho, 15h. R$ 50

Até 4 de julho (estreou em 11 de junho)

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Ficha Técnica

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Serviço

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