A 1ª Mostra Internacional de Artes Cênicas em Espaços Não Convencionais e Alternativos traz uma programação com mais de 20 apresentações nacionais e internacionais em apenas 5 dias
Por Redação Canal Teatro MF
No ano de 1974, em plena ditadura militar, a atriz e produtora Ruth Escobar idealizou e fez acontecer o 1º Festival Internacional de Teatro na cidade de São Paulo, marco que depois se repetiu em mais oito edições, sendo a última no ano de 1999. Neles, a cidade pôde conhecer trabalhos de Bob Wilson, Victor Garcia, Andrei Serban e Jerzy Grotovsky.
O inusitado do Festival, além dos nomes internacionais das mais diversas regiões do mundo e suas encenações, eram os espaços que não se limitavam aos teatros. As oito edições movimentaram a cidade com apresentações que aconteciam também em locais abertos como o Museu do Ipiranga ou em espaços não convencionais para a época como o Mosteiro de São Bento.
Eis que agora a cidade é contemplada com mais uma proposta de festival, a Miacena – Mostra Internacional de Artes Cênicas em Espaços Não Convencionais e Alternativos, idealizada por André Acioli e Dani Angelotti, com o intuito de ocupar ruas, praças, centros culturais e espaços alternativos.
Serão 5 dias de mostra com mais de 20 atrações e cerca de 30 exibições em locais como o Pateo do Collegio, um ônibus em movimento, o Museu da Cidade, o Centro de Referência da Dança e até um bar, onde a montagem argentina De la mejor manera se apresentará.
Com a intenção de integrar a performance ao espaço urbano, a mostra visa aprofundar o diálogo entre arte e vida cotidiana, estimulando o público a reconsiderar os limites do teatro. A programação, que conta com mais de 80 artistas, valoriza a diversidade cultural e representatividade de gênero, promovendo uma interação significativa entre os moradores e os visitantes da cidade.
A pré-abertura da Mostra já dá o recado do caráter interativo que a curadoria se preocupou na organização da sua programação. No CCBB, a companhia carioca Zona Comum de Arte Pública fará a performance Macumba Poética, por meio de um cortejo formado por um coro de pindoramas que dançam e cantam trajando parangolés, criando uma atmosfera de ritual de encantamento do espaço. E, para aquecer o público que se utilizará da van do CCBB para acesso ao prédio, a atriz Rosana Serra acompanhará as pessoas na atração KaraoVan, onde reviverá memórias afetivas numa trilha sonora com muita diversão.
Antenada com as questões prementes contemporâneas, a Mostra traz o espetáculo Maria Firmina dos Reis, Presente!, onde a atriz Lena Roque entrelaça passado e presente para reconstruir a imagem da escritora negra Maria Firmina dos Reis. Assim como o infantojuvenil Muito Além das Águas, apresenta a origem da aldeia Karajá sob a perspectiva do autor indígena F.E. Kokocht.
A expectativa é que, a exemplo do Festival idealizado por Ruth Escobar em 1974, assim como a MiT – Mostra Internacional de Teatro, que já faz parte do calendário oficial da cidade há dez anos, esse Miacena venha para uma jornada de muitos anos pelas ruas e espaços públicos do centro de São Paulo.
Destaques da programação
No dia 24 de setembro, em uma pré-abertura da mostra, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), receberá a Cia. carioca Zona Comum de Arte Pública com a performance Macumba Poética às 19h, um cortejo formado por um coro de pindoramas que dançam e cantam trajando parangolés, criando uma atmosfera de ritual de encantamento do espaço. E ainda, a atração KaraoVan, realizada pela atriz Rosana Serra, que irá acompanhar o público na van do CCBB que faz o traslado até a unidade a partir das 18h, revivendo memórias afetivas numa trilha sonora com muita diversão.
Dia 25 de setembro, a Mostra abrirá às 9h o Simpósio MIACENA da Economia Criativa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), e também fará a apresentação de Carrinho Trágico de Churrasco Grego, às 11h30. Essa performance docoletivo Uso Teatro Urbanoexplora o teatro em meio à vida urbana cotidiana trazendo como provocação o carrinho de churrasquinho grego para falar das tragédias gregas. Às 17h30, na mesma rua, será apresentado a performance Sertão Poesia e Versos, que retrata a história de retirantes do Sertão e mistura poesias, forró pé de serra e danças populares. Às 19h, na Casa Somauma – Café São Luís 84, o público pode acompanhar O Adivinho, solo inédito do renomado Elias Andreato que nos trás uma nova perspectiva sobre a vida de Tirésias, o profeta cego, numa releitura de Édipo Rei.
No dia 26 de setembro, quinta-feira, às 17h, no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), será apresentado Eu Sou Um Monstro, performance de Fause Haten que retrata a vida do artista Francis Bacon (1909-1992) e seu relacionamento com George Dyer. Às 19h, na Casa Somauma – Café São Luís 84, a peça Realpolitik aborda as complexas questões do custo humano nas grandes corporações.
Na sexta-feira, 27 de setembro, às 12h, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)recebe no Elevador Pantográfico, o ator Eduardo Estrelacom Papo de Elevador performance que aborda com humor o desconforto do silêncio no elevador. Às 14h, aconteceno Pateo do Collegio Voz Invisível, com performances e poesias para trazer a valorização da cultura surda. E às 19h, o Pateo será o local de embarque com a Zózima Trupe e seu Cordel do amor sem fim, um espetáculo apresentado em um ônibus em movimento que narra histórias do universo interiorano. E o dia encerra às 20h com os argentinos do De La Mejor Manera se apresentam num bar , onde a história narra a jornada de dois irmãos diante da perda do pai.
No dia 28 de setembro, sábado, Sertão Poesias e Versos será reapresentado às 10h, mas dessa vez puxando a dança no Museu da Cidade – Beco do Pinto. Às 11h, a Arena B3 apresenta O Antipássaro, com Nilton Bicudo, a peça é inspirada na vida e obra da poeta Orides Fontela. Às 13h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Elevador Pantográfico, será a segunda apresentação de Papo de Elevador. No Museu da Cidade – Solar da Marquesa, haverá a apresentação de Calma e Constância, às 14h, do Coletivo Valsa pra Lua, que aborda questões sociais e ambientais da cidade de Cubatão/SP, origem do grupo. O KaraoVan, performance realizada pela atriz Rosana Serra, irá provocar o público que faz o traslado do CCBB, saindo do estacionamento conveniado (Rua da Consolação, 228) até o Centro Cultural Banco do Brasil, com músicas para cantar no karaokê, revivendo a memória afetiva em uma sonora diversão, das 16h às 17h. Acontecerá ainda às 20h a segunda apresentação dos argentinos De La Mejor Manera.
No domingo, 29 de setembro, às 11h, a Arena B3 recebe Lena Roque com Maria Firmina dos Reis, Presente!, uma reconstrução da imagem de Maria Firmina dos Reis (1825-1917) voltada para o futuro. Às 12h30, no Museu da Cidade – Beco do Pinto, é a vez de (ver)[ ](ter) à deriva, que traz intervenções cênicas onde os artistas ocupam espaços com sons, imagens, danças e ações inspiradas nas obras do artista britânico Banksy, com a CIA LCT e Quarteto à Deriva.
Num formato exclusivo para a MIACENA às 14h no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a atriz Clarice Niskier fará uma sessão especial de A Alma Imoral, seu sucesso em cartaz a 18 anos, o espetáculo é uma adaptação do livro homônimo de Nilton Bonder, que nos faz refletir sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, a tradição e a transgressão, a hipocrisia e a honestidade, além de aproximar temas como religião e biologia. Às 15h30, no Centro de Referência da Dança – CRD, acontece Não Deixe que ELES Percebam, uma comédia do absurdo sobre os sintomas da Síndrome de Burnout, foi criado quando o autor estava morando em Lisboa, Portugal, no meio da pandemia, porém a estreia ocorreu no Brasil. Ainda no CRD, às 16h30, tem Ensaio Aberto de Voar é o que me põe de pé,que transforma o cotidiano em poesia, explorando memórias e histórias familiares com delicadeza.
E para encerrar o festival, às 17h, no CCBB – Café Girondino, acontecerá Vingança Voyer, montagem de Pedro Granato que aborda temas diversos do universo feminino e faz um percurso que se encerra no Centro de Referência da Dança – CRD.
Durante toda Mostra as ruas da cidade ganham protagonismo com espetáculos ao ar livre. A performance infanto juvenil Muito Além das Águas (26 de setembro, quinta-feira, às 15h) explora a cultura indígena brasileira e a relação harmônica entre o homem e a natureza. Desfolha (28 de setembro, sábado, às 12h30), criado em Matera, Itália, para o filme BeLeaf, é uma performance que combina palavra, corpo e som em uma experiência sensorial.
Já Sussurros da Escravidão (28 de setembro, sábado, às 15h e 29 de setembro, domingo, às 16h) traz uma encenação baseada em depoimentos reais sobre as diversas formas de escravidão contemporânea. E o Sarau da MIA (28 de setembro, sábado, às 16h e 29 de setembro, domingo, às 11h) é um evento com palco aberto para leituras, cantos, slams, poesias e diversas expressões artísticas.
Programação completa, capacidade, distribuição de ingressos e mais informações em https://www.miacena.com/
